Julia Roberts em UMA LINDA MULHER (1990) Deveria ser apenas mais um conto de fadas capitalista: um empresário milionário (Richard Gere) se perdia no centro de Los Angeles, e uma graciosa prostituta propunha – mediante pagamento, claro – conduzi-lo até seu hotel, onde, após uma noite memorável, ele contrataria seus serviços por mais uma semana, tempo de sobra para se apaixonarem. Mas sem que ninguém profetizasse, resultou num dos maiores estouros de bilheteria da década, renovou o interesse do público pelas comédias românticas e, finalmente, descobriu Julia Roberts como uma daquelas estrelas fulgurantes e idolatradas que Hollywood, até então, vinha encontrando dificuldades de encontrar. Com seu tentador par de pernas, volumosa cabeleira com um tom próximo do ruivo e o famoso sorriso de mil dentes que, embora delicado, não resistia em convidar os homens à perdição, aquela jovem criatura de apenas 23 anos pavimentava uma trajetória para o estrelato que nenhuma escolha equivocada ou reputação de grossa e arrogante seria capaz de dilapidar. Algumas passagens eram banais – instantes após ser destratada pela vendedora de uma butique, a linda mulher devolvia-lhe um revide dos mais saborosos – mas Julia se impunha com um tipo de sofisticação maliciosa que a câmera parecia explodir de satisfação ao registrar. Nós, evidentemente, não tínhamos escapatória: o banquete era tão farto que, a indigestão que o ofício da moça poderia produzir, em instante algum consegue retirar nosso apetite.
Posted on: Sat, 23 Nov 2013 13:14:04 +0000
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