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21/09/2013 Assentamento MPRA Atividade Guaras Hoje tivemos a oportunidade de crescer novamente. A cada visita, uma nova visão. Fomos ao pré-assentamento, com destino a tornar-se um assentamento, na expectativa de executar uma atividade técnica relacionada com o manejo de solo, desenvolvimento de sua fertilidade e produtividade de legumes e verduras nos quintais respectivos à cada agricultor. No entanto, sempre haverão surpresas, e hoje conseguimos captar mais um aprendizado profundo, de origem transmutadora. Logo na nossa chegada, o mínimo com que se apresenta é pelo aperto de mão, em função dos carros impedirem um abraço forte. Nossa relação com as pessoas que batalham pela terra nos ensina regularmente a batalhar e se posicionar, a cumprimentar e a sorrir, a plantar e produzir. Quando adentramos a sede, estão todos lá, nos aguardando com euforia. Aos poucos as pessoas se abraçam, sorriem um para o outro, despertam, logo no raiar do sol, um calor humano que nos acolhe, que nos recebe, para então compartilhar ao longo de todo o tempo de nossa visita, as dores e amores da vida de cada dia. Nos orgulhamos em termos a grande oportunidade de nos formarmos em tal ambiente, cheio de raízes ideológicas, preenchidas por uma vontade inabalável. Tivemos a oportunidade de ouvir algumas histórias, mais uma das muitas que nos foram contadas e de muitas que virão. No corpo de cada agricultor o reflexo da luta, o sinal das batalhas diárias que enfrentaram e hão de enfrentar. O aprendizado é todo meu. Nos enriquecemos com a força das pessoas que lá vivem, com carente recurso financeiro e dificuldades de serem aceitos e vistos como donos da terra. O histórico daquele ambiente é próprio, único, uma fusão entre terra fértil e trabalho duro. Da dureza do solo à diversidade de organismos vivos. Em cada quintal uma riqueza de alimentos, de materiais reutilizados, de barracos que estão cada dia mais limpos e organizados, como se fosse enxergado na dificuldade a primeira oportunidade de crescimento. Depois de sucessivos enfrentamentos com o corpo militar do governo, a resistência persiste. O que os permite enfrentar? A fé. O que os traz à terra é a vontade de lá viver. Entre aves, répteis e inúmeros mamíferos, a fauna se apresenta como berço da vida. Tanta diversidade é fruto da diversidade de crenças e potenciais de criação. A humildade de cada ser-humano ali presente esconde a sabedoria de respeitar os processos naturais da vida, pelos quais a ecologia se expressa. O conhecimento tradicional de repor à terra tudo o que ela nos dá, é algo que transforma nossa sensibilidade quanto à riqueza do campo. Hoje aprendi sobre a luta, sobre a fé e sobre o sorriso, pois sem estes atributos, não haveria, ali, a possibilidade de união e respeito que é criado naquele ambiente. Nos parece que sentimo-nos à vontade para falar de nós, sem muros ou cercas, como se estivéssemos em um lugar mais que familiar. Família. É o que sinto quando sou recebido, como se fizesse parte de um grupo de pessoas com braços e corações abertos, receptivos e amorosos. Minha visão quanto ao homem do campo revirou. Hoje vejo com carinho e respeito a vida e a luta de cada agricultor naquela terra. Quanta luz eu sinto em cada criança! A sabedoria e sensibilidade natural a respeito da vida que os rodeia é simplesmente impressionante. O olhar voltado 100% do tempo para as relações naturais entre os organismos vivos é o que me dá a sensação de riqueza espiritual. No olhar de cada uma delas, a inocência de pensar que somos pessoas mais inteligentes, mais conhecedoras, mais capazes. Mas é somente inocência, pois são elas que nos fazem enxergar a riqueza e importância de se manter a vida em qualquer espaço, em qualquer circunstância. O menino da roça anda de pés descalços, de sorriso no rosto e suor no corpo. Anda com o pé na terra pois está enraizado. Sorri porque está de fato feliz, e transpira porque o trabalho e dinâmica do ambiente rural faz despertar neles a força de se transformar o local onde vivem. Quanta felicidade nos invade o coração. Nada se explica ali. Nada, ali, se explica. No sentir das coisas, das relações e dos incessantes momentos de confraternização e olhares curiosos, a realidade se faz à nossa frente. Quanta riqueza! E no meio disso tudo, nos questinamos: quando haverá a união entre o povo da cidade e do campo, para criar espaço para a revolução das condições morais e sociais na civilização atual? Amor. Esta é a palavra que me preenche o coração, a mente e o ímpeto de transformação que existe em cada um de nós, e também de você que lê este texto com interesse ou mesmo sem pretensão. A vida se nos apresenta viva naquele lugar. Haveremos de transformá-lo e fortalecê-lo. Em cada enxada, em cada laço dado no gado, em cada plantio e colheita, a consolidação de uma nova visão, a cada dia experimentada e sentida nos nossos corações. Se haveremos de conseguir, só Deus pode responder, mas se haveremos de lutar, só os abraços hão de confirmar. Que a vida nos dê a benção de transformar o íntimo do ser-humano, e de refleti-la em cada pedaço de chão. Viva o movimento sem terra! Viva a vida no campo! Guaras Henrique Lomonaco
Posted on: Mon, 23 Sep 2013 21:04:52 +0000

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