A poesia se esfrega nos seres e nas coisas Nunca sentiste uma - TopicsExpress



          

A poesia se esfrega nos seres e nas coisas Nunca sentiste uma força melodiosa Cercando tudo que teus olhos veem, Um misto de tristeza numa paisagem grandiosa? Ou um grito de alegria na morte de um ser que queres bem? Nunca sentiste nostalgia na essência das coisas perdidas Deparando com um campo devoluto Semelhante a uma virgem esquecida? Num circo, nunca se apoderou de ti, um amargor sutil. Vendo animais amestrados E logo depois te mostrarem Serem humanos imitando um réptil? Nunca reparaste na beleza de uma estrada Cortando as carnes do solo Para unir carinhosamente Todos os homens, de um a outro pólo? Nunca te empolgastes diante de um avião Olhando uma locomotiva, a quilha de um navio, Ou de qualquer outra invenção? Nunca sentiste esta força que te envolve desde o brilho do dia Ao mistério da noite, Na extensão da tua dor E na delícia da tua alegria? Pois então, faz de teus olhos o cume da mais alta montanha Para que vejas com toda amplitude A grandeza infindável da poesia que não percebes E que é tamanha! - Adalgisa Nery, in: Mundos Oscilantes, 1962.
Posted on: Sat, 22 Jun 2013 21:53:32 +0000

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