A QUESTÃO DOS MÉDICOS CUBANOS O governo federal joga - TopicsExpress



          

A QUESTÃO DOS MÉDICOS CUBANOS O governo federal joga inteligente cartada política. Nossa cultura vê saúde como questão médica. Mais médicos significaria mais saúde! As manifestações de rua de junho de 2013 exigiram mais saúde, melhor atendimento, mais hospitais. Está aí a resposta do governo federal. Em Cuba priorizaram educação. Médica cearense declarou que há elitização da medicina, citando custos mensais que chegam a seis mil reais em faculdades particulares. E que grande maioria das vagas de faculdades públicas são preenchidas com estudantes egressos dos melhores e mais caros colégios. Consequentemente este médico prefere especializar-se em longas residências, em que não estão errados, conclui. A recente declaração do presidente do Conselho Regional de Medicina de MG de que chamará a polícia quando souber que há um médico cubano praticando a profissão sem CRM mostra o descaminho que tomou este debate. Vai levar a uma batalha jurídica pois há um convênio entre o Brasil e Cuba, além de precedentes internacionais bem vistos pela Organização Mundial da Saúde. A medicina cubana é respeitada e adaptada à realidade social cubana. Neste caso, a população pobre tende a ficar ao lado do governo federal e contra o CRM. Os médicos precisam de lideranças esclarecidas e competentes, com foco na questão da saúde, para enfrentar este debate. Saúde não é uma questão basicamente médica nem corporativa, e sim de qualidade de vida. Realmente os médicos brasileiros do SUS precisam com urgência de um Plano de Carreira de Estado, assim como já possuem os juízes, promotores, professores das universidades federais, militares, etc. Este deve ser o foco trabalhista, digamos. Até aqui, os CRMs fizeram muito pouco para avaliar a qualidade dos cursos médicos do Brasil, ou a qualidade da medicina praticada, ou que passa com os espertamente chamados Planos de Saúde! Tem muitos médicos em dia com as mensalidades do CRM sem condições de exercer uma boa medicina e há hospitais e postos sem condições de atendimento. No SUS há consultas que duram poucos minutos, sem nenhuma qualidade. Pede-se muitos exames em substituição ao exame clínico praticamente abolido, excluindo a boa relação médico-paciente. Estes debates vão trazer mais benefícios que propriamente a ação dos médicos cubanos. O governo federal internacionalizou o debate sobre Saúde no Brasil. Isto é bom. Com estes embates, estamos assistindo ao nascimento de um novo momento da história do SUS: uma ofensiva ideológica. Os médicos brasileiros, embora vivendo num país capitalista serão doravante mais cobrados como missionários ou acusados de mercenários. Os médicos serão isolados politicamente e expostos ao julgamento do povo. Os vícios corporativos desta categoria profissional serão sublinhados. Mas o governo federal é frágil quando podemos mostrar que o SUS está tendo foco na doença, não na saúde. Isto terá que ser debatido. O povo observa e comenta que muitos médicos que chegam no interior fazem sua clínica particular e ficam ricos em pouco tempo. Num país capitalista todo mundo acha certo o médico ganhar dinheiro com sua profissão. Mas pouco se avalia da qualidade desta medicina. Agora chegam os socialistas cubanos declarando exercerem a medicina sem nenhuma preocupação com dinheiro, somente por solidariedade. Estas declarações do governo do Brasil e dos médicos cubanos parecem uma miragem no deserto, um sonho. Radicaliza-se o debate entre a categoria médica e o governo federal. Pergunta-se se o governo federal trabalha com tanto altruísmo salarial e está disposto ao atendimento médico pelo SUS. O governo declara a assistência médica uma emergência nacional, embora seja um problema que dura séculos. As condições de vida e trabalho da população, salários e condição de moradia e transporte não é foco neste debate. Pensava-se que os países deverim construir um sistema de vida que fizesse a saúde ser uma consequencia, ficando a assistência ambulatorial e hospitalar como um setor importante, mas não o principal promotor da saúde. Assim pensam os fazendeiros do agronegócio, que investem forte na saúde animal até a fase de abate ou da produção leiteira. Investem na prevenção, para terem lucro, raramente precisam chamar médicos veterinários para tratar dos doentes, pois teriam prejuízo. Esta comparação todos entendem. Estamos sendo tangidos a uma disputa como se fosse entre o bem e o mal. Precisamos resisitr a esta simplificação e patrulhamento. Até entendo que os povos precisam se entrosar e o mundo romper com fronteiras. Não me seduzem os argumentos corporativistas dos Conselhos Regionais de Medicina, voltados mais para si mesmos e pouco propensos a defender a sociedade, finalidade para a qual foram criados. A vinda de estrangeiros qualificados e politizados pode ajudar a melhorar nossa sociedade, há falta de médicos por todo lado. Os médicos sem lideranças para este tipo de enfrentamento estão caindo numa armadilha ideológica. Está em jogo uma disputa política visando as eleições de 2014, na qual se decidiu usar como terreno o debate sobre a saúde no Brasil, colocada na ordem do dia pelas manifestações de junho de 2013. Nete ponto é que o verdadeiro debate vai pegar.
Posted on: Sun, 25 Aug 2013 20:35:25 +0000

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