4 meses atrás, em Junho, antes de tudo que aconteceu nos últimos meses, a mídia começou a divulgar imagens de uma manifestação por causa do aumento das passagens, em que mostrava os manifestantes como arruaceiros e os policiais como coitadinhos. Tendo ouvido histórias sobre a PM do Rio de Janeiro (mas sem nunca ter visto muita coisa), achei minimamente estranho e decidi ir na manifestação seguinte, na Av. Rio Branco, para ver o que estava acontecendo com os meus próprios olhos. Para mim, aquela parecia ser uma manifestação justa, eu achava que ela devia ocorrer e vi que estava sendo construído um discurso extremamente negativo dela na mídia. Essa foi a passeata de 10 mil pessoas, que segundo a PM tinha 3 mil. Hoje, vendo o jornal da globo, vi uma reportagem mostrando parte dos manifestantes como animais. A capa do jornal O Globo mostra uma foto com um suposto integrante do Black Block mirando um estilingue em um policial, e outro policial parecendo indefeso e assustado. E a reportagem do jornal da globo terminava dizendo que dos 15 feridos ontem, 9 eram policiais, mostrando um policial sendo atendido. Enquanto isso, na internet, vimos relatos ontem de professores e mídia independente apanhando. Lembrando que, anteontem, houve um dos episódios mais tristes do Rio de Janeiro recentemente, em que profissionais da educação foram humilhados e espancados quando o BOPE entrou na câmara municipal para retirá-los (sem ordem judicial, aparentemente). Não vi uma notícia na mídia que minimamente pudesse corresponder aos relatos que chegavam pela internet. Acho que deve ter sido o Black Block que estava na Câmara Municipal e tinha se disfarçado de professor para começar a quebrar tudo do nada lá dentro. Ainda bem que o BOPE nos salvou. Não é a minha intenção nesse post discutir formas de manifestação. É apenas uma reflexão sobre a nossa existência tragicômica. E já que estamos da nossa existência tragicômica, vi um relato numa página que supostamente corresponde a greve, de que anteontem, quando os professores eram humilhados na cinelândia, chegaram integrantes do mal em forma de organização em rede conhecida como Black Block, e ajudaram dando vinagre para os professores que estavam com o olho ardendo por causa das bombas de gás lacrimogênio. Para terminar com esse post tragicômico, acho interessante destacar que estava conversando com um policial de patente mais alta há semanas atrás (em um local longe de manifestações), e, no meio da conversa, ele me falou que a polícia realmente começa a tacar gás lacrimogênio em certo momento porque a manifestação não pode durar o dia inteiro, porque ela tem que acabar, os policiais precisam ir dormir, não há contingente para fazer uma rotatividade (nem vontade para tal né). Só que, infelizmente, não é isso que parece que na mídia, não é, caro leitor que me acompanhou até aqui. O que parece é que os manifestantes começam a destruir tudo e que então a polícia intervém para salvar a civilização (ou então não os manifestantes propriamente, mas um grupo específico que personifica o mal). E é isso meus amigos. Que siga a nossa existência tragicômica.
Posted on: Tue, 01 Oct 2013 17:06:21 +0000
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