A nossa infância em Guarapari foi pura felicidade. Claro que - TopicsExpress



          

A nossa infância em Guarapari foi pura felicidade. Claro que tivemos nossos momentos de tristeza, é a vida. Crescíamos nos familiarizando com palavras como Mibra, Ilmenita, Monazita, Radium e Torio, componentes do universo nuclear e a nossa velha decantada radioatividade. Elementos entrelaçados entre si que deram origem ao nome dos nossos monumentos, Radium Hotel, Torio Hotel e o Hotel Monazita, que existiu na rua Joaquim Silva Lima. Meus amigos, sem importância somente como registro, eu tive uma certa coincidência ao longo da minha vida no tema desse comentário, pois fui envolvido em vários fatos ligados a ele, mas descobri uma grande coincidência, está sim importante, pois liga a rua em que eu moro há 52 anos com a história da nossa cidade, ou parte dela, que me deixou muito feliz. Gente, entre tantos amigos que tive em Guarapari três se destacaram, João de Eulália, José Alberto Silva e Antônio Cristóvão, conhecido por todos como cara de gato. Eu o chamava de de gato. Certa vez de gato me fez um convite, Carvalho vamos estourar a pedra do calhao da praia das castanheiras, eu respondi, vamos, e em seguida perguntei como íamos fazer isso. Ele respondeu, deixa comigo. Nesse tempo nós que tínhamos parentes trabalhando na Mibra não havia restrição alguma em entrar nas suas seções, fosse a hora que fosse, somente não se podia entrar na inaremo (Joana) seção da Mibra em Muquiçaba, onde a entrada era controlada. No dia seguinte a tardinha de gato chegou na minha casa com um vidro do biotônico Fontoura cheio de areia Monazita, amarelinha, parecia ouro em pó. Perguntei, pra que isso? Ele respondeu, esqueceu? É para desenvolvermos qualquer coisa para estourar o calhao. De gato morava onde é hoje o início da Rua Zuleima Fortes Faria. Ali tinha um valão e um pontilhão que dava acesso ao campo do Guarapari. A casa ficava em frente a pracinha da atual Dr Roberto Calmom, ela era de esturque e coberta de palha, tinha dois cômodos, uma cozinha e um quarto com duas camas de solteiro, vivia ele, sua mãe e um meio irmão pequeno. Tinha uma cômoda, que separava as duas camas, colocamos o vidro em cima dela e ficávamos, horas e horas, olhando esperando dar um estalo na nossa mente para dar o passo seguinte no projeto, este segundo passo não veio, no final de três dias desistimos. Não tínhamos maldade, não pensamos em outra coisa, éramos sonhadores, viajávamos sugestionados por aquele ambiente que vivíamos, como disse no início, éramos muito felizes, jamais comentei esse fato, sinto muita saudade dos meus amigos. Amigos, vim para o Rio de Janeiro em 1959, dois anos mais tarde viriam a minha família, onde ficariam por 10 anos. Meu pai comprou um terreno na rua Pierre Curie, bairro de Bangu, rua que moro, repito, há 52 anos. Pierre Curie, cientista físico. O casal Curie, Pierre e Mari Curie, foram os primeiros a usar o termo radioatividade e descobriram a energia nuclear juntamente com um estudante seu ao identificar a emissão continua do calor das partículas do Radium. O cientista Pierre Curie descobriu o Radium no seu poder máximo até então, no ano de 1898, ano que foi descoberta as areias radioativas de Guarapari, morreu no ano de 1906, mesmo ano que foi instalado em Guarapari, pela Societe Minerale Franco Brasiliense, a usina Mibra. O casal Curie foi agraciado duas vezes com o prêmio Nobel de ciências. Meus amigos, a partir de 2003 a vida me ofereceu surpresas agradáveis e reforçou a minha interação com aquelas palavras mágicas que a gente aprendia e convivia na nossa cidade desde os nossos primeiros anos de vida. Por intermédio de meu genro Alexandre Silveira, funcionário da Eletronuclear, central nuclear Angra 1. Conheci vários funcionários da usina Angra 1 e 2, uns já aposentados e muitos em plena atividade, residindo nos condomínios operários, Praia Brava - Angra dos Reis e Mambucaba -Paraty. Gente maravilhosa que habita esse recanto lindíssimo que é a costa verde do sul do Rio de Janeiro. Através do meu genro Alexandre, eu, minha nora Sandra Elisa Fonseca e Bene Carvalho, meu filho, fizemos uma visita histórica ao complexo nuclear Almirante Álvaro Alberto, tantas vezes citado no livro do Dr Silva Melo, Guarapari maravilhas da natureza. Percorremos o interior da central Nuclear Angra1, seção por seção, estivemos próximo ao reator, coração da usina, e foi visível a minha emoção quando penetramos na sala de controle, cérebro de uma usina atômica. Olhei para aqueles operadores, alguns já conhecidos meus, e considerei os verdadeiros heróis nacionais. Nesse momento, meus amigos, meu pensamento retrocedeu ao dia 25 de agosto de 1945, quando a meia noite em ponto o Santa Maria desatracou do trapiche da Mibra rumo à Vitória, levando eu, meu irmãos José Pedro Carvalho e Sebastião Carvalho, minha mãe Thereza e minha Tia Zilda, meu pai era moço de convés do navio. Nós íamos à Vitória para tirar retrato para documentos. O navio ia pesado, com os porões carregados com dezenas de sacos com areia Monazita, pesando cada um 60 quilos, levando em seu bojo o Torio, o Hélio e as partículas do rádium, a nossa radioatividade. agosto de 1945. Minha mãe, Thereza, meu pai, Adamastor, eu é meus irmãos José Pedro e Sebastião.
Posted on: Wed, 01 Oct 2014 00:30:15 +0000

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