(...) A esquerda sempre fez a apologia de quem mais lhe tem dado - TopicsExpress



          

(...) A esquerda sempre fez a apologia de quem mais lhe tem dado rasteiras: a história. Vira e mexe, os fatos históricos, qual água sorrateira, minam os fundamentos dos castelos conceituais até então considerados inabaláveis. Foi assim qdo a Revolução Russa contrariou a previsão de Marx de que o socialismo surgiria, primeiro, num país capitalista avançado; qdo os camponeses chineses, nos anos 30, derrubaram o mito de que só os operários formavam a classe revolucionária; qdo os estudantes levantaram barricadas em Paris, em 1968. Ao ver a Sobornne em ebulição, os cardeais da dogmática marxista, capitaneados por Atthusses, decidiram aproveitar a suspensão das aulas para, no interior da França, reciclarem suas iluminadas cabeças. Afinal, tratava-se apenas de um conflito de gerações, sem maiores implicações na luta de classes... Porém, os trabalhadores aderiram ao movimento e os intelectuais, pegos sem calça pelo bonde da história, viram que era hora de retornar à Paris. Como os ferroviários tinham entrado em greve, não foi possível o encontro da "vanguarda" com a "massa". A esquerda costuma ter uma cabeça que dificulta o movimento dos pés. O arsenal de conceitos marxistas, cartesianamente dispostos, resiste às novas bandeiras que não se enquadram nos padrões clássicos. Ocorreu na Nicarágua: A Frente Sandinista, ao chegar ao poder, não sbia como tratar os índios miskitos. Cometeu barbaridades, dignas de nossa Funerária Nacional dos Indios (Funai). Até que antropólogos e indigenistas, inclusive brasileiros, foram em socorro dos miskitos, convencendo os sandinistas de que a etnia é uma senhora respeitável, embora não se vista com classe. Frei Betto in "fome de pão e de beleza" 1990.
Posted on: Thu, 20 Jun 2013 18:23:10 +0000

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