“A verdadeira política não tinha desaparecido do nosso cenário. Ela recomeçou com toda sua força, e recomeçou com três novos processos que me parecem muito importantes de serem compreendidos: primeiro, ela criou um novo ciclo de lutas. Segundo, ela criou um novo modelo de mobilização política. E terceiro, ela criou um novo confronto.” “Nosso modelo de democracia, parlamentar, que durou até agora, acabou. Ele não existe mais. É claro que ele vai continuar, pode continuar, mas coisas que acabam podem acabar durante décadas, durante séculos. Mas o que acabou, acabou, ou seja, não é possível esperar mais nada do que diz respeito a uma experiência realmente democrática através desse enquadro institucional que nós vemos hoje. Então todas essas discussões sobre democracia direta, de construção de uma experiência efetiva de democracia direta, de mobilização a partir de outras formas de organização, de outros arranjos institucionais, isso veio para ficar. Isso pode demorar ainda a produzir algum resultado, porque sempre vai ter alguém que vai falar: “mas como assim, como a gente vai deixar de governar com o Congresso?” [...]Mas como não é possível começar a desenvolver estruturas de participação popular efetiva, de democracia real e concreta, dentro do nosso contexto. Nós nunca tentamos fazer nada, e não é possível impedir que as pessoas tentem, que as pessoas por tentativa e erro consigam construir novas alternativas.” "Outro ponto é a construção de serviços públicos de qualidade. Todas as manifestações desde 2011 batem nesse aspecto. Aqui no Brasil nós encontramos uma espécie de sintoma fundamental. [...] Mas é sempre o mesmo tipo de questão, contra essa ideia liberal de que você não deve ter um estado capaz de dar serviços públicos de qualidade e gratuitos para a toda população. As pessoas saíram para dizer “não, nós queremos de fato, porque sabemos que sem isso não desenvolvimento de fato, não há desenvolvimento real”. “O novo modelo de mobilização política. Ao invés das palavras genéricas e da luta geral contra o capitalismo, nós encontramos uma forma muito mais efetiva, que é pegar um ponto que é a ponta do iceberg de todo nosso processo de distorsão social. Isso tem força. Quando ativistas do MPL insistem "mas a nossa questão era muito clara. Eram os 20 centavos de redução da tarifa e a tarifa zero", isso me parece que é a estratégia fundamental.” “Como isso inaugura uma nova forma de conflito? Eu percebo várias pessoas com medo. Com medo porque eles descobriram uma coisa absolutamente inacreditável: a direita tem voto. Sempre teve, e se eles tiverem que botar um milhão de pessoas na rua, eles podem colocar. Mas isso sempre foi assim, e nem por isso a gente ficava com medo quando as pessoas apareciam na rua. Vocês esperavam o que? Que a gente fosse recebido com flores? É claro que isso nós inauguramos um novo conflito político brasileiro, mas agora o conflito se dá na rua, ele não se dá às escondidas, ele não se dá mediado pela imprensa, ele não se dá nos gabinetes.” “Desculpem, mas de onde saiu essa ideia de que a corrupção é uma pauta de direita? Na verdade, todos vocês têm essa sensibilidade de perceber que o discurso da corrupção sempre apareceu por setores da imprensa que querem defender os seus amigos corruptos e corruptores, então eles vão focando em um ou outro corrupto que não é mais o seu amigo. [...] Como é que a gente neutraliza? Dizendo “não, a corrupção não é nossa pauta”?. Não, dizendo a luta contra corrupção é a nossa pauta. Mas uma luta contra corrupção ampla, geral e irrestrita. [...] Não há nada de conservador em dizer que sim, nós queremos uma política jacobina da virtude, com respeito absoluto por todo o bem comum. Essa pauta é nossa, sempre foi nossa, não é deles. Eles usam essa pauta para se auto defender, mas nós não usamos essa pauta pra isso. Nós usamos essa pauta para permitir o aparecimento d e um novo tipo de política nesse país” youtube/watch?v=jGLWklkb59Q&feature
Posted on: Sat, 29 Jun 2013 01:41:23 +0000
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