"A mídia tradicional está de joelhos". "Os jornalões estão em franca decadência e não estão entendendo nada". Com dificuldades, ainda consigo engolir ouvir essas palavras da boca de quem nunca pertenceu aos quadros de nenhum destes veículos e sempre os observou de fora - fazendo a ressalva de que, em alguma medida, sempre se estará falando do que não se conhece. Ouvir de quem, como eu, já esteve lá dentro e saiu? Ok. Esses são, talvez, os mais avalizados. Conheceram por dentro, tomaram as conclusões que tomaram e, por uma razão ou outra, decidiram pular fora. Conceitos como "cuspir no prato em que comeu" não têm o menor valor pra mim. Com esses, tudo certo. Mas essas mesmas palavras, vindas da boca de quem ainda bate cartão diariamente em algum desses veículos e custeia sua vida graças a seus "eflúvios de decadência", me desculpem, mas além de hipocrisia, resvala na falta de ética. Em cada uma das empresas por onde passei, até por minha natureza mesmo, sempre tive muito o que reclamar - e nunca ninguém me ouviu reclamar para o mundo ouvir enquanto estava lá dentro. Num chope entre amigos, vá lá. Numa tribuna pública, nunca. Enquanto se está dentro, tenta-se mudar aquilo que é possível mudar por dentro. Depois de sair, adquire-se a liberdade pra falar. "Cuspir no prato em que comeu" é um conceito dos mais idiotas, até semanticamente, mas "cuspir no prato em que se COME" é ressalva que faz sentido, sim. O resto é o injustificável - que, claro, alguns tentarão justificar.
Posted on: Wed, 07 Aug 2013 13:33:10 +0000
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