ALGUMAS OUTRAS "VERDADES" SOBRE NOSSO VIZINHO URUGUAY QUE A GLOBO - TopicsExpress



          

ALGUMAS OUTRAS "VERDADES" SOBRE NOSSO VIZINHO URUGUAY QUE A GLOBO NÃO FALA A Cepal (Comissão Econômica para a América Latina e Caribe), uma instituição “séria e profissional” – em cuja escola se formaram muitos dos economistas que hoje administram o país – não compartilha o absurdo de Mujica. Apesar de reconhecer os “avanços” conquistados nos últimos anos é mais tacanha na hora de classificar o Uruguai: o país “menos desigual” do “continente mais desigual do mundo (12). Apenas, diríamos, um desempenho medíocre. Mesmo comparando com a catástrofe social da vizinhança, não é só a classificação da Cepal que incomoda. Diferentes informes aterrissam em uma realidade que nos aproxima do “continente mais desigual do mundo”. Ou pior: do temido “inferno africano”. Um estudo do Instituto de Ciência Política da Faculdade de Ciências Sociais conclui que a “classe média baixa” (categoria denominada pelo Banco Mundial) se encontra à beira do abismo (13). Quer dizer, as camadas sociais que “sem ser necessariamente pobres” compartilham a maioria das “necessidades básicas insatisfeitas” que têm as pessoas classificadas em condição de pobreza. Em termos de renda, emprego, moradia e educação, a linha divisória entre ambos os grupos é apenas tênue. Aos 460.000 pobres do núcleo duro que se registravam em 2011 (14), deve-se agregar mais 370.000 em “risco de pobreza”, que “em qualquer ciclo que comece a baixar o PIB ou em qualquer etapa de fragilidade econômica” podem cair rumo à escala social mais baixa (15). A soma é uma duríssima fotografia: 24% da população total do país. Bastante mais que os 13% que nos contam as estatísticas oficiais. O Anuário Estatístico 2001 – divulgado pelo Ministério da Educação e Cultura em 26 de dezembro de 2012 – é outra demonstração. Confirma a crise de um sistema que, supostamente, contribuiria – segundo o progressismo – para fechar a ferida social. O Anuário indica que 50,3% das pessoas das camadas mais ricas da sociedade completam o terceiro grau; 60% das pessoas das camadas mais baixas não completam o primário. Essa “desigualdade simétrica” entre ricos e pobres representa um mapa indicativo da “desigualdade educativa” que depois se traduz em analfabetismo funcional e precariedade laboral. De acordo com os dados oficias, 38% dos jovens de 15 a 20 anos de idade não frequentam nenhum estabelecimento educacional. Sete de cada dez desses jovens pertencem a “lares de baixos recursos”. Com dados de 2009, a Unicef colocava a taxa de “repetição global” da Administração Nacional da Educação Pública em 19%. O índice superava até países da África Subsaariana, como Tanzânia, Zâmbia, Camarões e Burkina Faso. O Anuário Estatístico da Educação 2011 atualizou os registros: a repetição do Ensino Médio (1º ao 3º anos) teve um aumento: de 27,8% em 2010 para 29,6% em 2011. Apesar dos “bons resultados entre os estudantes”, o índice de “repetição global” do sistema educativo uruguaio é um dos dez mais elevados do mundo. Recorrendo à memória, em seu discurso de posse, em 1º de março de 2010, Mujica havia anunciado as três prioridades, imediatas, de sua administração: “educação, educação e educação”. A crise social tem outras caras: a gravidez adolescente é uma das mais dramáticas: subiu a 16% dos nascimentos. São cerca de 7800 mães, ou crianças-mães, de 10 a 19 anos em aproximadamente 50000 nascimentos anuais. Sete de cada dez delas pertencem a famílias pobres. Em 2010, foi 14,8%. Os dados de 2011 ainda não são completos. De acordo com o informe “Estado da População Mundial de 2012”, do Fundo de Populações das Nações Unidas (UNFPA, na sigla em inglês), o Uruguai tem uma taxa de gravidez adolescente acima da média mundial. A taxa de mulheres grávidas entre 15 e 19 anos é de 60 pra cada 1000; a média mundial é de 49 pra 1000. De fato, o Uruguai apresenta uma taxa próxima a de um país destruído, como o Sudão (70), duplica a do Reino Unido (25) e é quatro vezes superior à da Espanha (13). Esses “números objetivos” desmentem, categoricamente, os mitos que realimentam o discurso oficial: a existência de uma “mobilidade social” baseada na “inclusão de setores vulneráveis”, em uma “ampliação da classe média” e, principalmente, em uma maior “igualdade de oportunidades”.
Posted on: Sat, 06 Jul 2013 03:23:34 +0000

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