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. Geral DATA PARA COMEMORAR Oitenta anos de uma luta ideológica Viviane Bueno O Sindicato dos Mineiros de Butiá completou 80 anos de lutas e vitórias, no último domingo, 27. Em entrevista ao jornal Portal de Notícias, o presidente Oniro Camilo, que defende as lutas dos mineiros desde o ano de 1997, fala das batalhas e conquistas dessa categoria que marcou a história da Região Carbonífera. “A situação do carvão mineral está difícil, pois não existe uma política de valorização. O setor passa pelo pior momento de sua história, mas existe uma união de trabalhadores, políticos e cadeia produtiva tentando reverter este quadro”. PN: No domingo, o Sindicato dos Mineiros completou 80 de história. Conte-nos um pouco sobre a trajetória da instituição e sobre a história dos mineiros, que construíram a identidade da região. Oniro Camilo: Os mineiros iniciaram a tentativa de criação de uma entidade em 1917, e depois em 1919, mas, na época, foram punidos pela ousadia de confrontar os patrões e alguns foram expulsos da Região. Mas em 1933, durante uma revolta dos trabalhadores, devido a atrasos de pagamento e péssimas condições de trabalho e com trabalhadores imigrantes na categoria e, ainda, com o auxilio do antigo “Pecebão” como era chamado o PCB da época, foi fundado o Sindicato dos Mineiros, em 27 de janeiro de 1933 e reconhecido pelo Ministério do Trabalho com sua carta sindical em 1941. PN: Quais os principais desafios da instituição? Oniro Camilo: É uma luta constante pela valorização do mineiro, seja em termos de negociação de acordos coletivos com as empresas ou no congresso nacional e em legislação que venha beneficiar os trabalhadores. PN: Quais as principais conquistas e lutas do Sindicato? Oniro Camilo: Foram diversas conquistas por melhores condições de trabalho, avanços em cláusulas sociais nos acordos coletivos de trabalho. Legislações na união com outras entidades sindicais vieram para beneficiar os trabalhadores. PN: Quais ações devem ser executas ao longo de 2013? Oniro Camilo: Manter a unidade dos trabalhadores e sindicato dos três estados, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, na luta pela valorização do carvão mineral nacional. PN: O senhor está há quanto tempo na direção do Sindicato? Oniro Camilo: Fui eleito como diretor na gestão do presidente Elemar da Silva Borges, em 1997, e em 2003, eleito presidente do sindicato em chapa única, e 2006 e 2010 também, e tenho mandato até 2014. PN: Como é a relação do Sindicato com os associados? Oniro Camilo: Uma relação de harmonia, pois sempre pregamos que a união faz a diferença e fui eleito por três vezes sem chapa de oposição, o que muito me orgulha. PN: Como está a situação hoje sobre a exploração do carvão na Região Carbonífera como fonte de energia? Qual o futuro do carvão mineral sob sua ótica? Oniro Camilo: A situação do carvão mineral esta difícil, pois não existe uma política de valorização deste mineral. O setor passa pelo pior momento de sua historia, mas existe uma união de trabalhadores, políticos e cadeia produtiva tentando reverter este quadro. Oniro Camilo, em outubro de 2011, durante manifestação que parou o trânsito na ponte do Guaíba, em Porto Alegre, durante visita da presidente Dilma à capital A história do carvão Atualmente, o estado do Rio Grande do Sul é o maior produtor do país, com 52,3% da produção, ficando Santa Catarina com 46,3% e o Paraná com 1,4%. Em termos de faturamento, porém, o carvão catarinense, com um poder calorífico superior, garante a Santa Catarina uma participação maior. A maior jazida de carvão mineral do país é a de Candiota (RS) que corresponde cerca de 23% das reservas oficiais do país (que chegam a 8,5 bilhões de toneladas) e também é a melhor em rentabilidade, uma vez que suas reservas apresentam-se em camadas bastante espessas e de grande continuidade. Em seguida estão as jazidas do Baixo Jacuí, a oeste de Porto Alegre: Capané, São Sepé, Iruí, Leão, Sul do Leão, Pântano Grande, Água Boa, Faxinal, Arroio dos Ratos e Charqueadas. Devido ao seu potencial, não demorou muito para que a região de São Jerônimo se tornasse alvo de interesses: já em 1853 o capital privado, aliado ao capital estatal (por intermédio do então presidente da província, Conselheiro Luiz Vieira Cansação de Sinimbu), iniciava suas pesquisas. James Johnson e mais doze mineiros de origem inglesa foram os primeiros a se aventurarem, mas só em 1866 o governo Imperial concedeu permissão ao inglês para extração comercial do carvão em uma mina localizada na região da atual cidade de Arroio dos Ratos. Oficialmente, a exploração industrial do carvão no estado iniciou em 1872, com a instalação, em Arroio dos Ratos, da companhia inglesa The Imperial Brazilian Collieries C. Limited, todavia, após muitas dificuldades (descaso do governo e má administração) a mesma teve fim. Na vila de Butiá, foi em 1881 que iniciaram as atividades mineiras encabeçadas por Nicácio Teixeira Machado. A exploração do minério só irá se estabelecer no município de São Jerônimo a partir de 1883 com a criação da Companhia de Minas de Carvão de Pedra de Arroio dos Ratos– CMCPAR, de capital nacional, proveniente do Rio de Janeiro e de São Paulo. Em janeiro de 1885, foi inaugurado o “Poço da Izabel”, em Arroio dos Ratos, com a presença da princesa e de seu esposo, conde D´Eu. Num momento de mudanças no Brasil com a abolição da escravatura (1888) e proclamação da República (1889), o mesmo grupo que compunha a diretoria da antiga CMCPAR (que veio a falir no final de 1888) decidiu-se pela organização de uma nova empresa, a qual foi denominada de "Companhia Estrada de Ferro e Minas de São Jerônimo - CEFMSJ". Os dois acontecimentos tiveram grande influência sobre a nova empresa: com a abolição do trabalho escravo, o trabalho livre ganhou expressão social e a imigração cresceu notavelmente, em decorrência um “contrato de localização de imigrantes” foi firmado entre o governo imperial e a companhia trazendo benefícios para a mesma (concessão de terras devolutas e redução de impostos em troca da fundação de núcleos de povoamento desta nova mão de obra), mas também houve ônus à empresa, pois com a nova força de trabalho imigraram também novas concepções políticas; com o advento da República, devemos considerar os novos caminhos que o país buscou tomar sintetizados no lema “ordem e progresso”, a valorização de produtos nacionais seria proveitosa para os negócios da companhia, contudo, o que se observa é o aumento dos impostos cobrados pelo governo, resultando na ampliação dos preços da tonelada de carvão. Mesmo estando, aparentemente, em situação desvantajosa, foi a partir da República Velha, com a crescente demanda, uma série de investimentos e o incentivo ao povoamento da região por imigrantes europeus – que a exploração de carvão foi intensificada. Neste período, o mundo passava pela Primeira Guerra Mundial (1914 – 1918). Tal acontecimento impulsionou a extração, que teve seus índices aumentados em decorrência da ausência de carvão estrangeiro, combustível energético necessário para a manutenção dos países em guerra. Assim, ficou a cargo do carvão nacional a responsabilidade de suprir as necessidades do mercado interno, em empresas como a “Viação Férrea do Estado”, “Empresa Carris Porto Alegrense”, “Companhia Fôrça e Luz”, entre outras, bem como fornecer minério aos mercados da região do Prata. Em 1920, o uso do carvão em locomotivas da Viação Férrea, no momento de responsabilidade do Governo do Estado, acelerou a produção carbonífera no pós-guerra, a qual também alimentava a navegação e a usina elétrica de Porto Alegre (Gasômetro) e de outras localidades. À medida que a mineração crescia em função de novas demandas, surgiam novas casas residenciais, comerciais e infra-estrutura viária para comportar (e muitas vezes atrair) trabalhadores. Não era uma prática inovadora: “na França do século XIX, as exigências de produção também fizeram necessário um enquadramento rigoroso e uma severa disciplina de trabalho, obtidos pela adoção do sistema fábrica-vila”. Isto é, para aumentar a produtividade na exploração das minas, adotou-se o sistema fábrica-vila, no qual os trabalhadores são alojados em vilas operárias isoladas e onde tudo, desde a escola das crianças até a assistência médica da família, passando pelo comércio e o aluguel das moradias, é controlado pela companhia. No período do entre-guerras, o mundo passa por uma grande crise deflagrada pela “Quebra da Bolsa de Nova York” em 1929, colocando os EUA em profunda depressão econômica durante toda a década de 1930, o que teve grande repercussão no Brasil. Essa crise mundial do capitalismo internacional, combinada com fatores internos, conduziu à queda da República oligárquica, levada a cabo pela Revolução de 1930. Isso deu início a um processo acelerado de modernização da sociedade brasileira. O Estado tornou-se mais complexo, multiplicou as suas instituições e os seus funcionários e deu início a uma política industrial sistemática para o país. Em Butiá, o Grupo Capitalista Martineli, em 1932, adquiriu todas as minas existentes na região, entre elas a CCR (Companhia Carbonífera Rio-Grandense, criada em 1917),sob a direção de Roberto Cardoso. No início de 1936, a diretoria da “Companhia Estrada de Ferro e Minas de São Jerônimo” promoveu a sua reestruturação, buscando a fusão com outra empresa do ramo, a "Companhia Carbonífera Rio-Grandense”, com a qual firmou um consórcio de empresas sob o nome "Consórcio Administrador de Empresas de Mineração - CADEM". Por outro lado houve modificações nas condições de vida dos habitantes de Butiá neste período, em especial, nas áreas da saúde, educação, lazer e vida religiosa; contudo, isso significava também que praticamente tudo dependia ou passava pelo aval do CADEM. Mas, por trás das melhorias, há outros aspectos a serem analisados. Klovan nos chama a atenção para o estudo de Cristina E. Silva, e um relatório estatístico do CADEM citado pela autora, mostrando a produção de carvão ano a ano. Com o fim da 2ª Guerra Mundial, o carvão conheceu seu declínio, pois o petróleo passou a ter espaço de destaque no cenário econômico mundial. Mesmo assim, a extração de carvão não é suspensa. Em 1945, o Cadem é incorporado a COPELMI (Companhia de Pesquisa e Lavras Minerais), atuante até hoje. Curtir · · Seguir (desfazer) publicação · Compartilhar · Promover Escreva um comentário...
Posted on: Wed, 07 Aug 2013 12:26:37 +0000

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