"Não é certo porque é eleito. Não é digno porque a TV disse. Não é honrado porque está fardado. Você que foi a uma manifestação. E você também, que se escondeu atrás da televisão, Já percebeu que o "vandalismo" começa sempre na hora do Jornal Nacional? Já percebeu que os "grupos mascarados" só começam a agir quando as câmeras estão posicionadas, quando o franjinha grisalha dá "boa noite" em tom sisudo? Eu já. E percebi isso em duas manifestações que fui e percebi isso em quatro manifestações que vi pela TV. E percebi isso hoje. Só sendo muito ingênuo para achar que há algo de "FANTÁSTICO!" nessa assessoria de imprensa que te prensa a mesma ideia, todos os dias, no mesmo horário. Não há "complexidade" a ser "analisada" num quadro onde professores - que lutam por seus direitos, pelos direitos de todos os brasileiros a uma educação de qualidade, sem aprovação automática, sem escravização da profissão de professor - tem seus rostos e corpos arrombados por criminosos fardados. Não há "lados" a serem contemplados quando jovens que defendem seus professores são algemados, quebrados, asfixiados, envenenados, espancados, por criminosos fardados a mando de um criminoso no controle do Estado. Não, pequeno otimista videotizado, nenhuma democracia real virá pelo voto quando todos os candidatos são financiados pelas máfias que controlam nosso estado e todos os demais Estados do planeta. As mesmas máfias que controlam os transportes, as finanças, os juros, os hospitais, a saúde. Não se engane com a nossa "democracia virtual" e suas urnas eletrônicas "infalíveis" num mundo onde até os computadores do Pentágono, da Casa Branca, da CIA, da Interpol e dos governos de todos os países são vítimas de hackers. A CIA pode ser invadida, mas não as nossas urnas eletrônicas, certo? E o coelhinho da páscoa vai tendo uma diarréia de MM´s enquanto isso. Você aí que espera a "revolução pelo voto" na "festa da democracia" (nas palavras de Galvão Bueno, que "narra" nossas eleições, esse joguinho de cartas marcadas) sabe que nenhum país do mundo tem urnas eletrônicas como as nossas? Nenhum! Não como as nossas! Na pior das hipóteses eles têm urnas que imprimem seus votos, caso haja a necessidade de recontagem. E essa é a pior das hipóteses. Vivemos brincando com o Paraguai, por causa da fama que o país adquiriu na década de oitenta do século passado. Você sabia que o Paraguai foi o mais recente país a negar a entrada de urnas eletrônicas? Sabia que somos motivo de piada internacional por causa delas? Sabia que apenas uma empresa fabrica essas urnas e que o presidente dessa empresa centuplicou o patrimônio pessoal dele nos últimos anos? Você, que criminaliza o "Black Block", está satisfeito com 70% da sua renda indo para impostos e retornando nos hospitais sucateados, nos ônibus caríssimos, nas salas de aulas abarrotadas de alunos, na aprovação automática que dá diplomas a analfabetos funcionais? Deve estar. Você que reclama que a manifestação atrapalhou sua saída do trabalho, já parou para pensar nos interesses em jogo no país em que você vive? Na quantidade de petróleo estimada no Pré-sal, na biodiversidade avassaladora de nossas florestas, na quantidade de água potável que temos em relação ao resto do mundo, na incidência de sol sobre nossas terras (necessária ao bom aproveitamento dos nossos biocombustíveis, movidos à fotossíntese), nas nossas reservas de minérios roubadas pelas companhias X e cia? Você que não teve paciência para ler todo o texto até aqui pode agradecer ao incentivo ZERO do governo e da sua assessoria de imprensa na grande mídia. Pode agradecer à nossa uma década de aprovação automática nas escolas. Agradeça a todos que passaram toda a sua existência lhe martelando que "política é chato" e "novela é legal", que "manifestante é bandido" e que "é cada um por si" que as coisas se resolvem. Temos vivido essa realidade egocêntrica e dividida, esse império do mesquinho, do pensamento pequeno, da hipercompetitividade a todo custo e é nisso que está dando. Se você acha bom o que aí está, meus mais lamentáveis parabéns, você perdeu a alma querendo "ganhar a vida". Se você ainda consegue fazer uma coisa verdadeiramente perigosa, que é pensar para além dos grupos de interesses que patrocinam as máfias que nos roubam diariamente, dê um passo adiante e comece a se sentir digno lutando por algo que é maior do que você, algo que te fará maior, algo que mostrará ao mundo que o povo brasileiro está à altura do tamanho e dos recursos do nosso país. Não é "complexo", não é "difícil", não é "intrincado" se o teu valor é social, se o que te move é o humano. " por RENATO KRESS Via Leonardo Fernandes
Posted on: Wed, 09 Oct 2013 02:49:05 +0000
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