Conheci, um padre, Domingos Barbé, na Frente Nacional do - TopicsExpress



          

Conheci, um padre, Domingos Barbé, na Frente Nacional do Trabalho, depois passou-se a chamar dos trabalhadores, Domingos, parecia ser uma pessoa simples, dinâmica, ali na frente, era fácil encontrá-lo, e a outros dirigentes de base é claro, como Santos Dias, Mario Carvalho de Jesus. Um dia decidi, aceitar o convite do Domingos, decidi, ir à sua casa, acho que era Munhós em Osasco. Já havia estado em outras casas de padre; são casa paroquiais, é lógico, eu mesmo vivia em uma, com o padre Xavier. Na verdade, para quem vive de trabalho na comunidade, o termo casa; é meio estranho, pois tem-se a idéia de lar, uma casa. E para o Xavuca, o padre do Burgo Paulista, a residência dele, é lá na Bélgica onde mora os seus pais. Como ele optou pelo sacerdócio, "sem fronteiras", ele emigrou para nosso continente, como outros padres do velho mundo. Tudo com "titica na cabeça", e uma vontade de "mudar o mundo", vieram mais para falar que para aprender na verdade, pois o Domingos Barbé, era como o Xavuca, parecia ter acumulado alguns inimigos, porque tinha um plano, e uma vontade urgente, de tirá-lo do papel, e nesses casos, a pessoas fica que nem "metralhadora giratória", delega funções, fala, escreve, cobra e distribui tarefas. Tem apoiadores assim como acumula um monte de antipatias, de gente, que não concorda, não quer o novo, ou se sente incomodado com mudanças, com reflexões, em desaprender para aprender de novo. Bem continuando, visitei finalmente a "casa", do padre Barbé, curtia uma privada simpatia, por esta pessoa, ao contrário de alguns amigos lá da Frente. Ao chegar em sua casa, era mesmo uma igrejinha pequenina, de um bairro, em construção, lá do subúrgio de Osasco, um bairro, operário? talvez, porque muita gente ali, e desempregado, é camelô, foge da polícia, tem bronca na terra de origem, e vem pra aquele fim de mundo. Perto do ponto final do ônibus, é que ficava a igrejinha; mais parecia um salão improvisado, jantamos, o que me parecia mais um miojo, da época. Lá pelo ano de 1977, durante a ditadura militar é claro, o Barbé me levou para conhecer toda a comunidade, na medida do possível, já que como operário, a gente tem que acordar no outro dia; estar 7 horas da madruga na porta da fábrica para bater o cartão. Estar na casa dele naquele fim de mundo; para depois retornar à região leste, era comum para um militante, naquela época. A militância deste período, é desprendida, polivalente, não tem casa, não tem lugar certo de pernoite, se tiver se arrisca a ser vigiado com facilidade pelos órgãos de segurança que se esmera, em ficar nos nossos encalço. Admiro hoje, o trabalho deles, naquela época, participávamos de reuniões, pela calada da noite, em diversos bairros, fui para o rio de janeiro fazer reuniões, fui para o interior de São paulo, cajamar, perus, e para terminar; se não quisesse encontrar-nos, era só ir nos nossos lares. Dormi, por diversas vezes nas casas do Vitor Gianot, lá encontrava também o parceiro de luta; Waldemar Rossi. Aprendia muito com essas lideranças, na época, que nos incutia um espírito de organização e luta, pela causa. Porém, além de estar familiarizado, com o desprendimento destes companheiros das coisas terrenas e materiais, espantei ao ver como o Domingos Barb é vivia...quase como um monge. Na hora de dormir, eu e ele fomos para um "puxadinho", do lado do salão que era a capela, vi lá uma cama de campanha, o criado mudo, era um caixote, e e´lógico, a cama dos convidados, não era diferente, veio na minha mente, logo; que o Barbé, era um fanático, isso porque eu havia estado, na casa paroquial de várias igrejas, onde havia muito "bem estar", muitas residência me lembravam, o seminários onde estive, no internato; Cristóvão Colombo no alto do Ipiranga, na avenida Nazaré eu acho. No seminário, tinha uma prataria dos cardeais de Roma, ali devia-se comer três ou quatro vezes por dia, nós do orfanato, é que limpávamos toda a sujeira depois que aqueles clérigos, sofisticados se retiravam, aí me deu vontade de ser padre; para ser servido é claro, para comer presunto, queijo, vinho e outras guloseimas, que nós não podíamos se quer triscar mas tínhamos a obrigação de cortar e deixar tudo preparado, para aquele montão de seminaristas, tudo com batina e à flor da idade, o que parecia, era que eram tudo filhos de fazendeiros, famílias abastadas, gente rica mesmo, e no meu sonho de ícaro, eu sabia que quando acordasse ia descobrir que nunca poderia vir a servir a deus de batina. Fui sempre um órfão e pobre o que era pior, muito pobre e inda por cima, um negro. Aí fodeu, porque no meio daqueles seminarista, eu nunca vi um em 4 anos que lá estive, mas nem pra fazer remédio. Bom o Barbé era diferente; o Barbé, era um padre desprovido de tudo isso, daí veio logo a ideia que era doido, para mim e para os companheiros militantes, era fácil viver naquela vida, fomos sempre pobres; sem "merda no cú, pra cagar", mas ver uma padre daquele, com traços europeu, naquela situação, era desconcertante, bizarro. Curtir · · Seguir (desfazer) publicação · Compartilhar Xavier Uytdenbroek Edson, sabe que o padre Domingos Barbé morreu muito cedo demais.foi na casa de Dom Angélico. Morreu de câncer e quando o bispo foi buscar uma muda de roupa para O pe Domingos poder se trocar já em situação terminal, o bispo encontrou o armário dele sem roupa alguma. Ele vivia extremamente pobre por vocação. Domingos era inteiramente entregue á causa dos humildes!!! Um santo.
Posted on: Sun, 09 Jun 2013 22:56:30 +0000

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