A mudança é a única constante? Vi essa frase no MSN de um - TopicsExpress



          

A mudança é a única constante? Vi essa frase no MSN de um grande amigo (quando ainda existia MSN), e desde então não deixei de me perguntar por que nunca paramos pra pensar nisso. E esse questionamento me levou a pensar que as mudanças também acarretam permanências... Não deixamos de ser o que éramos em cinco minutos, pois algumas continuidades permanecem por toda uma vida. Mas o que é mudança e o que é permanência? Até que ponto a ruptura é o essencial, a ponto de não percebermos a carga de continuidade que ela possui? Como diria Marc Bloch, existem continuidades nas mudanças, e as primeiras são tão importantes quanto as últimas. Devo confessar que a ideia de escrever sobre este período não é minha. Foi um desafio que minha amiga Eliana me lançou, escrever um blog... Por alguma razão, ela acha que eu tenho a sensibilidade necessária para tratar de um tema tão delicado como linfoma e suas implicações físicas e emocionais. Nos conhecemos em uma reunião da ABRALE para arregimentação de voluntários para trabalhar no Dia Mundial do Linfoma, que ocorreu em 14 de setembro de 2008. E devo confessar que foi um péssimo dia pra me conhecer, pois estava deprimidíssima depois de uma consulta com o meu médico. Na reunião, ela pediu que eu e mais outra paciente fôssemos entrevistadas pela TV para falar sobre a nossa experiência. Eu, bicho do mato, me neguei até a morte a fazer isso! Claro que ela insistiu, e aí eu desatei a chorar. Com toda a paciência do mundo, a Eliana e a Ângela (outra amiga que conheci na mesma ocasião) me acalmaram, e desde então começou uma grande amizade que eu espero que continue por toda a vida. Mas estou adiantando muito a história. Na verdade, ela começou em junho de 2007, precisamente durante um ensaio para a apresentação de "O Lago dos Cisnes". Tive um problema de distensão em um músculo da garganta durante um dos ensaios (tudo bem, podem rir, eu sei que existem distensões mais nobres...) e, desde então, comecei a pular de um otorrino a outro pra tentar achar uma solução pro meu problema. De junho de 2007 a maio de 2008 eu me tratei da bendita distensão, de sinusite, de alergia (embora nunca tivesse sido alérgica) e de um refluxo persistente que se traduzia em uma tosse cada vez mais constante e irritante. Os otorrinos já não sabiam mais o que fazer, e então eles me deram alta. Porém, como a tosse continuava e eu não sabia mais pra onde correr, acabei indo parar no consultório do clínico geral que literalmente salvou minha pele. Um simples raio X mostrou qual era o caminho pra achar o problema, e depois de uma tomografia lá fui eu direto pro pneumologista, que por sua vez me encaminhou para o hematologista. Até então, só havia fortes especulações sobre a probabilidade de ser um linfoma; estava meio em “stand by”, esperando pelo resultado definitivo - e àquela altura do campeonato, minha vida já estava de pernas para o ar, mas o que me interessava mesmo era voltar a respirar. O diagnóstico finalmente foi dado em 25 de junho de 2008, depois de uma punção torácica nada agradável... E lá estava eu, aos 24 anos, completamente absorvida por um trabalho que era minha paixão e entrando na reta final da 2ª graduação, com linfoma de Hodgkin, um câncer que, apesar de ser considerado bem menos agressivo que outros tipos, não deixava de ser letal, ou, na melhor das hipóteses, capaz de causar estragos consideráveis na vida de um ser humano. O mais estranho? Eu não me importei. Só pensei: "eu vou me tratar, e ficarei bem de novo". Na ocasião desse pensamento, estava completamente focada nas permanências... E me esqueci completamente de que as mudanças também fazem parte das continuidades.
Posted on: Sat, 14 Sep 2013 15:27:25 +0000

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