20 ANOS DE JORNALISMO - Em breve completarei duas décadas de diplomação na faculdade de jornalismo da PUC-RS. Muito mais maduro e experiente, embora ainda com muito a aprender, lembro agora alguns episódios marcantes em várias áreas. Mas sempre, inegavelmente, o mais difícil para um profissional de imprensa é ter força e não baixar a cabeça para os poderosos de plantão, sejam políticos, sejam empresários. Donos de um poder transitório, se acham reis e desejam esmagar quem possa criticar seus devaneios. Na política, a pressão é com verbas. Na iniciativa privada não é diferente. Aqui no RS, lembro do governo que perseguiu implacavelmente os profissionais de imprensa, de um outro que dava patadas quando as perguntas eram desconfortáveis ou aquele recente cujo humor (ou mau humor) da titular destruía qualquer possibilidade de uma entrevista razoável. Lembro também de poderosos empresários que reclamaram pessoalmente ou mandaram a agência de publicidade reclamar de coisas que falei. Teve até um que sugeriu minha demissão. Há centenas, milhares de histórias que vivi. São coisas que ficam e que hoje reforçam meu compromisso com a democracia, o jornalismo independente e a opinião livre. Hoje no Brasil existe uma subimprensa financiada para defender o governo e o partido do governo com bilhõe$$$ do dinheiro público e também do privado. Muito é dinheiro dos nossos impostos. Mas isso não é algo novo. Este atrelamento negativo sempre existiu. De blogs a grandes jornais e emissoras de tv, há os que se vendem e os que mantêm a sagrada independência editorial, onde a opinião é livre, agrade ou não o poderoso de plantão. Ser escolhido para veicular publicidade não significa aderir ao governo. Algumas empresas sabem e professam isso. Outras não. Na vida não existe nada perfeito. A imprensa tampouco é. Mas se é ruim com ela, muito pior sem ela, ou tendo a imprensa tutelada pelo poder. Felizmente, em toda a minha carreira nunca me submeti a concordar com este ou aquele governo, com este ou aquele empresário poderoso endinheirado da hora. Não dou a mínima se o cara anda em jatinho da FAB ou desfila em sua lancha no Guaíba fumando charuto. Faço jornalismo e opino com base no que apuro e acredito. Fechei muitas portas é verdade, recusei propostas quase irrecusáveis, criei antipatias por isso, mudei de opinião em algumas coisas por convicção e em outras mantive minhas crenças. Mas teria o mesmo ímpeto para fazer tudo de novo. Apesar da patrulha dos que têm o autoritarismo no DNA, isso não me cala. Cada abraço que recebo por aqui ou diariamente nas ruas é meu combustível. E recebo o carinho de muito mais gente do que poderia esperar. Sou um privilegiado. Viva a liberdade de imprensa. Obrigado a todos.
Posted on: Mon, 18 Nov 2013 00:47:00 +0000
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