A língua portuguesa tem (aliás como todas as manifestações de expressão) esta coisa irritante de valorizar mais uma lasca de componente da discórdia do que da concórdia. Uma expressão fora do sítio atira-nos mais para o levantar do muro do que para a sua queda e derrube. O José Adelino é um dos grandes professores portugueses. E, mais ainda, um dos grandes pensadores portugueses. Fá-lo de uma forma que alguns dirão de gongórica, outros com uma enorme riqueza de estilos e recheada de caminhos. Uma espécie de entrecosto da palavra onde o osso tem sempre carne de boa qualidade. A recente invenção do ministro Crato de avaliar o avaliado, o homem que abomina a calculadora e incendeia a escola com o seu pensamento pouco maleável, e muito de velho do Restelo, traz à colação mais uma pretensa criação de novos muros entre os docentes do superior e todos os outros. Adelino Maltez diz, e muito bem, que o seu paradigma de ensino é a sua professora primária, paradigma que o é de muitos, como a minha Dona Estela, que mais do que professora era uma verdadeira tutora. E de caminho fala no aspecto fundamental: o ser-se professor não pelo papel passado pelo patrão, mas o ser-se professor pelo papel da... paixão.
Posted on: Sat, 23 Nov 2013 11:25:04 +0000
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