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"Mas há aqui um paradoxo. O governo tem razões para evitar a radicalização política: a radicalização suscitaria crises, instabilidade, fuga de capitais etc., o que tenderia a elevar o nível de desemprego e a afetar diretamente o subproletariado. Nessa situação, além do risco de ver bloqueado o processo (lento) de redução da pobreza, essa fração de classe provavelmente enxergaria na direita uma alternativa política; some-se a isso o fato de que hoje a classe média tradicional é, dentre todas as classes, aquela que está se sentido mais prejudicada e tem maior força de ânimo para ir às ruas manifestar seu descontentamento com pitadas de protofascismo, como já ocorreu outrora na história do Brasil. Porém, na medida em que viabiliza a ascensão social dos de baixo, a estratégia precisa viabilizar a organização e a mobilização da nova classe trabalhadora, caso contrário essa fração de classe poderá optar por alternativas conservadoras – e a explosão que houve agora o comprova. Se a nova classe trabalhadora pender para a direita, não se trata de perder apenas o governo nas urnas. É o processo em curso de combate à pobreza e à desigualdade que será bloqueado. Dito isso, o impasse da estratégia do lulismo pode ser colocado nestes termos: de um lado, é necessário evitar a radicalização, pois sua base social rejeita a radicalização; de outro, é necessário preparar-se para a radicalização, pois, na medida em que essa base social ascende, a radicalização torna-se inevitável. Mas como preparar-se para a radicalização, senão através da organização, mobilização e luta? A estratégia do lulismo só poderá viabilizar-se se tiver força para superar-se, ultrapassar o paradoxo inscrito nela mesma."
Posted on: Thu, 27 Jun 2013 02:52:26 +0000

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