“A LISTA” Osvaldo Montenegro, nessa canção, realça a - TopicsExpress



          

“A LISTA” Osvaldo Montenegro, nessa canção, realça a importância das coisas que registramos na nossa vida nos últimos dez anos: amizades, sonhos, amores, segredos, canções que ficaram na nossa mente. Porque ele definiu o tempo de dez anos? Acredito que é um período em que temos uma maior facilidade de resgatarmos na memória as ocorrências que foram marcantes. “Faça uma lista de grandes amigos/quem você mais via há dez anos atrás/quantos você ainda ver todo dia/quantos você já não encontra mais”. Existem os amigos que se eternizam nas nossas vidas e existem os amigos circunstanciais. Se nos esforçarmos, como pede a música de Osvaldo Montenegro, para relacionarmos aqueles com os quais tivemos uma convivência mais permanente, dez anos atrás, vamos observar que muitos se afastaram, por motivos os mais diversos possíveis, e são poucos os que continuamos a ver todos os dias. Mas a amizade verdadeira independe da frequência com que nos encontramos. A consideração por aquele companheiro que guardamos no peito, no coração e que nem a distância finaliza esse nível de relacionamento afetivo, tem que ser mútua, do contrário não se pode considerar amizade. “Faça uma lista dos sonhos que tinha/quantos você desistiu de sonhar!/Quantos amores jurados pra sempre/quantos você conseguiu preservar”. Não é difícil de lembrar os sonhos que construímos e quando o fazemos, ora com lamentos, ora com satisfação, analisamos quantos deles desistimos. Mas também de quantos saíram do campo dos desejos para o campo do real e do efetivo. A vida é a consolidação permanente dos sonhos que acalentamos. Às vezes somos obrigados a promover mudanças nesses sonhos de forma a que eles se tornem possíveis de serem realizados. Mas vale a pena fazer um balanço dos planos e projetos idealizados nos últimos anos. A música fala ainda das juras de amor que fizemos, não só no que dizem respeito aos envolvimentos românticos, mas também os compromissos firmados com nossos próprios ideais de vida. E constatamos que nem sempre conseguimos preservá-los. “Onde você ainda se reconhece/na foto passada ou no espelho de agora?/Hoje é do jeito que achou que seria/quantos amigos você jogou fora?”. Com o tempo a gente passa por transformações, tanto físicas, quanto comportamentais. Onde nos reconhecemos melhor, naquele do passado ou no que nos enxergamos no presente? Mudamos para melhor ou a vida nos conduziu por caminhos que fazem a gente sentir saudade do que éramos há algum tempo atrás? Será que desprezamos amizades que hoje nos fazem falta? O momento atual que vivemos é o que imaginávamos ou desejávamos viver? “Quantos mistérios que você sonhava/quantos você conseguiu entender?/Quantos segredos que você guardava/hoje são bobos, ninguém, quer saber?”. O nosso cotidiano é intenso de descobertas a cada dia. Vivemos permanentemente desvendando ou tentando desvendar os mistérios da vida. Convivemos com segredos que foram importantes um dia, mas que com o passar do tempo, tornaram-se bobos e, por isso mesmo, a ninguém mais interessa ter conhecimento. “Quantas mentiras você condenava?/Quantas você teve que cometer?/Quantos defeitos sanados com o tempo/eram o melhor que haviam em você?”. Osvaldo Montenegro continua, em sua música, nos convocando a refletir sobre nosso passado. Chama a atenção para os momentos e as oportunidades em que fomos críticos de erros, os mesmos que, nós próprios, chegamos a cometer. Convida-nos a pensar também nos defeitos de outrora, que julgávamos ser o melhor que havia em nós, e que a experiência da vida nos obrigou a saná-los. “Quantas canções que você não cantava/hoje assovia pra sobreviver?/Quantas pessoas que você amava/hoje acredita que amam você”. Como somos mutantes, nossos gostos, predileções, e até nossa sensibilidade, são alterados conforme a idade, os novos conhecimentos, as circunstâncias. Algo que não nos atraia antes, hoje pode ser de nossa aceitação e nos dá prazer e satisfação. E finaliza questionando se as pessoas que amávamos no passado, continuam fazendo com que a gente acredite que elas também nos amam. • Integra a série de crônicas “PENSANDO ATRAVÉS DA MÚSICA”.
Posted on: Tue, 12 Nov 2013 10:11:54 +0000

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