A Mata do Krambeck e seu entorno viraram alvo do desrespeito à legislação ambiental. Mais importante remanescente da Mata Atlântica no perímetro urbano, com terreno superior a 300 hectares (ou três milhões de metros quadrados), a região, localizada entre as zonas Nordeste e Norte, aos poucos vem perdendo algumas espécies. Apesar de ser considerada área de preservação ambiental (APA) pelo Estado, nas últimas semanas, a Tribuna verificou a movimentação de terra e retirada de árvores em trecho da mata, que interliga os bairros Santa Terezinha e São Dimas. Verdadeiros clarões podem ser observados depois que inúmeras espécies foram cortadas no local, que apresentava estágio avançado de recomposição. Em outra ocorrência, registrada em março deste ano, dois homens foram detidos pela 4ª Companhia Independente de Meio Ambiente e Trânsito Rodoviário (4ª CiaIndMat) por corte ilegal de árvores no entorno da Mata do Krambeck. O local devastado agora pode ser visto a partir do acesso pela Rua Santa Terezinha, no bairro homônimo. As áreas atingidas ficam ao lado do portão do Jardim Botânico da UFJF. Devido ao tamanho da retirada, quem reside na região questiona como as autoridades não perceberam a irregularidade a tempo de tomar providência. Conforme moradores do entorno e um funcionário da vigilância do Jardim Botânico, as "entradas" que podem ser vistas nas margens da pista foram feitas rapidamente. "Caminhões chegaram, as árvores foram cortadas, tiraram uma quantidade grande de terra e foram embora. Acredito que o serviço tenha durado uma semana", diz um morador que preferiu não ser identificado. Pedidos negados Chefe do Departamento de Educação Ambiental e Proteção aos Recursos Naturais da Secretaria de Meio Ambiente, Wesley Cardoso esteve no local e verificou a supressão da vegetação. "Foram feitas intervenções enormes e, pelo tamanho e característica do fragmento, não fica a cargo do Município, mas dos órgãos ambientais estaduais e da Polícia Ambiental tomar as medidas cabíveis. Até então, isso não era de conhecimento desta chefia. A Secretaria de Meio Ambiente recebeu pedidos de retirada de espécies referentes ao local, mas todos foram negados, porque a área compete ao IEF (Instituto Estadual de Florestas) e à Supram (Superintendência Regional de Regularização Ambiental). Ainda assim, vamos acionar esses órgãos e também o Ministério Público. Também já comunicamos a Polícia Ambiental." Jardim Botânico é atingido De acordo com o núcleo local da Supram, nenhum pedido de supressão de árvores foi solicitado ao órgão e, portanto, a ação é considerada irregular. Acionada pela Tribuna, a 4ª Companhia Independente de Meio Ambiente e Trânsito Rodoviário (Cia IndMat) também compareceu ao espaço devastado e verificou a situação. "A equipe constatou a retirada de árvores, mas ainda não conseguimos localizar os responsáveis. Não temos conhecimento de quem é o proprietário daquela área, mas vamos continuar monitorando a situação para tomar as providências cabíveis", afirma o sargento Ricardo Valle Caetano. Em nota, a UFJF informa que, durante vistoria realizada no Jardim Botânico por engenheiros da Pró-reitoria de Infraestrutura, foi constatada a invasão de área próxima ao acesso de serviço do jardim e os danos causados ao meio ambiente. "O relatório foi formalizado pela Pró-reitoria e entregue à administração superior da universidade, que irá acionar a Procuradoria Federal junto à instituição para as providências jurídicas em relação às questões ambiental e patrimonial." Ainda segundo a instituição, a movimentação de terra e o desmatamento atingiram também área pertencente ao Jardim Botânico. Conforme o Núcleo Regional de Fiscalização Zona da Mata, vinculado à Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad), o órgão não recebeu nenhuma notificação sobre a referida intervenção ambiental, mas a denúncia será encaminhada à Diretoria de Atendimento a Denúncias do Cidadão e de Órgãos de Controle (Dadoc).
Posted on: Tue, 13 Aug 2013 03:24:36 +0000