A tabela obtida pela Folha totaliza R$ 39,521 milhões em - TopicsExpress



          

A tabela obtida pela Folha totaliza R$ 39,521 milhões em doações: parte confere integralmente com o que está no TSE (R$ 15,224 milhões), outra apenas parcialmente (R$ 14,177 milhões) e uma terceira não consta da declaração oficial (R$ 10,120 milhões). Os responsáveis por este último valor apresentaram à Folha explicações oblíquas e contradições a respeito do que está escrito no documento. Em comum, apenas o desconforto ao tratar de um tema que virou tabu na política brasileira. O publicitário Roberto Duailibi, da agência DPZ, por exemplo, entrou em contradição ao falar sobre as doações feitas por sua empresa. A principal planilha informa que a DPZ contribuiu com R$ 200 mil. Em três conversas com a Folha, Duailibi começou com uma afirmação categórica: "Colaboramos dentro dos parâmetros da lei". Numa segunda conversa, mesmo não confirmando o dado da planilha, foi específico: "Foram R$ 7.500, naquele sistema normal de partido (recibos eleitorais)". Por fim, ao saber que isso não estava no TSE, ligou para o jornal e recuou: "Nós não contribuímos". O empresário Geraldo Alonso, da agência Publicis Norton, disse que não deu dinheiro para o comitê, mas admitiu haver prestado serviços de publicidade. Exatamente o que informa a planilha, segundo a qual esse trabalho teria sido avaliado em R$ 50 mil. Mais tarde, Alonso também procurou a Folha para negar a doação. "Acho que a vontade de prestar serviços era grande. Mas nós não prestamos", disse ele, ao justificar a negativa. Nem todos os envolvidos negaram doações que escapam aos registros do TSE. A banqueira Kati Almeida Braga (Icatu), que também ajudou a coletar fundos, admite que uma de suas empresas, a Atlântica Empreendimentos Imobiliários, contribuiu para a reeleição. Segundo a planilha, foram R$ 100 mil. O comitê financeiro não registrou essa doação na contabilidade oficial. Kati negou-se a dar entrevistas. Apenas enviou ao jornal documentos provando que tem recibo eleitoral do PSDB e que, portanto, está quite com a lei. Implicitamente, atribuiu a falha ao partido de FHC. De Belém, o presidente da Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (ABMES), Edson Franco, conta como as universidades foram atraídas para a campanha. "Fui procurado pelo ex-ministro Bresser Pereira e sei que várias instituições contribuíram. A (Faculdade) Anhembi-Morumbi contribuiu, com certeza. Se não estou enganado, a Universidade Ibirapuera e a Unip, do (João Carlos) Di Gênio, também", disse Edson Franco. Nenhuma delas está no TSE. Reitor da Universidade da Amazônia (Unama), Franco negou que a instituição tivesse doado R$ 20 mil, como informa a planilha. Quem doou R$ 20 mil foi a ABMES, o que foi considerado ilegal pelo TSE. Ainda assim, o reitor dá outras pistas sobre contribuições paralelas. "Eu investiguei o negócio. A contribuição foi de R$ 10 mil, dada por cinco pessoas da Unama, cada uma com R$ 2.000. Foram Paulo Batista, Graça Landeira, Antônio Vaz e não sei os outros dois", relatou Franco. O TSE também não tem registro de nenhum deles. A empresária Nely Jafet, irmã do ex-prefeito Paulo Maluf, só doou para a campanha sob a condição expressa de que a contribuição -R$ 50 mil, segundo a planilha -fosse para o caixa-dois. "Dei uma contribuição pequena. Não lembro de quanto. Foi em dinheiro e pedi para não registrar (no TSE), porque eu não queria aparecer para que outros candidatos não começassem a pedir", justificou Nely Jafet, que tem relações cortadas com Maluf. A maior doação não declarada ao TSE, de R$ 3 milhões, é atribuída pela planilha ao hoje ministro Andrea Matarazzo, da Secretaria de Comunicação da Presidência. Dinheiro sem procedência nem destino conhecidos, de acordo com o documento. "Não pode ser. Não conheço a planilha. Não tenho idéia. Muito menos valores desse tamanho", reagiu Matarazzo. "Eu não fui arrecadador. Não me ponha como arrecadador. Fiz alguns jantares com empresários. E só", rebateu o ministro. Seus colegas de campanha dizem coisa diferente. "O Andrea também foi (arrecadador), no começo", lembra Bresser. "Havia uma certa competição, talvez em função da vontade dele de ir para Brasília", conta o publicitário Luiz Fernando Furquim, outro coletor. No Rio de Janeiro, Kati Almeida Braga procurou 18 empresários para recolher doações. No périplo, bateu à porta da Sacre, onde obteve R$ 50 mil para FHC. Contou com a simpatia do banqueiro foragido Salvatore Alberto Cacciola, dono da empresa. Até mesmo Wagner Canhedo (Vasp) -que deve R$ 3 bilhões -foi procurado. A contribuição dada pelo empresário, de R$ 150 mil, não tem registro no TSE. A assessoria de Canhedo confirmou a doação, mas não precisou o valor. Apesar da soma expressiva recolhida pelo grupo de Bresser -mais da metade dos R$ 43 milhões declarados ao TSE-, a tarefa não foi fácil. Nada menos que 309 dos contatados frustraram o assédio. Dentre as doações obtidas a fórceps, porém, nenhuma se compara à da Coteminas, indústria têxtil que pertence ao senador José Alencar (PMDB-MG). A empresa vendeu 2,1 milhões de camisetas aos tucanos e, por causa delas, amargou uma dívida de R$ 3 milhões, ainda não quitada. Para fechar o negócio, a Coteminas foi instada a entregar como doação outras 415 mil peças e a distribuí-las de acordo com indicações da campanha. Algo avaliado em R$ 589 mil, registrado pela empresa em notas de doação e que deveria ter sido, obrigatoriamente, declarado ao TSE. Mas não foi. O empresário Josué Gomes, vice-presidente da Coteminas e filho do senador, não só reconhece a doação como reclama a falta dos recibos eleitorais. "Para minha surpresa, não recebemos os bônus (recibos). Você faz a doação, mas o partido é que é responsável pela entrega dos bônus", disse Gomes. Agora, ele sabe que não é o único doador que o comitê de FHC deixou sem recibo.
Posted on: Sat, 17 Aug 2013 16:21:38 +0000

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