13-09-2013 Falando grosso com a Bolívia e fino com os - TopicsExpress



          

13-09-2013 Falando grosso com a Bolívia e fino com os EUA? Quando Chico Buarque afirmou que gostava do governo Lula porque este não falava grosso com a Bolívia nem fino com os Estados Unidos, certamente ele estava referindo-se (ou infere-se) ao excelente trabalho de Celso Amorim como Ministro (2003-2010). O quadro agora é outro. Parece sim que o Brasil, durante o final da gestão de Patriota (2011-2013), mudou um pouco o tom e, nos últimos dias, o novo Ministro das Relações Exteriores, Figueiredo (ago-2013), parece também adotar uma inflexão ao menos na mesma linha. Vamos aos pontos de análise na gestão Patriota/ Figueiredo: O caso do boliviano asilado na Embaixada do Brasil (2012) foi já em si um golpe de porte médio. Amigo da Bolívia, o Governo Brasileiro do PT viu-se em situação embaraçosa. Na dúvida, abstenha-se, já recomendava antiga tradição cristã. Foi o que fez a Sra. Dilma. Abalar as relações regionais nem pensar. Evo Morales é amigo estratégico. Negar a tradição brasileira de asilo também não convém, pela respeitabilidade da tradição, da palavra e dos acordos firmados. Ceder ao sucesso da direita brasileira (PSDB), aliada certamente com os interesses é impensável. Na ausência de uma atitude efetiva em como sair da cilada, “deixemos como está”, porque a imprensa esquece logo e, em diplomacia, ganhar tempo vale sempre a pena em situações como esta. Edward Snowden explodiu a bomba em Hong Kong e pedaços dela (significativos) caíram aqui. A China, esperta, não quis problema em seu quintal. A Rússia também não queria, mas no enfrentamento com os Estados Unidos é quem tem falado grosso: se é para o bem das nações anti-americanas e felicidade das esquerdas, digam a Snowden que ele fica! E ficou. Afinal, por mais que a Rússia não seja a segunda economia do mundo, ela já foi (URSS) e está ciente que não pode deixar margem de excedente de poder, pois a regra é clara: espaço vácuo é espaço ocupado. Fez bem a URSS, acobertando o eixo Rússia-China-AméricaLatina. E o Brasil? Neste estratégico eixo, fez-se mais uma vez de calado, por tamanhas dúvidas. Preferiu, antes, esperar e foi tanto o seu “aguardo” que começou a ser criticado pelos países latinoamericanos (UNASUR) por não conceder asilo a Snowden. De tanto meditar (ou aguardar), o tempo passou e a oportunidade também. Receio de problemas com os EUA? Provavelmente sim. E aceitamos de olhos baixos a decisão (indicação) americana de proibir o asilo a Snowden. Ponto a menos para nós; Surge, em seguida, a questão árdua do Senador Boliviano que adentra território brasileiro (ago-2013) com o carro oficial (adido militar), vai parar em Brasília (num avião fretado), sem autorização para estar em nosso território. A imprensa quem divulga, informa e noticia o que se passa, inclusive para o Chanceler Brasileiro. Vergonhoso caso de desrespeito às normas internacionais, ao regimento interno no Ministério das Relações Exteriores, o diplomata que arregimentou as forças para a fuga (Saboia), e a liderou, respondeu à Presidenta da República sobre os porques ter agido assim, ameaçou afirmando que tinha emails que comprovavam o mal trato, enquando o senador boliviano dava sorrisos para a imprensa e criticava a política externa brasileira. Dilma foi rápida, mas talvez ineficiente. Fez um acordo com Patriota (será ele patriota?) de retirá-lo da importante função de Ministro e o encaminhou para a ONU (respeitável substituição, prova de que não ficou tão chateada assim). No entanto, a gravidade do caso ficou pendente. Entre equipes de diplomatas brasileiros e equipes de diplomatas bolivianos, em idas e vindas Brasília X La Paz, até agora o Senador anda livre e solto, nenhuma decisão foi tomada, alem de uma justificativa oficial para a Bolívia, na qual o Brasil se isenta de responsabilidade e de um processo administrativo de investigação. Dilma, “não é boba nem nada”, não vai extraditar por hora o boliviano. Talvez seja melhor garantir a eleição primeiro, e nisto concordo com ela. A estratégia dela pode ser certa, mas e a diplomacia onde fica? Está certo deixar o tal senador boliviano por aí, livre e solto, como se nada tivesse ocorrido? Seria isso falar duro com a Bolívia que, apesar de ter exigido satisfações e resolução do caso, está aceitando a postura um tanto pusilânime do Brasil? Eles também não são bobos de se meterem conosco.... Por fim Obama..Todo o escândalo dos cyber espiões vazou pela mídia, em seu sempre papel de defensor da pátria. Dilma pareceu ficar enlouquecida. Dizem que houve gritos e tudo, mas sempre dizem isso dela, então, sabe-se Deus e quem lá estava que não é bobo de nos contar. O Brasil tomou uma postura que parecia novamente colocá-lo no alto padrão de respeitabilidade diplomática do período Amorim: exigiu uma carta até a data de hoje (foi na semana passada a exigência) dos Estados Unidos Americanos se explicando. Ameaçou cancelar a viagem oficial da Presidenta àquele pais. Criou-se o clima. Na reunião do G-20, em Moscou, ela teve uma reunião particular com Obama, agora já acompanhada do novo Ministro, o Figueiredo. Pois bem. O que aconteceu ali dentro saberemos menos ainda, mas ao que tudo indica a conversa não deve ter sido tão dura quanto a áurea popular que Dilma tem poderia indicar. Ela não fez comentários. Esperaria a posição oficial da chancelaria americana, e por escrito! Passaram-se os dias... E Figueiredo, diplomata assaz, em vez de voltar de Moscou com Dilma foi resolver umas coisinhas em Genebra. Participou de uma cerimônia lá (na segunda-feira) e depois rumou para os Estados Unidos: Washington. Não voltou ao Brasil. Para quem tinha imposto uma carta por escrito a boa-vontade de o Brasil ter ido a Washington conversar não combina exatamente com a firmeza de posição. Compreende-se também. Ninguém é bobo de brigar com os Estados Unidos. Para eles inventarem que as FARCS estão na Amazônia Brasileira é um “pulinho”. Isso não é medo. É pragmatismo. A China mesma não é boba. Desmorona no que pode o Império, mas através de sorrisos, palavras doces do jogo diplomático e competição de merdado vai fazendo seu papel ideológico. E fica tudo bem porque os EUA não são também bobos de se meterem com a China. E o Brasil... Hoje é quinta-feira, houve o encontro dos chanceleres brasileiro e americano e Sr. Ministro até o presente não se pronunciou oficialmente sobre o caso e, ao que tudo indica, não chegou a carta-satisfações do governo americano explicando o ocorrido: apenas palavras frágeis, que não dizem nada, efetivamente. Explicações claras, como as exigidas, não!, foi a resposta americana. Por fim, hoje o tal Saboia, o que armou o circo para o Senador adentrar o país, retoma seu trabalho no Itamaraty, sendo anulada a suspensão. Ele não foi exonerado, a comissão instalada ainda o investiga. Mas... voltar ao trabalho? A um homem que, despudoradamente, ameaçou a Presidenta da República afirmando que ele detinha “e-mails de altas autoridades e muito mais”. Como assim? Não teria sido precipitada esta volta? Receio dele? A grande pugna em torno da Bolívia e dos Estados Unidos é a seguinte: estamos nós agora, com Dilma, a corajosa e intrépida presidente, a falar baixo com os Estados Unidos e grosso com a Bolívia? Não podemos concluir precipitadamente. Talvez Patriota tenha agido corretamente: não dispomos de todos os dados. Talvez Figueiredo e Dilma estejam fazendo o melhor: sabemos parcialmente de alguma coisa. Ocorre que das duas uma: ou a diplomacia brasileira está agindo de outro modo, com uma sabedoria tipicamente conciliatória e por trás dos panos (como o bom Barão do Rio Branco fez), ou então estamos enfraquecidos e nos intimidando diante dos Estados Unidos novamente. Na verdade, duas coisas me preocupam no caso em questão: Onde está uma das clássicas ações da diplomacia – as atitudes, os sinais, os gestos? Por que os gestos que os sinais que estão sendo enviados não parecem, ao menos publicamente, nem aos brasileiros nem aos americanos, talvez só aos bolivianos, que temos uma política externa “ativa e altiva” (C.Amorim)! Correremos o risco de nos enfraquecermos no jogo internacional, depois de tantas conquistas? Sinal de captulação, fraqueza? Se a China enfrenta asilando temporariamente Snowden, seguida da Rússia e dos diversos países latino-americanos que ofereceram auxílio...e nós? Estamos aliados com quem? Estamos fraquejando em nossas alianças antiimperialistas? Diplomacia refém de mídia? Através dela as informações, por ela a defesa da pátria, as informações, os atos de heroísmo... Diplomacia que está com dificuldade em saber o que ocorre dentro e fora de sua esfera de poder? Espero sinceramente ser tudo o que escrevo um grande engano. Amorim tem feito falta efetivamente e Dilma parece não conhecer a necessidade de dar “sinais”. Mas, como me lembra uma amiga: você quer que ela dê sinal para a imprensa? Para os cidadãos? Para os EUA? Talvez ela esteja escolhendo um em detrimento de outro. Qual? Por último, e o mais importante da pugna: E Chico Buarque.... falaria o mesmo sobre o “falar grosso e falar fino”?
Posted on: Fri, 13 Sep 2013 18:42:47 +0000

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