"Nunca fiz um tratado. No máximo, atrevi-me a fazer um brevíssimo tratado filosófico de uma página. Chamei de Brevíssimo Tratado filosófico sobre aquilo que boia. Ela vai ou fica? Por que fica? Quem me julga por ela ficar? Julga por quê? Quem pode mandá-la em-bora de novo? Manda-a pra longe porque não a suporta ver? Gosta de vê-la e, por isso, não manda? E disso, retirei todo o conteúdo, restando uma armação abstrata. Só ficou a ideia da-quilo que era algo disgusting. E retirado o conteúdo enojante, quem viesse a lê-lo já não se sentiria mais incomodado com o kitsch. Milan Kundera narra com leveza essa cena que deu mote ao meu mini-tratado. Eu até poderia substituir aquilo por outra palavra, do tipo borboleta. Daí a ideia se tornaria mais palatável. Pois, então! E as borboletas voaram para longe após o sopro de quem com ela se incomodou. O que daria no mesmo. É só trocar as palavras. As borboletas voaram para onde? Por que voaram? Por que se reparava nelas? Incomodou-se com a borboleta?"
Posted on: Thu, 27 Jun 2013 01:46:17 +0000
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