22 Jul 2013 Zeca Camargo comenta sobre o One Direction em sua - TopicsExpress



          

22 Jul 2013 Zeca Camargo comenta sobre o One Direction em sua coluna no G1 zeca camargooo O apresentador e repórter Zeca Camargo comentou sobre o grupo One Direction em sua coluna no portal da Globo, G1. Veja a seguir o que ele falou: Pois é, explodiu. O pop explodiu – embora não exatamente da maneira que essa expressão poderia ser usada, digamos, nos anos 60, ou 80 (ou mesmo na década 00). Lancei esse assunto aqui mesmo na semana passada, mais como uma provocação. E hoje, depois de ter carinhosamente acompanhado o que está acontecendo nesse cenário, conclui, pesarosamente, que o pop finalmente explodiu. Ou ainda, implodiu – cumprindo, perversamente a profecia de uma banda chamada Pop Will Eat Itself (coisas dos anos 80, deixa pra lá). Primeira evidência: a melhor música de todos os tempos finalmente foi anunciada esta semana e… ela não é nem a melhor música de 2013, que dirá da eternidade! Fãs do One Direction previsivelmente vão protestar, mas quando a banda “jovem” mais popular do planeta (pelo menos em julho de 2013) coloca o nome de “Best song ever” numa música, é melhor ela estar preparada para um certo toque de humor na avaliação do seu trabalho. Antes de você pensar em escrever uma resposta nervosa em defesa do One Direction, devo dizer que “Best song ever” não é ruim. Mas ela está bem aquém da capacidade dos garotos – ou do time por trás dos garotos –, que já ofereceram ao mundo “Gotta be you” (provavelmente o melhor uso de violinos no pop dos últimos 10 anos); “One thing” (que, na incrível versão acústica, encosta no que o próprio pop dos anos 60 tinha de melhor); e o insuperável tema de Nissim Ourfali (meia palavra basta?). Em um ou outro canto da música, há indícios de que ela poderia ser tão boa quanto esses outros sucessos. Mas, de certa maneira, o One Direction acabou sendo vítima do próprio sucesso internacional: a fim de agradar todo o mundo (literalmente), os produtores foram misturando tudo na mesma canção. “Best song ever” vai das guitarras pesadas ao som de balada – com toques de música latina, uma pitada de hip-hop, outra de gospel, um dedinho de Black Eyed Peas (alguém falou em “I got a feeling”?), generosas porções de k-pop, e o que mais você quiser incluir nessa receita. De certa maneira, uma nova música de uma banda poderosa como o One Direction, do jeito que as coisas funcionam hoje em dia, é obrigada a ser lançada quase que nos moldes dos grandes “blockbusters” de Hollywood: eles não são mais feitos apenas para o público americano, mas para as plateias mais cosmopolitas do mundo – com direito a elenco multiétnico, poucos diálogos, e a narrativa mais genérica possível. O problema com essa abordagem – como eu já assinalei neste espaço certa vez – é que, segundo o que eu aprendi um dia na faculdade de marketing que eu fazia, tudo que tem 1.001 utilidades não serve para nada. Tenho certeza de que essa não é a melhor música do próximo trabalho (a primeira faixa a aparecer de um disco inédito nunca é), mas mesmo que eles venham com tudo de bom, eu desconfio que o One Direction perdeu uma boa chance de ser a salvação do pop atual. Segunda evidência: “Carioca girls”. Eu sei. Eu nem precisava falar desse que foi batizado, pelo menos no e-mail que chegou para mim, de “o Nissim carioca” – o que eu acho uma injustiça. Nissim não tinha a pretensão de estourar na internet, e muito menos a de ser um “popstar”. Foi o mundo que quis assim. Já Max sonha com altos voos. Enquanto Nissim chegou no máximo à Baleia (com uma escala em Israel), Max já foi a Disney e a Londres – e nem assim aprendeu nada sobre música pop. Não estou aqui para criticar o sonho de Max – que talvez um dia venha a pleitear uma carreira tão brilhante quando à do P9. O problema é que quando você tem 13 anos e sua referência para tentar se dar bem no pop é “California gurls”, de Katy Perry (e não, digamos, Rebecca Black), mesmo seu melhor resultado vai ser constrangedor. Com pouco mais de um milhão de reproduções – e duas piscadelas embaraçosas no final de sua exibição – “Carioca girls” não chega a ser uma ameaça ao pop. Mas também não é um reforço. Tem gente boa fazendo música pelo mundo – pense em Daft Punk –, e inclusive no Brasil – cito Luan Santana, por exemplo, quase que como reflexo (e não precisa torcer o nariz nem achar que eu estou querendo fazer média). Mas artistas como esses já estão num outro patamar, são bem estabelecidos, quase inquestionáveis. O pop é feito disso sim, mas também de novidades, de coisas inesperadas, de bizarrices divertidas e despretensiosas – mas que de alguma maneira capturam a nossa atenção. E não vejo nem ouço nada disso atualmente. Acha que eu estou exagerando? Dê uma rodada no seu dial e ouça com seus próprios ouvidos. Eu mesmo fiz esse exercício este fim de semana e a única coisa razoavelmente interessante que ouvi – não, fãs de Anitta, não foi “Show das poderosas”, que é bom, mas dificilmente “fresco” – foi… “Vagalumes”, de uns garotos totalmente desconhecidos que atendem pelo nome de Pollo (com a participação do ainda mais desconhecido Ivo Mozart, que, diga-se, tem uma voz sensacional que soaria ainda melhor se viesse acompanhada de um repertório à altura). Pegando emprestado de uma certa Banda Mais Bonita da Cidade, “Vagalumes” oferece um refrão irresistível (se você não prestar atenção à letra) e uma batida que, se não é das mais originais, pelo menos não é ordinária. Além do que, mais de 33 milhões de acessos não podem estar errados! (Até podem, mas eu divago…). Tendo arrumado então alguns problemas com os fãs de todos esses artistas já citados, eu apresento agora minha terceira e última evidência de que o pop explodiu: “Power, corruption & lies”. Se você tem menos de 40 anos e não reconheceu esse nome, não tem problema. Afinal, este álbum foi lançado há 30 anos, em maio de 1983, e, a não ser que você tivesse um irmão mais velho bem antenado, dificilmente você teria ouvido esse trabalho do New Order nessa época. Eu tinha 20 anos em 83, e quero dizer, com orgulho, que pop, no meu tempo, era feito de discos como esse. Era feito também de Pretenders, de Police, de Culture Club, de Eurythmics, de Prince, de Adam Ant (também era feito de Taco, Kajagoogoo, Eddy Grant, Journey, Toto – mas não vamos confundir as coisas!). Mas acima de todas as coisas havia “Power, corruption & lies”. Fui ouvi-lo de novo (há tempos não fazia isso), para poder escrever sobre isso hoje – e levei um susto: sua reputação está intacta, contrariando até mesmo uma das letras mais memoráveis de toda a história do pop, incluída no próprio álbum: “Pensamento que não muda, permanece uma mentira estúpida” (“A thought that never changes / remains a stupid lie”, os dois primeiros versos de “Your silent face”). Desde os dez primeiros segundos de “Age of consent”, a faixa de abertura de “Power”, você é capturado por um turbilhão sonoro, do qual você será refém para o resto de sua vida. Não quero fazer uma comparação fácil – e injusta. Estou pegando o que está longe de ser o melhor no pop de 2013 e colocando ao lado do que havia de superior neste mesmo pop em 1983. Também não quero defender demais a qualidade desse pop de 30 anos atrás, para não parecer discurso de um cinquentão que não gosta de coisas novas – uma acusação da qual quem me acompanha nesses quase sete anos de blog sabe que eu já me absolvi. Estou apenas convidando você a ouvir as duas coisas e comparar. Em que época você acha que já vivemos um pop mais criativo e saudável? Temos saída para isso? Acho que sim, mas quando estamos em crise, custa-nos muito vislumbrar uma solução. Toda explosão, porém (pop!), conduz inevitavelmente a um renascimento – big bang, essas coisas. Sou otimista. Sempre tem gente boa fazendo música. Tenho fé que as coisas vão melhorar. Porque também, se nada disso acontecer, pelo menos eu tenho algumas décadas de boa música pop para ouvir nos meus arquivos. De Madness a Backstreet Boys; de TLC a Portishead; de R.E.M. a Cazuza; de The Cure a White Stripes; de Soft Cell a Britney; de Lulu a Missy Elliot; de Primal Scream a M.I.A.; de Moby a Aztec Camera; de Bonde das Maravilhas a Snoop Dogg; de Tricky a Saint Etienne; de Chemical Brothers a Shakira – um acervo para me sustentar até que eu perca a própria audição! Está estranhando o tom? Você pode até achar que eu tenha acordado meio mal humorado. Ou que eu esteja simplesmente cansado do pop. Mas estou sendo honesto e transparente. Quero ouvir coisas boas e não consigo. Se quiser me ajudar, traga-me bons exemplos de pop que estão agora no ar. Ou então não traga nada. Finja que não entendeu nada do que eu escrevi e mande já seu comentário desaforado defendendo seu artista favorito. Em minha (contra)defesa, vou recorrer mais uma vez a “Power, corruption & lies” – citando novamente, aliás, “Your silent face”. E dessa vez, sem tradução… “You’ve caught me at a bad time / so why don’t you piss off?”. Ou como diria Thiaguinho: “Desencana, facilita, deixa eu viver em paz”… (Não estou provocando, juro!) O refrão nosso de cada dia – “Bubble butt”, Major Lazer. Aviso: as imagens do vídeo de hoje podem ofender os olhos mais sensíveis. Mas se for necessário, tire as imagens da tela, e ouça apenas a música. Resisti o que pude a esse segundo disco do Major Lazer, mas finalmente me rendi. Também, com um som desses… Para criar um pouco mais de caso, eu queria um funk brasileiro (não precisa ser carioca) que quisesse ganhar o público não só com uma letra forte – ou, no caso do “rap ostentação”, engraçadinha –, mas com um som totalmente inovador como esse. Tudo bem que o Lazer tem o DJ Diplo por trás deles, mas seria tão complicado assim tentar fazer uma coisa diferente por aqui? -juju
Posted on: Mon, 22 Jul 2013 19:28:10 +0000

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