A DESTRUIÇÃO DA BIBLIOTECA Tem-se pensado, sendo esta a versão - TopicsExpress



          

A DESTRUIÇÃO DA BIBLIOTECA Tem-se pensado, sendo esta a versão que ainda figura em muitos manuais de história, que a Biblioteca de Alexandria foi incendiada, pela primeira vez, durante a invasão de César ao Egipto em 47 d.C.. Esta teoria está hoje abandonada. Na altura em que César mandou incendiar os navios do porto, terão ardido simplesmente mercadorias, armazéns, e pacotes de livros que estavam no cais para serem transportados para Roma. A Biblioteca e o Museu terão sido realmente incendiados, juntamente com o Bruquion, em 273 da era cristã, na época do imperador Aureliano, durante a guerra com a princesa Zenóbia. Depois deste acontecimento, a biblioteca foi reconstruída num Museu mais uma vez renovado. Em 391 d.C., o famoso templo de Serápis (ornamentado com mármores, ouro e alabastro de primeira qualidade) que também possuía uma biblioteca, foi destruído a mando do Patriarca cristão Teófilo que dirigiu um ataque aos templos pagãos. Todo o bairro onde se situava o templo, Rhaotis, foi então incendiado. Em 642 d.C., data em que os árabes ocuparam a cidade, não é possível dizer se a Biblioteca e o Museu ainda existiam na sua forma clássica. Pensa-se que terá sido nesta época que os livros da biblioteca terão sido destruídos. Conta-se que o Califa Omar teria ordenado ao Emir Amr Ibn Al que procedesse à destruição dos livros que não estivessem de acordo com o Corão. Diz-se que o Omar teria justificado a destruição com estas palavras: «Se os escritos dos Gregos concordam com as Sagradas Escrituras, não são necessários; se não concordam, são nocivos e devem ser destruídos». Mas, também a credibilidade desta história tem sido contestada por muitos estudiosos. De qualquer modo, o magnífico recheio da Biblioteca terá acabado nos fornos que, durante três meses, aqueceram os numerosos banhos públicos da cidade. Apenas terão sido poupados os livros de Arístóteles (1) O que hoje resta desta lendária biblioteca é uma cave húmida, esquecida nas ruínas do antigo Templo de Serápis e algumas prateleiras bolorentas que sobreviveram até aos nossos dias (cave que Carl Sagan, no 1º programa da série Cosmos, que vivamente recomendamos, nos permite visitar). A Biblioteca de Sarajevo depois do bombardeamento de que foi alvo em 1992 A destruição da biblioteca de Alexandria é um acontecimento de consequências incalculáveis. Sepultando para sempre a esmagadora maioria das obras da Antiguidade clássica (por exemplo, das 800 peças de comédia grega apenas restam algumas obras de Plauto e Menandro), o incêndio da Biblioteca de Alexandria constitui um dos mais dramáticos acontecimentos de toda a História da cultura. Como escreve Carl Sagan (1980: 30) “Existem lacunas na História da Humanidade que nunca poderemos vir a preencher. Sabemos, por exemplo, que um sacerdote caldeu chamado Berossus terá escrito uma História do Mundo em três volumes, na qual descrevia os acontecimentos desde a Criação até ao Dilúvio (período que ele calculava ser de 432 mil anos, cerca de cem vezes mais do que a cronologia do Antigo Testamento!). Que segredos poderíamos desvendar se pudéssemos ler aqueles rolos de papiro? Que mistérios sobre o passado da humanidade encerrariam os volumes desta biblioteca?” (1) Na verdade, segundo diversos historiadores muçulmanos e não muçulmanos, a história do envolvimento de Omar tem pouca credibilidade. A história teria sido inicialmente transmitida pelo muçulmano Abd al-Latif, historiador de Saladino. Saladino, um muçulmano sunita, na sua senda de expulsar os Cruzados e unir os muçulmanos, derrotou os Fatimidas (seita derivada do xiismo, considerados heréticos mesmo pelos xiitas muçulmanos) que reinavam no Egipto, após o que teria mandado destruir os livros heréticos que os Fatimidas tinham na Grande Biblioteca do Cairo. É neste contexto que Abd al-Latif conta a "história" de Omar e da Biblioteca de Alexandria. Mais tarde, em 1663, a história foi retomada por Edward Pococke na sua tradução de "História das Dinastias". Em 1713, esta mesma história foi considerado uma falsificação por Frei Eusèbe Renaudot, posteriormente suportado por Alfred J. Butler, Victor Chauvin, Paulo Casanova e Eugenio Griffini. Mais recentemente, em 1990, Bernard Lewis, conhecido crítico do Islão, também contestou a história do envolvimento do califa Omar. Pode ler a resposta dada por Bernard Lewis no seguinte link: nybooks/articles/3517 . Da mesma maneira, e de acordo com o classicista egípcio Mostafa el-Abbadi, Ibn al-Qifti (contemporâneo de Abd al-Latif) teria escrito em 1224 que o recheio da Biblioteca de Alexandria teria terminado nos fornos dos banhos públicos. Segundo el-Abbadi, a história teria sido inventado por al-Qifti para justificar a venda dos recheios das livrarias de Alexandria pelo seu amo Saladino que, assim, teria angariado financiamento para a sua luta contra as Cruzadas. Mas, perguntam muitos, se a Biblioteca já tinha sido queimada, logo no início da conquista do exército de Omar, como explicar a existência de tantos papiros para serem queimados em banhos públicos, e por mais durante três meses? Por outras palavras, se a história de Abd al-Latif não corresponde à verdade, também a de Ibn al-Qifti oferece pouca credibilidade. Acresce ainda que não existem comentários contemporâneos de tal bárbarie. Os escritos da literatura medieval do Islão, das igrejas Coptas e doutras orientações cristãs, assim como os dos Bizantinos e os Judeus, são omissos sobre uma tamanha destruição (informações gentilmente cedidas pelo Sr.Tayeb Habib)
Posted on: Fri, 04 Oct 2013 11:45:53 +0000

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