A Criação, através do ocultamento A luz de uma vela tem maior - TopicsExpress



          

A Criação, através do ocultamento A luz de uma vela tem maior significado à noite; mas se torna menos relevante, apesar de não mudar sua luminosidade, em plena luz do dia. E, se de alguma maneira, a vela fosse colocada dentro do sol, sua luz seria imediatamente anulada pela potente luz do sol. A luz de uma vela dentro do sol somente teria relevância se o sol se tornasse escuro. Apenas ocultando a luz do sol, a luz da vela seria perceptível. Esta analogia ajuda a ilustrar que a Criação, que é finita e reside dentro do Infinito, na verdade é anulada dentro de Dus. Esta analogia fica aquém da realidade, pois uma vela, por menor que seja, ainda é uma fração infinitesimal do sol. Comparado com o Infinito, qualquer número, por maior que seja, é insignificante. Ademais, por definição, o infinito não pode ser decomposto em partes, e, portanto, não permite a existência de mais nada. Como discutimos acima, não há espaço fora de Dus; e, como o infinito não faz espaço para nada mais, como pode o mundo existir? A Cabalá revela que o mundo foi criado não apenas pela fala Divina, mas pelo Tzimtzum. Comumente traduzido por Divina Constrição, Tzimtzum deve ser entendido como Divino Ocultamento: Dus ocultou Sua Luz Infinita para que o mundo não parecesse estar sendo anulado dentro dEle. Nós, portanto, vemos o mundo, mas não vemos Dus. Referindo-se ao ocultamento de Dus, o Zohar fala de uma Lâmpada da Escuridão que oculta a Luz Infinita para fazer crer que a Criação é separada de seu Criador. Como a presença do Infinito e o finito - Dus e o mundo - estão sempre em oposição, sua coexistência é uma contradição. O mundo somente pode existir quando Dus Se esconde. Se a Luz Infinita fosse revelada, instantaneamente Ela consumiria e anularia tudo o que existe. A existência do universo envolve dois processos concomitantes: a contínua criação Divina, pois, do contrário, o mundo reverteria ao vazio, ao nada; e o ocultamento de Dus, pois, do contrário, o mundo seria totalmente anulado dentro de Sua Luz Infinita. No entanto, o Tzimtzum apenas explica como podemos perceber o mundo, mas não como o mundo pode coexistir com o Infinito. O mundo é um produto da Revelação Divina e do Ocultamento Divino. O fator comum a ambos os mecanismos é o Divino, não deixando espaço para nada mais. Como pode um mundo finito ser criado por Dus, oscilando entre a luz e a escuridão? Revelado ou oculto, é tudo Ele. O Baal HaTanya elucida este paradoxo com a seguinte analogia: alguém que fique fora do sol pode diferenciar entre o próprio sol e os raios de luz que emite. De fato, as pesadas nuvens arruinarão um dia a ar livre apesar do sol nunca deixar de brilhar. Mas, a luz solar dentro do sol é vinculada à sua origem. Dentro do sol, não há distinção entre o sol e a luz solar; há apenas o sol. De forma similar, como não há nada fora de Dus, o mundo nem pode ser comparado a um raio de sol que, apesar de ser completamente dependente do sol, é reconhecido como uma entidade em si só. Pelo contrário, o universo todo é anulado dentro de Dus assim como o raio de sol o é dentro do sol. Como escreve o Baal HaTanya, este é o significado da verdadeira unicidade de Dus: o fato de que tudo é nada, comparado a Ele, pois tudo é verdadeiramente anulado dentro de Sua Existência. A unicidade de Dus não significa que não haja outros deuses no mundo. Significa que não há nada além dEle. Pois, ainda que nosso mundo realmente exista, assim como a luz existe dentro do sol, esse mundo é completamente anulado dentro de sua Origem: não possui existência independente ou absoluta. O ato de idolatria - quer se adore uma estrela, uma estátua ou um homem qualquer, mesmo um Tzadik - é abandonar tudo pelo nada, pois que apesar de o mundo ser a fala Divina, o mundo não é Dus. Prova disto é que o mundo está constantemente sendo criado do nada e poderia reverter ao vazio do nada - sem efetuar qualquer mudança em Dus. Segundo a Cabalá, o ponto de partida da idolatria não é a negação de Dus nem a crença em outros deuses, mas é a assunção de qualquer coisa que seja independente dEle. O epítome da idolatria foi personificado pelo Faraó do Egito - o vilão arrogante que afirmou ser um deus, auto- criado. Não é de surpreender que Dus tenha escolhido Moshé, cuja essência é a antítese da idolatria, para enfrentar e vencer o Faraó. Pois Moshé, apesar de ser o maior de todos os profetas, foi também o homem mais humilde que já existiu: ele personificou a verdadeira santidade, que significa a auto- anulação diante do Divino. Pode-se conjeturar que a humildade de Moshé não era simplesmente produto do tipo de pessoa que era, mas também do que ele vivenciou. Chegando tão próximo a Dus, como a nenhum outro ser humano foi dado chegar, ele pôde perceber, melhor do que ninguém, que tudo e todos nada são quando comparados ao Criador. Moshé pergunta, pois, retoricamente: E que somos nós? (Êxodo, 16:7). A resposta é que comparados a Dus, nada somos. O paradoxo da Criação - de como um mundo finito pode existir quando, na verdade, nada existe além de Dus - é transmitida pela seguinte história. Um rabino chassid disse, certa vez, a um filósofo, que pessoas como você pensam em Dus o tempo todo, enquanto os chassidim apenas pensam em si próprios. Percebendo um sorriso no rosto do filósofo, o rabino disse, não o digo como elogio, explicando a seguir: Pessoas como você têm certeza de sua própria existência. E, por isso, passam os dias pensando em Dus. Será que Ele existe? E que tipo de Dus é Ele? Por outro lado, nós, os chassidim, sabemos que Dus existe. Portanto, passamos o dia pensando se nós próprios existimos. E em como é possível esta nossa existência.
Posted on: Sat, 30 Nov 2013 23:46:47 +0000

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