"Espero não estar descontextualizado, perdendo o foco, nem tirando a atenção de questões muito maiores. Mas tenho visto manifestações por aqui há um tempinho, que tenho considerado um pouco nocivas para o atual momento e que me motivaram a fazer esse desabafo. Muito mais chatos do que a moçada que reclama de Dia dos Namorados, mas queria estar grudadinha com o seu amor, que picha qualquer data comemorativa comercial no feeeeeice, mas não deixa de comprar presentes, e por ai vai, têm se mostrado essa moçada antenada e politizada que quer restringir e definir quem pode e quem não pode protestar e se manifestar em relação a tudo o que está acontecendo na vida política do no nosso país nesse exato momento. É chato. É desnecessário. Tá feio. Tá escroto. Ah, mas você é filiado ao partido tal desde criancinha, né? E se a gostosa marombeira do prédio da frente que só posta foto no Insta em frente ao espelho, com calça de academia entuchada no forévis resolveu conclamar o povo que "treina" com ela pra ir pra rua??? Você pode. Ela não? Então, você que faz parte do movimento estudantil desde que o Lolo ainda era Lolo (antes de virar Milkbar) pode, e o cara que estudou com você no primário, e hoje só anda de carro importando, vai pra "balada top" e consome combo de Absolut com Red Bull resolve dar uma pinta lá na passeata, não pode? Você que é assinante da Piauí, só entra na internet pra ver o site da Carta Capital, ouve Chico (o Buarque), despreza o Los Hermanos (pq o Camelo queria ser o Chico - o Buarque), pode escrever sobre política com propriedade e querer que suas ideias e ideais sejam amplamente divulgados e difundidos, e o cara que fez o primeiro estágio junto com você, mas só fala de futebol o tempo inteiro, sendo que o maior ato político da vida dele foi acompanhar a última eleição à presidência do Flamengo e se ele for hoje, provavelmente o cartaz que ele vai segurar é "Por um Fluminense que pague a série B", tem que ser barrado na "porta" da Candelária? Sabe o que esse pessoal parece? Aquele sujeito que descobre uma bandinha de rock no underground. Uma banda boa. Legal. Boas canções. Molecada que toca bem. Vai aos shows deles nos piores buracos. Mas quando os caras conseguem tocar num lugar melhor, maior, com um público conhecendo o trabalho deles, sem ser meia dúzia de gatos pingados, você já olha torto. Assinou contrato com um selo legal, lançou um disquinho com qualidade de som boa, já estão vendidos. Conseguiram tocar na rádio! Ai você diz que não conhece a banda. Bombou! A banda virou uma merda. Só que, se continuasse no underground, tocando pra você e mais cinco pessoas super antenadas e que super entendem o som deles, a banda iria acabar, meu caro. Inevitavelmente. Entende? Não reclame por que agora “a política está na moda”. Questione-se pq ela demorou tanto tempo pra isso! E agradeça por essa moda está acontecendo. Sem esses figuras, não seriamos 100 mil, 500 mil, 1 milhão de pessoas nas ruas. NÃO SERIAMOS. Assim como ainda tem muita gente pra acordar para o que está acontecendo. E cada uma delas é MUITO importante. Admita, do alto de toda sua consciência e experiência política: sem eles fazendo volume, nas ruas e nas redes sociais, esse movimento jamais teria a representatividade que está tendo hoje. Agora vai dizer que você está puto com isso também? Movimento bom é movimento que tem meia dúzia de super especialistas? Apenas esses que vingam. Vingam? “E o que vai ser mais a frente com essa massa que não sabe pra onde vai?”, vc deve se questionar e questionar no seu feeeice. Não sei. Nem eu, nem você e nem mesmo os verdadeiros estudiosos e profissionais da política, sociologia e antropologia sabem o que vai ser a partir disso. Eu prefiro acreditar que se hoje eles (ou nós, pq eu tb estou MUITO LONGE de ser alguém realmente politizado ou que entenda verdadeiramente de política/administração do mecanismo publico. MUITO LONGE) estão indo pra rua e se manifestando nas redes sociais pq está na moda, NADA garante nem impede que amanhã uma consciência verdadeira não será formada. É leviano demais afirmar que só pq hoje eles são o “exercito poderoso da Anitta”, amanhã não serão cidadãos conscientes de seus direitos e deveres (se é que já não são e muito de nós não enxergamos por puro preconceito). O tal jeitinho brasileiro que muitos estão atacando de forma veemente (e assim tem que ser), está entranhado em TODOS NÓS há gerações. Se realmente formos “barrar” ou “deixar em casa” todos que recorrem ou recorreram a isso em algum momento de suas vidas, vão ter 3, no máximo 5, pessoas hoje na Candelária. Façamos um exame de consciência. A mudança tem que acontecer. Vai acontecer. Mas ela não é de uma hora pra outra. Dizem que Deus demorou sete dias pra criar o mundo (e o cara é DEUS, seja lá o que isso signifique pra você). Você acha que a real consciência cívica do provo brasileiro que está reprimida há mais de 500 anos, vai pintar de uma hora pra outra? Não. Mas as coisas estão acontecendo. De forma orgânica, espontânea. Pela primeira vez! É óbvio que quando isso tudo for mais adiante (e tenho certeza que irá), precisaremos de novas lideranças, de novas representações. E isso não levará muito tempo, não... E você, que entende do assunto, que estuda e vivencia a política, traz novas ideias e claro, tem princípios e bom caráter, bem intencionado, já sai na frente. Você pode ser uma das lideranças que precisamos, pq não? Mas por hora, meu caro amigo, pare (ou paremos) de querer “cagar regras”, por que de “caga regras” a gente já está cheio. Está tudo estranho ainda. É tudo novo. Existe algo realmente diferente de tudo o que já foi visto, acontecendo. Isso é INEGÁVEL. E se você realmente entende (ou pelo menos tem uma visão mais técnica) de política e do que está acontecendo, não espante essas pessoas menos informadas, menos antenadas. Traga-as pra perto, pra dentro da discussão. Leve-as pra rua. A rua é de TODOS. E hoje, mais do que nunca, pra mostrar claramente e pacificamente (assim espero) que não era só pelos 20 centavos, é que precisamos de TODOS na rua." Texto de João Rodrigo Miranda
Posted on: Thu, 20 Jun 2013 19:35:47 +0000
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