"O coronel, dois seguranças o motorista e eu entramos no carro e - TopicsExpress



          

"O coronel, dois seguranças o motorista e eu entramos no carro e fomos em direção à casa do seu Zé. Chegando lá, ainda encontramos alguns investigadores, eles faziam algumas medidas no terreno e parece que já tinham localizado o local de onde o tiro foi dado, pois disseram que encontraram pólvora e cápsulas deflagradas de munição. Recolheram todo o material e disseram também que a arma era de grosso calibre e com alcance muito grande. Penso que por esse motivo os seguranças do coronel não tenham encontrado ninguém quando partiram atrás de quem tinha atirado! Entramos na casa do seu Zé e encontramos a seguinte cena: Seu Zé, dona Antonieta e os dois meninos em volta da mesinha. Eles estavam em oração e com os olhos merejados. O coronel e eu, em sinal de respeito ficamos parados em silêncio e pudemos escutar o final da oração... Dona Antonieta dizia: - Sinhô Nosso Padim, damu graçadeus pela vida que o Sinhô nus deu aqui! O que nóis tem, nóis deve pru Sinhô! Essis mininu bão que nóis temu, nóis devemu pru sinhô. Sinhô nu finar nóis demu graçasadeus pur tudim, tudim... Então o seu Zé disse: - Sinhô Jesuis Cristu, isso que Tunhêta falô é tudim verdadi... nóis gradece tudim ao Sinhô e gradeci tamém ao Cumpadi Timóti... sem ele nóis num tinha nadinha disso não Sinhô, ele judô muito nóis e nóis vamu morá na casinha pertim dês. Vamu podê miorá um cadim, os minunu vai podê instudá e um dia vai virá dotô. Muito gradicidu Padim du Céu. Olhei para o coronel e ele estava emocionado mas não pronunciava nenhuma palavra somente observava. Então a família terminou a oração com o seu Zé dizendo: - ... agora Padim do Céu, nóis intrega essa casinha pru coroné fazê o que ele achá mió... parece que vão fazê cantêro de pexe, se fô que seja, nóis agora vai pra otra vida.. agora é vida novinha! Graça te damu e agradecemu tudim que o Sinhô feiz pra nóis... em nome du Pai, du Fio e o Isprito Santo amém! Nesse momento a família fez o sinal da cruz e abriu os olhos e enxergou a gente. Não se assustaram e nem demonstraram nenhuma sensação perceptível. O coronel e eu cumprimentamos, eles responderam e seu Zé disse: - Cumpadi, nóis temu umas coisinha pra levá! Será que ocê podi pidi uma carroça pra mói de nóis levá nossas coisinha? O coronel ainda emocionado, deu uma suspirada, engoliu em seco e disse: - Cumpadre, vocês podem levar o que quiserem! Vou providenciar uma caminhonete para buscar as suas coisas! Seu Zé disse: - Ara, coroné, carece de disso não sinhô! É um cunhalim só de coisa! Cabe tudim numa carroça! Por sua vez o coronel disse: - Não vou contrariar o cumpadre... chamou um segurança e pediu que ligasse para a sede e pedisse para que mandassem uma carroça para a casinha do seu Zé. Depois disso, todos nós sentamos em volta da mesa e ficamos batendo papo, tomando um cafezinho na caneca e beliscando um biscoitinho feito no fogão à lenha! Parecia que eu tinha nascido ali tamanho meu prazer, aquilo agora parecia fazer parte da minha vida e a "presença" constante de papai e mamãe me davam uma tranquilidade inexplicável!..." Pedro Francisco Armendariz - Educador e filósofo.
Posted on: Tue, 30 Jul 2013 17:18:28 +0000

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