A característica mais marcante do nosso tempo é a de reproduzir de maneira piorada, em série, de plástico, grotescamente, filosofias, princípios e atitudes de outros tempos e outros contextos, como se a automação, a publicidade e a abrangência global conferissem a esse processo uma aura de modernidade e eficiência abençoada pelo verniz filosófico, milenar, exotérico e oriental. Acontece com a Yoga. Acontece com as artes marciais. É a pororoca da suposta eficiência maquinária com a aprovação mística milenar. Raspando o verniz do MMA, o que sobra é algo muito parecido com o que os evangélicos fazem com a religião: convertem uma experiência tridimensional em auto-ajuda, em escada para o sucesso pessoal, para a superação do Mal, que pode vir encarnado num adversário no ringue ou no capeta. O outro. Sempre o outro é o inimigo a ser derrotado. Para essa corrente que se impõe de maneira avassaladora - em academias de enrijecimento do corpo, em ode à violência nas ruas, no consumo de produtos culturais brutalizantes -, o Eu é sempre virtuoso; o Eu de cada uma dessas pobres almas. E essa gente está ganhando. As fotos da matéria falam por si mesmas.
Posted on: Mon, 11 Nov 2013 12:34:35 +0000
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