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6 de Dezembro, 21.30h: “A Vida de Adèle: Capítulos 1 e 2” Realização: Abdellatif Kechiche Intérpretes: Léa Seydoux, Adèle Exarchopoulos, Salim Kechiouche ESP/FRA/BEL 2013, 179’, M/16 Adèle tem 15 anos e, tal como todas as raparigas que conhece, namora com rapazes. Tudo aquilo em que acredita se altera quando o seu olhar se cruza com o de Emma, uma rapariga de cabelo azul, cuja visão da vida e do mundo é muito diferente da sua. Entre elas nasce um amor e desejo profundo que, apesar das dificuldades, as fará crescer e afirmar-se enquanto mulheres. Com argumento e realização do franco-tunisino Abdellatif Kechiche (“A Esquiva”, “O Segredo de um Cuscuz”, “Vénus Negra”), foi o vencedor da Palma de Ouro da 66.ª edição do Festival de Cannes, cujo júri (presidido por Steven Spielberg) quis, com este prémio, homenagear não apenas o trabalho do realizador, mas também o de Léa Seydoux e Adèle Exarchopoulos, as duas actrizes protagonistas. “A vida de Adèle” é a adaptação cinematográfica da novela gráfica “Le Bleu est une couleur chaude”, de Julie Maroh. PÚBLICO A Vida de Adèle é uma síntese do cinema de Abdellatif Kechiche; quando é bom, roça a obra-prima, mas passa a maior parte do tempo em ponto morto Há um par de semanas, escrevendo a propósito de O Desconhecido do Lago, Luís Miguel Oliveira questionava se o filme de Alain Guiraudie seria um ponto de chegada ou um ponto de partida na obra daquele realizador francês. É uma questão que vale a pena levantar, e com bastante mais relevância, a propósito de A Vida de Adèle, fita que marcou a consagração definitiva do franco-tunisino Abdellatif Kechiche com a Palma de Ouro em Cannes 2013, e que parece levar ao limite a sua vontade de abarcar o mundo todo no seu cinema, ao mesmo tempo que concentra cada vez mais a sua câmara sobre o indivíduo. De certo modo, A Vida de Adèle é uma “síntese” de tudo o que ficou para trás no seu cinema – o Marivaux e os jogos do amor de A Esquiva (2003), a família como centro de gravidade e a comida como ponto de unificação da obra-prima O Segredo de um Cuscus (2007), o feminino incompreendido em eterna luta contra a opressão de um sistema socio-político do notável e Vénus Negra (2009). Tal como os grandes cineastas clássicos, Kechiche não faz senão rodar sempre o mesmo filme: contar a vivência de alguém que não se sente compreendido, que se sente “de fora” do mundo a que quer pertencer. Este filme-síntese é também aquele onde o realizador mais se espraia – três horas para contar o acordar para a vida de uma adolescente suburbana, Adèle (a extraordinária revelação Adèle Exarchopoulos), e o seu primeiro verdadeiro amor (por uma artista pouco mais velha, interpretada por Léa Seydoux). Ao expandir uma história aparentemente tão simples de modo quase épico, lembrámo-nos de David Lean e do modo como A Filha de Ryan (1970) levava ao limite do “micro” (uma história de amor) a aposta no “macro” (um espelho dos conflitos entre os irlandeses e os britânicos). Com a diferença de que, onde Lean deixava sempre a dimensão política à mostra, Kechiche trabalha a dimensão social, de uma surda “luta de classes” e de origens que sempre foi uma das vitórias do seu cinema e que aqui está perfeitamente entrosada com a narrativa. Contudo, apesar da entrega inultrapassável das duas actrizes que transportam o filme praticamente sozinhas, fica a sensação que Kechiche deixou fugir A Vida de Adèle por entre os dedos, se deixou levar por uma vontade de mostrar mais, de mostrar tudo, como se o seu método fosse universal e aplicável a todo o tipo de histórias. No grosso destas três horas, é como se o realizador estivesse inquieto, ansioso, à espera que alguma coisa acontecesse perante a sua câmara, como Hafsia Herzi a prolongar a dança do ventre enquanto o cuscus não chega. Quando algo de facto acontece, A Vida de Adèle roça a obra-prima, justifica a inquietação e a paciência, mostra Kechiche como cineasta único, raro, capaz de filmar assim à flor da pele, tão perto das suas personagens – mas não acontece tantas vezes como nós e ele desejaríamos. Daqui para a frente, poderá Abdellatif Kechiche continuar nesta veia sem ceder aos retornos progressivamente menores? (Jorge Mourinha, in Ipsilon) ocinemaemtomar ift.tt/14YgH1A Lido no Tomar News ift.tt/187wHR4 December 01, 2013 at 01:41PM #TomarNews
Posted on: Sun, 01 Dec 2013 13:49:22 +0000

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