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"FELIZ DE TI, MARGARIDA, QUE TOMBASTE PELA CAUSA DA JUSTIÇA". Por ocasião do vídeo em evidência sobre Margarida Maria Alves, publicado no grupo "Ymyrapytã: Ligas da verdade, memória e justiça", resolvi dirigir breves palavras a respeito desta que é uma das mulheres mais importantes da história. Mulher, católica, sindicalista, pobre com os pobres contra a pobreza, Margarida, a pequenina flor da Paraíba, lutou pela dignidade dos trabalhadores camponeses de Alagoa Grande-PB e foi fiel a causa da justiça até a morte, e morte brutal. 30 anos se passaram do assassinato dessa forte paraibana (12/08/1983), no entanto ela ainda permanece viva no coração do povo. Ela não realizou milagres, não curou ninguém, certamente não será beatificada pelo Vaticano, sua imagem não estará, pois, nos altares das igrejas, porém ela já tem um lugar de honra no coração dos pequeninos e, sobretudo, no coração Daquele que chama e envia os profetas e profetizas para anunciar a justiça. Se de um lado há não só quem se omita ao ver indivíduos morrerem de inanição como também quem legitime as injustiças sociais, doutro, há pessoas como Margarida que preferia "morrer na luta do que morrer de fome". Dito e feito. Aliás, ela "não fez" muita coisa não, só foi responsável por mais de cem ações trabalhistas na justiça do trabalho regional e foi apenas a primeira mulher a lutar pelos direitos dos trabalhadores no Estado da Paraíba, e detalhe: durante a ditadura militar, quando muitos oficiais estavam de mãos dadas com os fazendeiros e usineiros. Para muitos destes, um tiro na cabeça de Margarida seria um favor para os paraibanos, por conseguinte, restaria às autoridades competentes para julgar e punir os culpados abafar o caso. Tentativa em vão. O crime chegou não só aos ouvidos dos brasileiros, mas do mundo inteiro. Contudo, até hoje nenhum dos acusados foi condenado. Margarida foi silenciada porque foi assassinada. Margarida morreu, mas a justiça não. A justiça se faz ouvir no grito daqueles que têm fome e sede dela. A justiça pode tardar, pode até parecer moribunda, mas ela vive; ela é implacável; ela não é inimiga do tempo; nós é que muitas vezes o somos. Homens e mulheres que lutam pela promoção da dignidade da pessoa humana podem "perder" a própria vida em virtude disso, isto é, podem até morrer, todavia, jamais a verdade e a justiça que eles carregam no peito morrerão. "Bem-aventurados os que tem fome e sede de justiça, porque serão saciados" (Mt 5,6), e serão saciados por Aquele que é o próprio Alimento da Vida, se não no hoje da história, no amanhã da eternidade.
Posted on: Wed, 21 Aug 2013 22:57:30 +0000

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