A GREVE DE 1979 Fevereiro de 1979. No Morumbi, CorĂ­nthians e - TopicsExpress



          

A GREVE DE 1979 Fevereiro de 1979. No Morumbi, CorĂ­nthians e Guarany decidiam o campeonato paulista. Na galera, torciam Lula, Devanir Ribeiro, JanjĂŁo e AlemĂŁo. Iniciava-se a campanha salarial dos metalĂșrgicos de SĂŁo Bernardo do Campo e Diadema. A pauta de reivindicaçÔes incluia 34,1% alĂ©m do Ă­ndice oficial, como reposição das perdas salariais. Vendo a multidĂŁo no estĂĄdio, Lula teve uma idĂ©ia: convocar uma assemblĂ©ia sindical capaz de lotar um campo de futebol. 13 de março de 1979: 80 mil metalĂșrgicos em greve ocupavam o gramado e as arquibancadas do estĂĄdio da Vila Euclides, em SĂŁo Bernardo do Campo. Sem microfone, Lula tinha o seu discurso repetido pelos que o ouviam, como ondas sucessivas de um lago atingido por uma pedra. Dois dias depois, quando 170 mil trabalhadores jĂĄ estavam parados em todo o ABC, a greve foi considerada ilegal. Na madrugada de 22 de março para 23, enquanto os metalĂșrgicos permaneciam em vigĂ­lia no sindicato, de BrasĂ­lia o ministro do Trabalho, Murilo Macedo, falava com o governador paulista, Paulo Maluf. Pouco depois, tropas da PolĂ­cia Militar garantiam a intervenção no sindicato. A repressĂŁo ao movimento foi implacĂĄvel. Com a Vila Euclides fechada, os trabalhadores faziam suas assemblĂ©ias na Igreja Matriz de SĂŁo Bernardo do Campo. Mas ao discutir com os empresĂĄrios a trĂ©gua de 45 dias no movimento, Lula exigiu e obteve a reabertura do estĂĄdio. O 1Âș de maio daquele ano coincidiu com o perĂ­odo da trĂ©gua. 150 mil trabalhadores participaram do ato comandado por Lula na Vila Euclides, quando Vinicius de Moraes recitou O OperĂĄrio em Construção e correu a notĂ­cia de que o delegado SĂ©rgio Paranhos Fleury, chefe do EsquadrĂŁo da Morte, morrera estranhamente afogado no litoral paulista. Ao final da trĂ©gua, a 13 de maio, assinou-se um acordo razoĂĄvel entre empresas e sindicato, a intervenção foi suspensa e a greve encerrada. Embora reduzidos os ganhos salariais, o saldo polĂ­tico do movimento liderado por Lula fora significativo. Ao mobilizar todo o seu potencial repressivo, o governo revelara aos trabalhadores o seu carĂĄter ditatorial; viera Ă  tona a subserviĂȘncia do poder pĂșblico Ă s multinacionais e, do ministĂ©rio do Trabalho, Ă  Fiesp; a Lei de Greve ficou desmoralizada; a liderança de Lula e de seus companheiros de diretoria conquistara mais representatividade, pois mesmo com o sindicato sob intervenção eles foram reconhecidos pelo governo e os patrĂ”es como Ășnicos interlocutores legĂ­timos. A GREVE DE 41 DIAS Em 1980, Lula liderou a histĂłrica greve de 41 dias. A campanha salarial dos metalĂșrgicos de SĂŁo Bernardo do Campo e Diadema reivindicava sobretudo garantia de emprego, redução da jornada de trabalho para 40 horas semanais, controle das chefias pelos trabalhadores e direito de os dirigentes sindicais ingressarem nas empresas a qualquer hora. Como os patrĂ”es se mostraram irredutĂ­veis Ă s negociaçÔes, a greve teve inĂ­cio a lÂș de abril, quando 140 mil metalĂșrgicos cruzaram os braços. A repressĂŁo ao movimento incluiu atĂ© helicĂłpteros do ExĂ©rcito que, armados de metralhadora, sobrevoaram as assemblĂ©ias da Vila Euclides. Lula conseguiu que os trabalhadores nĂŁo se deixassem intimidar. Enquanto cantavam o hino nacional, todos erguiam bandeirinhas do Brasil distribuĂ­das pelo sindicato. A 17 de abril, o ministro do Trabalho, Murilo Macedo, decretou a segunda intervenção no sindicato presidido por Lula, cassando seus diretores da vida sindical, mas sem conseguir que se afastassem do comando do movimento. No dia 19, Ă s 6 da manhĂŁ, Lula foi preso em sua casa pelo DOPS, numa operação coordenada pelo governo Paulo Maluf, e que envolveu a prisĂŁo de inĂșmeros dirigentes sindicais em todo o ABC, inclusive sindicalistas e juristas de S. Paulo. No lÂș de maio, Lula teve a alegria de saber, na prisĂŁo, que 120 mil pessoas haviam se reunido numa manifestação em SĂŁo Bernardo do Campo. A tristeza, poucos dias depois, foi obter permissĂŁo especial para, escoltado, comparecer Ă  missa de corpo presente de sua mĂŁe. Como forma de pressĂŁo para que os patrĂ”es retomassem as negociaçÔes, Lula e seus companheiros de cĂĄrcere fizeram seis dias de greve de fome. Em 20 de maio de 1980, Lula teve sua prisĂŁo preventiva revogada. Libertado, sua primeira atitude ao chegar em casa foi soltar os passarinhos da gaiola... Julgado pela Justiça Militar em novembro de 1981, recebeu a pena de 3 anos e 6 meses de prisĂŁo. Posteriormente, o Superior Tribunal Militar anulou o processo.
Posted on: Wed, 30 Oct 2013 13:52:23 +0000

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