“Você diz – “Pode me dizer de que se tratava aquele mal - TopicsExpress



          

“Você diz – “Pode me dizer de que se tratava aquele mal terrível que causou as irregularidades tão profundamente lamentadas?” Sim, eu posso dizer. Esse “mal” foi o pior que poderia ter recaído sobre um homem. Seis anos atrás, minha esposa, que eu amei como nenhum homem jamais amou antes, viu seu sangue lhe sair enquanto cantava. Sua vida se tornou um desespero. Despedi-me dela e me submeti a todas as agonias de sua morte. Ela se recuperou parcialmente e eu voltei a alimentar esperanças. Ao final de um ano, aconteceu novamente – foi quase a mesma cena. Novamente, repetiu-se tudo depois de um ano. E de novo – de novo – e de novo e mais uma vez, a intervalos irregulares. A cada vez, eu sentia todas as suas agonias – e a cada ascensão de sua condição, eu a amava com mais devoção e me agarrava à sua vida com uma obstinação desesperada. Mas sou constitucionalmente sensível – nervoso, a uma medida incomum. Tornei-me louco, com loucos intervalos de uma horrível sanidade. Durante esses relances de absoluta inconsciência, eu bebia, Deus sabe quanto ou com qual frequência. De fato, meus inimigos culpavam a bebida pela minha insanidade, e não o contrário. Na verdade, quase abandonei todas as esperanças de uma cura permanente quando a encontrei na morte de minha esposa. Eu posso e aceito isso como uma verdade – era uma terrível e interminável oscilação entre esperança e desespero que eu jamais poderia suportar sem a total perda da razão. Na morte daquela que foi a minha vida, eu sou presenteado com mais uma objeção – oh Deus! Quão melancólica a existência!” Uma carta de Edgar Allan Poe para George Washington Eveleth, datada de 04 de janeiro de 1848. Cortesia de Harry Ransom Center.
Posted on: Sat, 31 Aug 2013 00:08:39 +0000

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