A ‘Lenda’ do Santo Graal no Vale do Rio Novo – Conto I __________________________ Atenção: Os fatos narrados a seguir fazem parte de um processo investigativo a partir das traduções do aramaico arcaico de um pergaminho encontrado acidentalmente por gansos, um cágado e uma retro escavadeira no fundo do lago do horto meses após o estouro da barragem. Pelo péssimo estado de conservação do documento histórico e da memória falha das testemunhas ouvidas, alguns pontos foram perdidos para sempre, abrindo uma lacuna no enredo e na cronologia. __________________________ Resumidamente, em um documento antigo recentemente descoberto e traduzido é descrito que após a última ceia de Jesus com os Apóstolos e de todo mundo ter posado para o famoso quadro de Da Vinci, José de Arimatéia recolheu a mesa e os apetrechos daquela noite e com eles o cálice usado por Jesus. Momentos depois, romanos prenderam Cristo no jardim das oliveiras que fora julgado com veredito popular e o crucificado. Arimatéia foi com o cálice até a cruz onde estava o corpo do cordeiro de Deus recolhendo uma porção de seu sangue e depois migrou para o continente europeu, mais precisamente nas ilhas britânicas onde o cálice sagrado ficou séculos sob a guarda da Ordem dos Templários no subsolo da capela de Rosslyn na Escócia. Em meados do século XX, um tal Dr. Jones, a mando do cineasta ianque Spilberg e maçonaria, começou uma busca frenética desse artefato disputando com nazistas que no final das contas espancaram Dr. Jones e conseguiram levar o Santo Graal num dirigível até Berlim. Com o final da 2ª Guerra e a derrota da Alemanha nazista, Hitler e alguns seguidores, diferentemente do que prega a história oficial, conseguiram fugir de mala, cuia e suástica num submarino até a América do Sul onde se estabeleceram a princípio no deserto da Patagônia argentina. Com documentos falsos e sotaque forçado, conseguiram levar uma vida normal na Argentina fabricando salsichas e cerveja pilsen, chegando a fundar um time de futebol, o Kaiser Football (incorporado posteriormente ao Boca Juniors) e a AFA (Associação de Futebol Argentino). Na década de 60, meio debilitado pelo Alzheimer, endividado com a crise do seu time e tendo que pagar pensão alimentícia ao seu filho bastardo, Diego Armando, com uma funcionária do clube, Hitler decide fazer um brechó com os artefatos trazidos de Berlim e que decoravam sua mansão na periferia de Buenos Aires. O mochileiro paraguaio Salim compra quase tudo, incluindo o Santo Graal, levando toda a aquisição em duas kombis para Ciudad Del Este. Já nos anos 80, o turista bate-volta avareense Setembrino dos Santos, do outro lado da ponte da Amizade se encanta com o Cálice Sagrado na barraca de Salim que o vende como se fosse um raro disco esportivo do império Inca. Retornando a Avaré, Setembrino, teu filho Natalino e teu cão pastor de estimação Pascoal foram no parque da Emapa para brincar com o “disco” antigo. Percebendo que além de pesado, o brinquedinho antigo não se sustentava no ar, Natalino se irritou veemente descartando o objeto atrás do antigo palco. Anos mais tarde, com o início das obras do “Picovão” (aquele enorme buraco na Emapa), num dia de calor, garotos nadando nas águas barrentas do lençol freático aflorado, por acaso topam com o Santo Graal sujo de terra vermelha logo ali na beira, intrigados com o que seria aquilo, limpam e resolvem levar para casa, mas por motivos desconhecidos acabam jogando o cálice num latão de lixo na CAIC e depois disso não há mais notícias corretas do seu paradeiro. Diz a lenda que alguém ao passar por perto percebeu um brilho misterioso vindo do lata de lixo o recolhendo e hoje o Santo Graal orna discretamente um carrinho de reciclagem que vagueia pelas ruas da cidade conduzido por um senhor de barba grande que se veste curiosamente de Papai Noel no Natal. Infelizmente não há comprovação da veracidade de todos os fatos aqui narrados, porém existe uma grande probabilidade. Até uma outra! * Publicado originalmente no AVDF em Dez/12
Posted on: Sat, 20 Jul 2013 13:27:33 +0000
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