50 ANOS DEPOIS: OS OITO DE IPATINGA, NAQUELE OUTUBRO Robinson - TopicsExpress



          

50 ANOS DEPOIS: OS OITO DE IPATINGA, NAQUELE OUTUBRO Robinson Ayres “Eis aqui um episódio, Sangrento de nossa história. De quem morreu não se fala. Quem matou não quer a glória. Só os que sofreram guardaram, De pai pra filho passaram, Pra se gravar na memória” Com o tempo, a história oficial vai cobrindo com o véu de seus interesses os acontecimentos passados. Os conflitos sociais, as violências praticadas em nome da conservação de interesses das classes dominantes, que, não raro, explodem em atos de selvageria, barbaridades, vão se tornando registros e datas oficiais. Grandes efemérides. Descaracterizam-se os acontecimentos que significam alternativas para os de baixo, para os dominados. Desfiguram seus significados. Transformam a história em catálogo telefônico, puro registro de datas e nomes, em que os conflitos são meros acidentes, pelos quais todos temos a mesma culpa e responsabilidade. O estratagema dos que dominam é simples: apagar a memória dos oprimidos. Em que procuram transformar o 1° de maio? Um mero feriado, dia de pescaria, a festa do trabalhador. Quem se lembra de Michael Hwabb, Louis Lingg, Adolph Fisher, Samuel Fielden, Albert R. Parsons, Hessois August Spies, Oscar Neeb, George? Quem se lembra dos 8 de Chicago, vítimas da luta pela jornada de 8 horas? Em 7 de outubro de 2013, serão passados 50 anos do trágico Massacre de Ipatinga. Quantas perguntas ainda estão sem respostas? Quantos morreram? Quem foram os culpados? Quem e quantos foram os punidos por aquela barbaridade? No calor dos acontecimentos, como sempre, frente à dor e à revolta da opinião pública, foram instaurados inquéritos. Um militar e outro civil. Quem governava Minas naqueles dias era o banqueiro Magalhães Pinto, um dos principais líderes do golpe militar que viria a derrubar o Governo do Presidente João Goulart e enterrar vinte anos de nossa vida numa sangrenta ditadura. Claro, os interesses dos golpistas falaram mais alto. Nenhuma investigação poderia comprometer os articuladores da quartelada de 1° de abril de 1964. Os inquéritos concluíram pela responsabilidade dos militares no Massacre de Ipatinga. No entanto, o processo judicial não deu em nada. Até mesmo a Comissão Parlamentar de Inquérito –CPI instaurada pela Assembléia Legislativa de Minas Gerais não chegou a qualquer conclusão. Até suas atas desapareceram misteriosamente dos arquivos. As classes dominantes precisam,sempre, apagar arquivos, eliminar rastros, sinais. Não deixar pistas. Com a vitória do golpe de abril, os réus viraram heróis, as vítimas caem no esquecimento. Retomar o passado se torna subversão da ordem. Criminosos são condecorados. As operários da Usiminas fica reservada a mais dura repressão. Seu Sindicato sofre intervenção do Exército. Processam-se demissões em massa, prisões, ameaças e expulsão de operários da região. A classe trabalhadora, até hoje, procura reconstituir os acontecimentos. Queremos contar nossos mortos, reverenciar suas memórias, dizer que a corrida de revezamento continua. Que nossa bandeira não caiu, nossas armas não foram ensarilhadas. Quantos foram os mortos na chacina de 7 de outubro de 1963? Todos, do Presidente do Sindicato, ao Padre, ao coveiro, às testemunhas acidentais e sobreviventes, falam em mais de trinta. Trinta trabalhadores tombaram vítimas de execução sumária. O crime de todos eles: luta por dignidade, contra a repressão, por tratamento humano. Os inquéritos dizem que foram apenas 8. Foram 8 os assassinados em Chicago, 1886. Foram 8 os massacrados em Ipatinga, naquele outubro de 1963. • Aides Dias de Carvalho • Alvino Ferreira Felipe • Antônio José Reis • Geraldo da Rocha Gualberto • Gilson Miranda • José Isabel do Nascimento • Sebastião Tomé de Souza • Eliana Martins- Criança de 3 meses, metralhada no colo da mãe Até que a história dê conta de reconstituir nossa memória, levantar definitivamente a verdade dos fatos ocorridos naquele dia, apurar a identidade de todos os chacinados, estes são nossos oito de Ipatinga que, como os 8 de Chicago, representam todos os que tombaram na longa marcha dos trabalhadores na luta pela conquista de seus direitos. São eles nossos símbolos dos milhares de brasileiros que caíram vítimas da repressão praticada pelas nossas classes dominantes, pelas mãos da Ditadura Civil-Militar. É com carinho que hoje reverenciamos suas lembranças. É como reafirmação do compromisso com um mundo justo e igualitário que nos comprometemos a resgatar e preservar a sua memória. 29/setembro/2013
Posted on: Sun, 29 Sep 2013 01:31:46 +0000

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