A lua O dia esteve quente e abafado. A noite está serena. No céu estrelado desenha-se a lua, não tão cheia como ontem, deixando já adivinhar um quarto crescente. Está linda ainda! Continua com aquela magia que enche de sonhos os corações apaixonados e de desejos ocultos os que não estão. Olho-a fixamente, afasto quimeras e apenas sou invadida pelo desejo de a contemplar noutro lugar que não da minha janela da cozinha. Cheira-me a maresia. Ouço o canto das gaivotas, o espanejar do seu voo por cima da minha cabeça, o rebentamento das pequenas ondas na areia. onde estou deitada. A frescura da água envolve-me os pés e arrepia-me. Rodo sobre mim mesma e, de barriga para baixo, o queixo assente nas mãos, observo a espuma branca que se desfaz no areal macio. As gaivotas vooam a pique, mergulham rapidamente e logo voltam a cortar o ar com o pescado no bico, ora batendo as asas, ora planando, libertas e felizes. No horizonte, pequenas luzes desenham traineiras. Num pontão, o farol ergue-se majestoso e alerta. No firmamento, brilham as estrelas e a lua que roubei da minha janela. Sempre teve para mim um encanto especial, a lua, pelo enigma intrínseco, pela simbologia, pelos momentos especiais que outrora representou. Popularmente, não significa mais, neste momento, do que a hora de cortar o cabelo, a fase do seu fortalecimento e crescimento rápido. Para mim, nostalgia no meu coração, beleza contemplável para o meu olhar, promessa para o meu futuro, luz mágica da minha noite. Ouço uma porta a bater! Esfuma-se a minha praia, mas a lua continua, lá no alto, alva e formosa, fazendo parte da minha vida, mesmo que apenas avistada da janela da cozinha. F.B.
Posted on: Sat, 21 Sep 2013 13:25:32 +0000
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