1 de Dezembro – Dia Mundial de Luta contra a SIDA Há - TopicsExpress



          

1 de Dezembro – Dia Mundial de Luta contra a SIDA Há sempre, nesta data comemorativa, a tendência a apresentar dados estatísticos. O número de infectados, no mundo, cresceu 17,7% desde o início do milénio (30 milhões em 2001 face aos 35,3 milhões em 2012), mas o número de novas infecções baixou 32,4% (de 3,4 milhões para 2,3 milhões), tendo como principais consequências o decréscimo do número de mortes (de 1,9 milhões em 2001 para 1,6 milhões em 2012), a melhoria da qualidade de vida e o aumento da sobrevida dos doentes infectados, sobretudo nos países mais ricos. Trinta anos depois de ter sido detectado o primeiro portador do Vírus da Imunodeficiência Humana (VIH) em Portugal, é tempo de fazer um “balanço” sobre o que se passou neste intervalo temporal. A luta dos infectados não tem sido apenas contra a doença, deparando-se com inúmeros obstáculos difíceis de transpor, como o estigma, os medos, a violência (física e psicológica) associada à marginalização. Assim como o cancro (actualmente encarado como uma doença transversal a toda a sociedade e a todas as classes etárias e sociais) também a Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (SIDA) foi considerada uma espécie de “maldição”, “peste moderna”, o que conduziu à criação de inúmeros mitos, originando preconceitos que causaram (e ainda causam) traumas irreparáveis que condenam estas pessoas ao sofrimento e ao isolamento. E se isto representa o passado em Portugal, infelizmente, ainda reflecte o presente em muitas regiões do globo, onde a exclusão e a perseguição são “leis” da rua para os que, por infelicidade sua, contraíram o VIH, que está na origem da SIDA. Mas o passar dos anos e a ampliação e difusão da informação derrubou preconceitos e dissipou medos, demonstrando que é de uma doença que se trata e não de uma praga, maldição ou de um novo tipo de peste. Mas se olharmos para África, onde se incluem os dez países mais infectados do mundo, o cenário é bem mais grave, com taxas de infecção ainda superiores a 20% em alguns países (Suazilândia, Botswana e Lesoto). Paralelamente, mantém-se “o estigma da discriminação”, como fez questão de salientar, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, na sua mensagem a este propósito. “Ainda há sinais preocupantes de que algumas regiões e países estão a ficar para trás, em relação aos sinais de progresso dados em grande parte do mundo”. E, a pensar nesses países, Ban Ki-moon referiu a necessidade de “quebrar as barreiras ainda existentes, incluindo leis punitivas e exclusão social, para que possamos chegar a todas as pessoas que não têm acesso ao tratamento e serviços”. Num país como Portugal, onde o número de infecções têm vindo a decrescer surge, como problema actual, a falta de acessibilidade aos tratamentos. Devido à crise e ao preço dos transportes, já há muitos doentes que não vão buscar os medicamentos de que necessitam aos hospitais. O risco é, como dizem os especialistas, levar o VIH a um estádio mais grave, ou seja, passar de portadores (assintomáticos ou com sintomas controlados) a doentes com manifestações clínicas evidentes (SIDA), necessitando de medicamentos mais potentes e mais dispendiosos. Este é um retrocesso que nos pode sair muito caro e para o qual teremos, necessariamente, de arranjar soluções. Há doentes com VIH/SIDA, de todo o país, que estão a ter dificuldades em ir levantar a medicação anti-retroviral aos hospitais (que é distribuída gratuitamente pelas farmácias hospitalares) devido ao custo dos transportes e ao agravamento da sua situação de vida por causa da crise. A consequência, em alguns casos, está a ser a interrupção de uma terapêutica que implica a toma diária de medicamentos até ao resto da vida, “o que poderá levar ao desenvolvimento de resistências ao tratamento” e à necessidade de passarem a tomar fármacos ainda mais caros, constatam médicos infecciologistas de todo o país. Luís Mendão, presidente do Grupo Português de Activistas sobre Tratamentos de VIH/sida (GAT), diz que é importante quantificar as pessoas que desistiram do tratamento por dificuldades em levantar medicamentos, lembrando que a toma diária é a única forma de “as pessoas se manterem bem e evitarem novas transmissões”. Nos casos em que há interrupções, salienta que alguns “podem tornar-se resistentes e desenvolver novas patologias associadas, progredindo para SIDA [o estádio mais avançado da doença] ”. No fim da linha, assistiremos “a mais internamentos, ao recurso a terapêuticas de terceira linha, mais caras. (…) Não estamos a poupar, tanto em termos de saúde individual como colectiva”, sublinha. Maria José Pacheco
Posted on: Sun, 01 Dec 2013 21:17:53 +0000

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