AFOGAMENTO Em Portugal, o afogamento continua a ser uma causa de - TopicsExpress



          

AFOGAMENTO Em Portugal, o afogamento continua a ser uma causa de mortalidade importante, particularmente no grupo etário entre 1 e 4 anos, onde é a segunda causa de mortes acidentais (dados de 2010). Embora termos como afogamento, quase-afogamento, pré-afogamento e vários outros sejam usados frequentemente, muitas vezes, o contexto em que estas designações são empregues é pouco claro. Importa, portanto, utilizar uma terminologia mais objectiva, com definições claras que eliminem estas imprecisões. De acordo com as recomendações internacionais (ILCOR Advisory Statment e Organização Mundial de Saúde), designações como pré-afogamento, afogamento sem aspiração (seco), com aspiração (molhado/húmido), silencioso, activo, passivo ou secundário não devem ser utilizados. Estes termos/expressões devem ser substituídos por afogamento e, relativamente às consequências do afogamento, devem ser utilizados morte por afogamento, afogamento com sequelas (com morbilidade) e afogamento sem sequelas (sem morbilidade). Estas designações serão utilizadas neste protocolo. Por afogamento entende-se a situação em que há compromisso da ventilação devido a submersão/imersão num meio líquido. Subjacente a esta definição está o facto de existir uma interface líquida na entrada das vias aéreas que impede a vítima de respirar ar. Morte por afogamento designa as situações em que é possível estabelecer uma cadeia de causalidade clara entre o episódio de afogamento e a causa de morte, independentemente do tempo decorrido entre ambos. As situações em que a vítima de afogamento sobrevive, designam-se por afogamento com sequelas, se o episódio de afogamento originou sequelas irreversíveis, ou afogamento sem sequelas, se o afogamento não provocou lesões ou se as lesões sofridas foram reversíveis. Incluem-se no grupo dos sobreviventes de afogamento todas as vítimas de afogamento que foram reanimadas com sucesso e tiveram alta hospitalar ou morreram por causas não directamente relacionadas com o afogamento. O processo de afogamento tem início quando a vítima é incapaz de respirar ar porque as suas vias aéreas ficam abaixo da superfície de um líquido. Na grande maioria das vezes, o líquido é água. Numa fase inicial a vítima prende a respiração, podendo existir laringospasmo secundário à existência de água a nível da orofaringe ou laringe. Após algum tempo a vítima fica hipóxica, hipercápnica e acidótica, sendo frequente a ingestão de grandes quantidades de água. Com o agravamento da diminuição da PaO2, o laringospasmo desaparece e a vítima “respira” o líquido de forma activa, encharcando os pulmões com quantidades variáveis desse líquido. Seguem-se alterações a nível pulmonar, dos fluidos corporais, da tensão sangue-gases, do equilíbrio ácido-base e das concentrações de electrólitos, dependentes da composição e volume do líquido aspirado e da duração da submersão/imersão. Alterações do surfactante, hipertensão pulmonar e o aparecimento de shunts intra-pulmonares contribuem para o agravamento da hipoxemia. Se o processo de afogamento continuar, a paragem circulatória ocorre, resultando em disfunção multiorgânica e morte, sendo a causa primária a hipóxia tecidular. Em caso de afogamento num líquido com temperatura abaixo dos 10 oC, mecanismos adicionais podem ter lugar, nomeadamente os resultantes dos efeitos cárdio-vasculares induzidos pelas baixas temperaturas, onde se incluem a hipertensão e taquidisritmias. Se a vítima for resgatada pode não ser necessária qualquer intervenção (sobrevivente sem sequelas) ou pode ser necessário instituir medidas de reanimação que, quando adequadas, podem interromper o processo de afogamento. O cérebro e o coração são os órgãos mais sensíveis à falta de oxigénio pelo que, mesmo períodos curtos de hipóxia, podem causar danos irreversíveis ou conduzir à morte. A causa de morte mais frequente nos afogados hospitalizados é a encefalopatia anóxica, com ou sem edema cerebral. A prioridade no afogado é o seu resgate e a instituição precoce das medidas necessárias para corrigir a hipóxia, a hipercápnia e a acidose, e restaurar o funcionamento normal dos órgãos. Gabinete de Marketing e Comunicação Instituto Nacional de Emergência Médica, IP
Posted on: Tue, 08 Oct 2013 07:12:18 +0000

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