A Hora da Verdade Mestre Aquilino Ribeiro fez sempre da verdade uma arma rija mas transparente que foi o símbolo da sua vida literária. Hoje, se ainda o pudéssemos abordar nestas “Terras do Demo” diria de nós, sem rebuço, que não lemos os seus livros, que desperdiçámos a imensa riqueza cultural que nos legou, que o depositámos na cripta dos nossos maiores, mas não o respeitamos, porque esquecemos a maior obra literária de um Portugal que pateticamente olha em derredor e aceita viver de cabeça baixa, num País de derrotados. Seria esta verdade nua e crua que Mestre Aquilino, à laia de bofetada nos atiraria à cara. O que ele disse, o que ele fez, o que ele escreveu, podemos resumi-lo no seu ex-libris, adaga afiada, num turbilhão de força, de auto-confiança e de crer, gritando-nos com uma cólera incontida, “Alcança Quem Não Cansa” Se fosse do reino dos vivos, teria 127 anos e por isso importa lembrar um homem inteiro, que viveu um tempo desassombrado, em que os vultos da cultura emprestaram o sangue, a tenacidade e o espírito combativo, ao homem comum e todos juntos, moveram montanhas, acreditando que o dia de amanhã seria melhor que o de hoje, porque o milagre acontece, se cada um tiver respeito por si próprio como ser humano e disser, “Eu sou um CIDADÃO, tenho direitos e deveres e quero ser tratado nesta condição”. Reconheço que agora somos um “Portugal Urbano” e este fenómeno moderno, em vez de nos polir e civilizar, fez de nós, inacreditavelmente, aqueles seres vazios e inertes que se arrastam nas cidades, prontos a voltar à condição de escravos, indignidade da qual nos libertámos à custa de tantos Aquilinos. Hoje, desprezando o seu legado cultural e cívico, sem respeito pela herança dos nossos avoengos, aceitamos para nós e para os nossos filhos, um futuro sem honra nem glória, mergulhados neste purgatório, que nos sufoca e nos destrói. António Marques 11 de Julho de 2013
Posted on: Thu, 11 Jul 2013 10:03:05 +0000
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