A descoberta do Coque Moradores do Coque estão dando provas de - TopicsExpress



          

A descoberta do Coque Moradores do Coque estão dando provas de cidadania e de amor ao bairro. O Coque (R)Existe vai à ruas e deixa mais visível a dramática situação de exclusão em que vive a parte mais discriminada do Recife, por deformações culturais históricas e, sobretudo, por omissão dos governantes. A visibilidade que seus moradores procuram dar, mostrando até através de pesquisa que 86% não pretendem deixar aquele território estigmatizado, esbarra na má fama de um lugar que, apesar de sua localização estratégica, é visto como uma espécie de "patinho feio" do Recife. De tal forma a má fama se consolidou através do século passado que Coque passou a ser indicador de criminalidade e de exclusão. Morador que faz uma ficha cadastral, por exemplo, teme dar sua origem e estende a linha geográfica para algo mais amplo, como Ilha Joana Bezerra, para não chocar os analistas de crédito. Até a origem do nome se perde num quadro que vai do folclórico ao ridículo, desde uma suposta existência de milícias dos donos de engenho para fiscalizar o transporte ao Porto na região dos coqueiros - daí Coque -, até a relação com um antigo dono das terras - Gaspar Coque -, ou a fantástica suposição de que o nome seria uma corruptela da palavra inglesa cook. Especulações à parte, voltando ao plano do real, o fato é que o Recife viu se formar em sua área mais central um de submoradias, fruto da luta pela sobrevivência de imigrantes vindos das regiões mais sofridas do Nordeste, fugidos das muitas calamidades que fustigam o Interior, desde o cangaceirismo às secas do Sertão, às dificuldades da monocultura canavieira, ao desemprego e à busca de melhores condições de vida das pessoas que nada têm nas suas comunidades interioranas e procuram equipamentos sociais e qualidade de vida na capital. O Coque, certamente, não pode ser tido como um lugar onde as pessoas encontraram melhores condições de vida, assim como em todas as formações urbanas que fazem do Recife uma das principais capitais em aglomerados de pobreza, para não dizer miséria. E porque faltaram os equipamentos urbanos indispensáveis às pessoas que foram se amontoando até formar a população estimada atual em 40 mil habitantes, o equivalente a uma cidade média do Interior,é que o Coque virou mais que um amontoado e ganhou fama de reduto de marginais. É contra a pobreza gerada pela exclusão, pela omissão dos governantes, e contra o estigma da criminalidade que a população se levanta e proclama o direito da cidadania na forma como está prescrito na Constituição Federal. Por ter lhes faltado a formação sistemática na busca dessa cidadania é que talvez a comunidade ainda não tenha descoberto que ela tem, sim, direitos constitucionais que não podem ser subtraídos por governantes que são capazes de efetuar gastos em obras suntuosas e nem sempre indispensáveis, deixando de lado o princípio e fim de toda administração pública, que são as pessoas.
Posted on: Wed, 07 Aug 2013 16:13:00 +0000

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