ABCDomingo 14 07 2013 A causa da crise é interna Francisco Ferraz Até agora só Marina Silva saiu ganhando com a precipitação do lançamento da campanha eleitoral de 2014. Aécio não ocupou ainda o espaço do PSDB em eleições presidenciais; Eduardo Campos hesitou em assumir sua candidatura, expôs-se à hostilidade do PT e não cresceu na opinião pública; e Dilma sofreu uma queda muito expressiva nos seus índices de aprovação. O que ficou manifesto, sem qualquer dúvida, foi a recusa do eleitorado para se deixar envolver precocemente na campanha eleitoral. A decisão de iniciar as preliminares do jogo presidencial parece ter prejudicado quem se antecipou – Dilma; não ajudou quem foi forçado a entrar - Aécio e Eduardo; e mostrou que Marina se beneficia de um elevado recall de sua passada candidatura. As manifestações das ruas trouxeram para o presente, questões políticas que estavam sendo guardadas para 2014; exteriorizaram sentimentos de decepção e revolta que, obviamente atingiram em cheio o governo os partidos da sua base política no Congresso, sobrando ainda para os políticos de maneira geral. Com a queda dos índices de aprovação da presidente da república o governo, desacostumado com índices desfavoráveis, entrou numa crise que tenta dissimular, mas assim mesmo é uma crise. O que há de mais peculiar nessa situação é que ela não se instalou por falta de poder. Ao contrário, ela atinge um governo com excesso de poder. Antes dela se manifestar, os governos Lula e Dilma navegaram índices muito altos de aprovação, dispunham de folgada maioria no Congresso, sempre contaram com recursos orçamentários abundantes, grande simpatia internacional, beneficiaram-se de confortável estabilidade econômica e de vultosos investimentos externos. Em consequência, os resultados das pesquisas seguiam favoráveis à Presidente e ao governo; os estádios da copa eram inaugurados; o julgamento do mensalão perdera seu ritmo e a Presidente sentia-se tão firme que nomeara seu 39º. Ministro. Até a vaia na abertura da Copa das Confederações, as manifestações de protesto e insatisfação de centenas de milhares de pessoas, nas ruas das principais cidades e as últimas duas pesquisas, a crise do modelo político vigente permanecia escondida da maioria da população. O governo teve então a sua crise. É dentro dele que a crise deverá ser enfrentada. É no seu interior que a presidente deve procurar as causas e razões para os desgastes e impasses que o atingem.
Posted on: Sun, 14 Jul 2013 23:01:16 +0000
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