A Educação Especial foi tradicionalmente concebida como - TopicsExpress



          

A Educação Especial foi tradicionalmente concebida como destinada a atender o deficiente mental, visual, auditivo, físico e motor, além daqueles que apresentam condutas típicas, de síndrome e quadros psicológicos, neurológicos e psiquiátricos. Também estariam inseridos nessa modalidade de ensino os alunos que possuem altas habilidades e superdotação (GURGEL, 2007, p. 39). Pela Constituição Federal de 1988, art. 205, a educação é direito de todos e dever do estado e da família e será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade. Em seu artigo 208, ela assegura o atendimento educacional especializado aos “portadores de deficiência”, preferencialmente na rede regular de ensino. Nessa direção, a Lei Federal 7853 dispõe que nenhuma escola ou creche pode recusar o acesso do deficiente a instituição escolar (JOVER, 1999, p. 9). Desde a década de 1960, é recomendada em nosso país a matrícula de pessoas com necessidades educacionais no sistema geral de educação, assim como é apontado nas Diretrizes e Bases da Educação Nacional – Lei 9394/96, Art. 60. Em seu Parágrafo único dispõe que “O Poder Público adotará, como alternativa preferencial, a ampliação do atendimento aos educandos com necessidades especiais na própria rede pública regular de ensino, independentemente do apoio às instituições previstas neste artigo”. Portanto, cabe aos órgãos responsáveis a implementação de projetos e condições para que o direito dessas pessoas à educação escolar regular possa realmente se efetivar em uma escola de qualidade, uma escola para todos. Não é simplesmente integrar, que significa a inserção da pessoa deficiente preparada para conviver na sociedade, mas a inclusão que compreende a modificação da sociedade, como pré-requisito e como condição, para que a pessoa com necessidades especiais tenha condição de desenvolver e exercer sua cidadania. A prática da inclusão social se baseia em princípios diferentes do convencional, que geralmente se reduz á presença das pessoas com deficiências na escola da rede regular. Mas aponta para a aceitação das diferenças individuais, valorização de cada pessoa, convivência dentro da diversidade humana, aprendizagem por meio da cooperação e o atendimento às necessidades educacionais especiais. Enfim, segundo Mantoan (1997) “É preciso preparar a escola para incluir nela o aluno especial e não ao contrário”. Para que haja uma melhor interação entre pessoas com necessidades especiais e as pessoas sem deficiências, o primeiro passo seria sensibilizar e capacitar todos os funcionários da instituição, professores, orientadores, enfim todos os profissionais. É importante também sensibilizar os pais, sobretudo os dos não deficientes, uma vez que eles devem desempenhar um papel ativo no processo de inclusão (JOVER, 1999, p. 12). “A inclusão postula uma reestruturação do sistema de ensino com o objetivo de fazer com que a escola se torne aberta às diferenças e competente para trabalhar com todos os educandos, sem distinção de raça, classe (…)” (GUIMARÃES, 2003, p. 46). Desse modo, atualmente a educação especial encontra-se numa situação de crise de identidade (BEYER, 2005). E com relação á escola inclusiva a construção da identidade passa pela valorização das qualidades de cada um dos estudantes (CAVALCANTE, 2004). Conforme a psicóloga e educadora Josca Baroukh, a sociedade brasileira ainda “engatinha” no que se refere à inclusão, contudo o professor deve apostar no aluno e para isso é necessário conhecê-lo bem. Recomenda ainda que deva ouvir as crianças e os jovens e ser sensível para identificar limites e possibilidades de cada um. Para ela o deficiente sente-se excluído porque o tratam como incapaz. Os pais, por sua vez, infantilizam ou superprotegem os filhos e o professor que recebe esse aluno teme fracassar na tentativa de integrá-lo à sociedade, principalmente se não tiver orientação sistematizada. Às vezes, o professor, sem querer, estereotipa o estudante e o trata com pena. Mas quando o tema é abordado de forma positiva, o aluno se descobre pelo acréscimo e não pelo déficit (BAROUKH, 2004). Baroukh (2004, p. 33) aposta nos projetos que levem o aluno a valorizar suas potencialidades e a se sentir parte de um todo. Para tanto, ”todos os professores sem exceção, precisam praticar o respeito e a tolerância que só nascem quando se entende que o normal é ser diferente”. A educadora Mantoan (2005) afirma que na escola inclusiva professores e alunos aprendem uma lição que a vida dificilmente ensina: respeitar as diferenças. Ressalta ainda, que a inclusão é a nossa capacidade de reconhecer o outro e ter o privilégio de conviver com pessoas diferentes. Diferentemente do que muitos possam pensar, inclusão é mais do que rampas e banheiros adaptados. Na perspectiva de Mantoan um professor sem capacitação pode ensinar alunos com deficiência. ”O papel do professor é ser regente de classe e não especialista em deficiência, essa responsabilidade é da equipe de atendimento especializado, uma criança surda, por exemplo, aprende com especialista em libras e leitura labial. A função do regente é trabalhar os conteúdos, mas as parcerias os profissionais são muito produtivas. Se na turma há criança surda e o professor regente vai dar uma aula sobre o Egito o especialista mostra a criança com antecedência fotos, gravuras sobre o assunto” (2005,p,24) Conforme Hugo Otto Beyer (2005) existia alguns anos atrás uma definição clara em que as crianças com deficiência eram atendidas em escolas especiais e as crianças sem deficiências em escolas regulares. Além disso, não havia praticamente qualquer situação de trabalho comum entre as escolas especiais e as regulares, e os educadores especiais tinham seu lugar nas escolas especiais e os professores com formação nas pedagogias e nas licenciaturas nas escolas regulares. No entanto, com a inclusão escolar existe uma redefinição da função das escolas especiais e das regulares, bem como uma re-significação de papéis, dos saberes e práticas dos professores que atuam nas escolas regulares e com pessoas com necessidades educacionais especiais (TARTUCI, 2006). Consideramos que não existe atualmente nenhuma possibilidade de se opor inclusão social à educacional. Seria inclusive ausência de bom senso, mas é preciso que seja construída com competência e responsabilidade, respeitando os princípios legais, de direito à cidadania e à educação, e os princípios éticos, do respeito á diferença. Desse modo, não é possível pensar a inclusão apenas localizando as mudanças nas ações dos professores e das suas práticas pedagógicas. Não excluímos a importância de sua atuação nesse contexto. Todavia é preciso avançar e considerar as mudanças que se operam no conjunto da escola, de suas práticas, de sua organização e de sua cultura (TARTUCI, 2001). Nesse sentido, concordamos com as palavras de Carvalho que “As escolas e os professores podem muito, mas não podem tudo!” (2004, p. 09). Bayer (2006) ao discutir a inclusão, aponta algumas mudanças necessárias, e que já vem sendo implementadas, para atender os alunos com necessidades educacionais especiais nas escolas regulares, considerando os dois princípios fundamentais: a convivência construtiva dos alunos e aprendizagem comum (e que atenda também às especificidades pedagógicas). As condições apontadas são: a individualização do ensino, que significa a individualização dos alvos, da didática e da avaliação; o sistema de bidocência; o conceito de educação especial subsidiária. Com relação à bidocência, estudos já vem apontando alterações no âmbito da escola inclusiva que incorpora a presença de dois professores, ou ainda dois ou mais profissionais. “Os projetos e práticas de inclusão escolar vêm se compondo a partir de reestruturações que em geral já incorporam ou pelo menos sinalizam a incorporação de novos atores, novos profissionais no cenário escolar, como instrutores surdos e intérpretes, além das figuras de professor regente, especializado, itinerante etc” (TARTUCI, 2006, p. 1). Por sua vez, “a entrada de um outro profissional na sala de aula não é uma questão simples e não passa apenas pela boa vontade daquele que recebe. As relações que serão ali estabelecidas colocam em jogo papéis e poder, bem como re-coloca questões sobre o ser aprendiz, sobre si mesmo e sobre o ser professor” (p. 12). Nesse sentido, as alterações e mudanças implementadas para construir uma escola inclusiva nos convoca a novos debates acerca do papel da escola, de sua organização e do papel dos professores e dos novos educadores que ali atuarão, seja no espaço da sala de aula junto ao professor regente, seja em outros espaços da escola. Referência Bibliográfica BEYER,Hugo Otto. inclusão e avaliação na escola de alunos com necessidades educacionais especiais. Editora Mediação, 2005. CARVALHO, Rosita Edler. Dez Anos Depois da Declaração de Salamanca. 2004 CAVALCANTE,Meire, Aparências diferentes?Talentos também. . In: Revista Nova Escola. Editora Abril, nº 173, 2004 GUIMARÃES,Arthur, A Inclusão que dá certo. In: Revista Nova Escol. Editora Abril, nº 165, 2003. GURGEL,Thais, Inclusão, só com aprendizagem. In: Revista Nova Escola. Editora Abril, nº 206, 2007 JOVER,Ana, Preparando a escola inclusiva. In: Revista Nova Escola. Editora Abril, nº123,1999. KASSAR,Mônica de Carvalho Magalhães Matrículas de Crianças com Necessidades Educacionais Especiais na Rede de Ensino Regular ,Editora Autores Associados, 2004. TARTUCI, Dulcéria. Re-Significando o “Ser Professora”: Discursos e Práticas na Educação de Surdos. 29º Reunião Anual da Anped. Educação, Cultura e Conhecimento na Contemporaneidade: Desafios e Compromissos. Caxambu, MG, 2006. *Aluna do Curso de Pedagogia, Universidade Federal de Goiás - Campus Catalão. educação especial escola regular Estudantes inclusÃ
Posted on: Wed, 28 Aug 2013 04:24:56 +0000

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