A oposição que temos é a oposição que merecemos Por Marcelo - TopicsExpress



          

A oposição que temos é a oposição que merecemos Por Marcelo Madureira Estou espantado com a quantidade de acessos no meu modesto blogue. Verifico, roído pela inveja (inveja branca) que, muito mais do que meus escritos, o que está “bombando” é o post em que reproduzo um artigo do Gabeira, publicado no Estadão, pasmem!, há quase um mês atrás! Nem todos têm tempo para fazer uma leitura atenta e diária dos jornais, revistas e blogues, coisa que faço, por dever de ofício, desde os tempos do Casseta & Planeta, Urgente! O texto do Gabeira despertou acalorado debate. Muitas pessoas reclamam do ex-deputado, e sempre jornalista, que acerta no diagnóstico mas não propõe conduta terapêutica. Mais do que isso, afirmam que não temos uma oposição consequente e combativa, que nos represente para “mudar tudo isso que está aí” – parafraseando o discurso do PT antes de chegar ao poder. Pois bem, isso é mais uma herança lusitana que carregamos em nossos cromossomos. Estamos sempre à espera de um D. Sebastião, de um messias, um líder sábio e justo, acima do bem e do mal, que venha com todas as respostas prontas e nos indique o caminho seguro para nossa redenção. Já vi esse filme. Ora, isso não existe, e a História não cansa de demonstrar. O que constrói a mudança é o processo e a luta política. Nós somos a oposição. Quarenta e quatro milhões de brasileiros declararam isso ao votar contra o PT nas últimas eleições para presidente. E isso não é pouco. Estamos, sim, é desarticulados, desorganizados e complacentes. Política todos nós fazemos, desde quando acordamos até a hora que vamos dormir. Inclusive a pior delas, que é a política de não fazer política. Se faz política no trabalho, na escola, no ônibus, na sala de espera do médico, argumentando com um funcionário público, cortando o cabelo, na arquibancada do futebol, na reunião da escola do filho e, até mesmo, fazendo pipi no aeroporto imundo. Viver é um ato político. Esse exercício cotidiano de perguntas, debates e, se possível, respostas, vai formando um caldo denso que, pelo menos deveria, desemboca em partidos representativos e, por consequência, no Congresso, onde a política se materializa. Precisamos consertar isso. Afinal quem, sendo uma pessoa de bem, ressalvando-se as exceções de praxe, se candidata a ir para Brasília? Quem deseja para um amigo querido ser “condenado” a passar 4 anos num ofidiário, como a assembleia legislativa do Rio de Janeiro? Claro, sobra para os aventureiros, para não dizer bandoleiros, de ocasião. Na verdade renegamos a vida comunitária. Quem é o “babaca” que vai ser o próximo síndico do prédio? A Política se faz onde se está, até na Papuda. Aliás, um dos lugares onde se mais faz política no Brasil de hoje. Me recordo quando o Casseta & Planeta estava no ar, no auge de sua liberdade de conteúdo, ou quando publicávamos o Agamenon em jornal (não se esqueçam que continuamos no blogue), o que mais proporcionava satisfação era a contribuição que o humorístico dava para o debate político. É curioso constatar que quase não se faz mais humor político no Brasil, principalmente na TV. É claro, canais de televisão são concessões públicas, sujeitas aos (maus) humores do governo. Deste que esta aí, para ser bem claro. Não nos esqueçamos também que o governo é um grande anunciante. Fernando Gabeira talvez contribua muito mais para política com o seu trabalho nos jornais, rádio e TV do que frequentando palácios ou o Congresso Nacional. E não custa lembrar a sua trajetória pessoal, uma lição exemplar do que é ser um “animal político”, no melhor sentido do termo, e de como este animal pode evoluir. Temos pela frente grandes desafios, a começar por ampliar a nossa “tchurma”. Escrevemos, debatemos e conversamos entre nós mesmos e, por isso, com nós mesmos, concordamos. É imperativo ampliar o nosso discurso para as pessoas mais simples. Ser claros, concisos, assertivos e, mais importante, buscar formas agradáveis de dizer isso. Chega de ser pomposo, acadêmico, pedante e hermético. Deixemos isso para os sapientíssimos tribunos do excelso sodalício, o Supremo Tribunal Federal. E tenho dito.
Posted on: Mon, 25 Nov 2013 17:37:50 +0000

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