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AMIGOS SOCIALISTAS, LIBERAIS E AMANTES DESTA PÁGINA – SÉRIE MINHAS REFLEXÕES - O PENSAMENTO DE FERNANDO HENRIQUE CARDOSO. ADEMÁRIO ALVES POR ADEMÁRIO ALVES TEXTO II O PENSAMENTO DE FERNANDO HENRIQUE CARDOSO: O ESTADO CAPITALISTA EM FERNANDO HENRIQUE CARDOSO. Ademário Alves O professor Fernando Henrique Cardoso apresenta, em suas análises mais extenuantes, diferentes pontos de vista e reflexões a cerca do Estado. É possível perceber nas obras do sociólogo que algumas abordagens vão adquirindo e ganhando consistência ao logo de quase meio século de intensa atividade e vida intelectual. Cardoso enxerga estética e majoritariamente os acontecimentos de seu tempo com um refinamento teórico que o faz dele um estudioso adequado às mudanças de seu tempo. Concorde-se ou não. Assim, tudo permanece aparentemente estável quando o seu pensamento irrompe a calmaria aparente dos mares dos tempos em ebulição. Da mesma forma que não se espera o vulcão entrar em erupção, não se pode esperar em que momento as suas obras vão dar conta de tudo. Com essa preocupação em sua metodologia exposta, ele recusa os indícios históricos dos erros políticos na composição do Estado capitalista. Contrário à ampliação da cena participativa de partidos antirrepublicanos sem representação alguma, Fernando Henrique Cardoso dialoga com o passado quando pressente a necessidade de rever os pressupostos ideológicos do Estado capitalista. Para o sociólogo da Universidade São Paulo, a realidade movimenta as ideias. O professor e o sociólogo não enxergam com motivação a fragmentação politica das ideias republicanas. Para ele, isto pode interferir negativamente na condução do aparelho do Estado. Nesse sentido, Cardoso deixa a atender que a arena politica é o movimento da arena institucional por onde percorrem os trilhos e ás águas do Estado capitalista. As ideias e, através delas, as políticas partidárias infiltram-se nos interesses do Estado e este, precisando dialogar com a sociedade politica, representável ou não pelo aparato da democracia e por agremiações diversas, reflete as exigências politicas e históricas mais contraditórias possíveis. É neste momento de sua passagem intelectual, que as ideias do sociólogo divergem da afirmação e do movimento daquelas ideias que fundamentaram o pensamento de Getúlio Vargas compõem as bases do populismo latino-americano. É possível ainda fazer notar que ao longo de sua vida intelectual, as produções vão se confirmando na medida em que o movimento político, que sustenta as ideias originárias, vai-se constituindo e se configurando numa nova face: o Estado capitalista, agora se metamorfoseando para atender aos interesses diversos, clamados nas praças da república, revigora-se. Dessa forma, seja no grito de 13 de maio, seja nos clamores do Mosteiro São Bento, Fernando Henrique Cardoso pondera que esses oxigênios fazem do Estado uma ordem jurídica e política inconciliável com determinados interesses. É interessante fazer-se observar que em Cardoso o Estado capitalista pode querer destruir, por força das contingências da composição da sociedade politica, o próprio Estado capitalista. Ele é o primeiro que, tecnicamente, observa isto. O Estado capitalista para se modernizar precisa ser menos burocrático. Mas é a burocracia que o torna imutável e renovável as faces duplas do Estado. Ora ela anula o discurso de renovação de suas instâncias, ora ela simplesmente caminha em direção a uma ruptura aparente. Tudo é um risco. Um risco aparente. Por conta das forças politicas, que abocanham os instrumentos necessários à instauração política dos meios econômicos necessários também, precisa-se de um discurso modernizador, todavia, para as modernizações em curso, as instâncias políticas freiam as aquisições das praças públicas. O Estado se movimenta nesta dialética. Em Cardoso, não é aconselhável e prudente falar em uma modernização singular, ainda que esta seja ampla e burocrática, mas entender que a amplitude das mudanças se desenha dentro da esfera politica e não histórica. A modernização não é ampla e irrestrita, mas uma diversidade de ações que cumpre resolver cada problema de ordem e denominação histórica. É por isso que a palavra no plural esteticamente se aproxima das instâncias de seu pensamento. É por isso também que ele é negligenciado por algumas correntes de centro e de esquerda. Para as correntes de direita, Fernando Henrique Cardoso fornece apenas as metodologias politicas para reformular o Estado capitalista. Para as correntes de esquerda, ele é um obstáculo prático e não teórico. O sociólogo e pensador poderiam dizer agora que os partidos de esquerda, com uma composição do Estado desta forma, apresentariam grandes dificuldades porque o alicerce de suas agendas politicas se faz através de um Estado que só se movimenta na arena ideológica, mas na arena politica comporta-se como uma montanha em terras geologicamente calmas. Isto é, sem direito de modificar-se por terremotos políticos de proporções inimagináveis. Se isto vier acontecer, é a convulsão social em andamento e os partidos de um modo em geral e, especificamente de centro e de esquerda, perdem a completa credibilidade. Cardoso não disse isto, mas poderia ter dito. Observa-se que no andamento de suas convicções, o sociólogo nos leva a pensar que as instituições vão também se fazendo ajustar-se ao tempo. Isto faz dele um autor novo a cada período histórico e a cada obstáculo politico e em cada circunstância narráveis. Assim, se o Estado for mais capitalista no sentido Weberiano ou menos capitalista, nas alucinações de Lukács (1971), as suas ideias vão se repatriando em consonância à origem daquelas suas abordagens políticas e burocráticas iniciais. Este quadro reflexivo moldura outra face do pensamento do sociólogo: redescobrem-se os obstáculos do Estado capitalista. Caso contrário, as ideias vão procurando se ajustar às circunstâncias políticas do contexto. Então, contrário aos pilares da república burocrático-burguesa Cardoso não vê o Estado capitalista afastado deste movimento. Ele é a continuação política dos interesses da sociedade política e não, necessariamente, da sociedade civil como pondera Bobbio. Isto há diferença em Cardoso, em Gramsci não. O pensamento de Fernando Henrique Cardoso não pressupõe uma superação definitiva, mas constantes reformas, afim de que se possam atingir os limites de uma compreensão política em relação á ordem jurídica absoluta. Dito de outra forma, chegar ao alcance da plenitude deste Estado, reformado e politicamente evolutivo, depende de concessões que a autoridade política precisa compor nos circunscritos períodos de instabilidades. Para Cardoso duas forças moldam as estruturas do Estado capitalista: a) uma interna, burocrática, conduzida pelos próprios agentes do Estado, e, b) a outra advém dos poderes gerados e alternados pelas instabilidades oriundas do campo políticos, das pressões sociais que fazem com que os atores sociais reivindiquem a cena política de uma suposta orientação democrática do Estado capitalista, se este o estiver nos limites republicanos. Cardoso, neste ponto, vê a burocracia como um risco perigoso e não propenso ás negligências econômicas. O riso é político e também econômico. O sociólogo observa ainda que ao Estado capitalista estaria concretizada uma plenitude no campo de sua consolidação visto que não haveria força que o destruísse. Para Cardoso, quanto ao não isolamento de suas funções, digamos econômicas, o Estado poderia ser gerido pelo antagonismo na medida em que de um lado restariam aos seus quadros adequá-los às exigências dos tempos contemporâneos, e de outro, observar o curso da história para aperfeiçoá-lo. A dinâmica da sociedade empurraria as decisões das autoridades estatais a dialogar com as possíveis forças que venham a garantir a sua perpetuação e consolidação ainda que em tempos e em escalas diferentes. Haveria um Estado capitalista de bases universais e, nele, outro estado que se fundamentaria nas características particulares de cada sociedade. Cardoso não fala de uma totalidade de um estado capitalista, mas de um conjunto de forças que se pulveriza em escalas distintas quando a realidade (para ele econômica) necessita do aparato desta ordem jurídica secular. O mercado estaria dentro destes limites na medida em que ele deslocaria a atenção para o todo, restando ao Estado propor a sua concretude no centro das relações que desenvolvem as funções políticas do mercado. É necessário prescrever que, numa sociedade em que a base econômica é a economia de mercado, o Estado capitalista correria tal risco. O teórico alerta também para o fato de que, afetado por todas as instâncias da sociedade, e, em todos os tempos destoantes, tendo suas influências redirecionadas a cada crise e a cada turbulência econômica, o Estado capitalista se movimentaria no poder da autoridade politica e nos limites de uma plenitude econômica no momento em que a livre iniciativa moldasse o próprio Estado aos seus centros de poderes constituídos pela aceitação e não aceitação de todos os atores sociais, manifestos na ágora política. Restariam não apenas os poderes decisórios, mas as forças politicas que comandassem as decisões do poder de fato. E o poder de fato é o poder do Estado. Nos idos limites destes tempos, capitalista. Seria o Estado capitalista, a partir deste momento, um conceito ontológico aqueles que o fossem referendada á vida em seus limites políticos? A existência jurídica do homem civil determina a existência civil do homem capitalista. A morte do homem civil é a morte também do homem capitalista. A não existência desse homem é autorizada pela existência de um poder estatal, que garanta a existência da morte civil do homem jurídico. Esta palavra é a pronúncia definitiva das vozes do Estado. Em nenhum momento de sua obra, Cardoso fala disso. Eu o encontro nesta encruzilhada política: o Estado pode ser, sim, nele, um conceito ontológico. Tudo é apenas um poder interpretativo das ideias do sociólogo politicamente de São Paulo. A sociologia de Fernando Henrique Cardoso é o que há de melhor no pensamento sociológico brasileiro. Ressalte-se que ao Estado capitalista sobrevive ainda a tal concretude politica plena. Para isso, deve-se haver as pressões sociais de todos os lados, de todos os credos e com todas as inspirações, catastróficas ou não, que ameacem destruí-lo e reoxigenar os poderes do Estado, reordenar a importância dos atores sociais e reorientar as decisões da autoridade política, constituída ou não, que se fizer autorizada no centro das turbulências econômicas e das instabilidades politicas refratárias das ruas e dos parlamentos. Cardoso observa que de forma alguma, a plenitude politica – se é que se pode falar nesta plenitude - seja algo completo, acabado, final. Ele conclama as forças para reorientar a sociedade a partir do Estado. É neste ponto que o pensamento de Cardoso colide com aquelas ideias que assaltam o Estado capitalista para norteá-lo ás circunstâncias políticas momentâneas e, momentaneamente, as ameaçam também a política necessária à estabilidade do tecido social. As políticas singulares, neste tempo, seriam aquelas que reeditariam a natureza social do Estado capitalista a partir de uma doutrina que rechaçasse todas as prerrogativas visuais do autoritarismo. Em Cardoso, não resta outra luz que não seja aquela que emite os raios da republicana democracia iluminista e seja capaz de redirecionar e colocar a sociedade em uma instabilidade perigosa. Neste ponto, Fernando Henrique Cardoso é antipopulista na essência teórica e na prática política. Nas inconstâncias reflexivas, sobrevive uma observação interessante: o sociólogo da Universidade de São Paulo pondera, neste momento, que o ideal seria atingido se o conjunto da sociedade pudesse entender o seu posicionamento histórico, politico e ideológico. Isto não acontece pela distorção que se faz da politica, através dos interesses infiltrados na arena partidária, mas pelos obstáculos que este Estado enfrenta internamente nos momentos de turbulências. Logo, compreender o Estado em Cardoso exige-se também que se possa compreender como se compõe a arena politica, como se comporta a república e como se consolida os princípios democráticos e federativos que regem, por exemplo, um país com as dimensões do Brasil. É claro que uma federação, sustentada por poucos partidos nacionais e numerosos partidos regionais, tem dificuldades quanta á restauração republicana e democrática do Estado. Ainda que este Estado seja capitalista. Quanto à república, vista como uma inspiração teórica e doutrinaria, Fernando Henrique Cardoso deixa a entender que ela (a república) precisa de reforma porque os sistemas, as instituições, as ideologias, o pensamento reflexivo, a seriedade, os conceitos, as categorias e a inconstância política também envelhecem. A ética e a moral não são as mesmas em seu pensamento. Não são coletivas, não são individuais, não são universais. São apenas humanas e se incorporam aos espíritos das instituições. No continuar de seus reflexivos detalhes sobre a natureza do Estado capitalista, especialmente ao olhar para o Brasil, Cardoso procura enxergar de que maneira e com quais instrumentos de controle ou não, o Estado capitalista de características lusitanas vai se compondo ao longo da história. Assim, de forma especial, entre os anos de 1960 e 1976, e, algumas outras abordagens, não necessariamente neste período, o sociólogo vai construindo o itinerário de seu pensamento que se pulveriza nas reflexões dos dias atuais. O Estado deixa de ser o mediador para ser executor nas instâncias que o afirmam capitalista, aí emergem duas outras faces: uma mediar as contingências e as reinvindicações, e, a outra, compor os quadros das alianças burocráticas que o fazem aprimorar e atenuar a consolidação das práticas republicanas e democráticas. Neste ponto, o pensamento de Fernando Henrique Cardoso dialoga com as autoridades constituídas nos limites políticos do Estado. Na prática isto seria possível se pudesse ser observado o governo dele quando, o politico Cardoso, tenderia a dialogar apenas com os ricos. As outras frações seriam refratárias apenas das sobras, entre elas, os pobres. Os partidos não. As ideias originárias, que compuseram parte de diferentes concepções do Estado e fizeram-se necessariamente mais atentas aos pormenores da realidade circunstanciada e tangenciada pelos acontecimentos políticos, não foram abandonadas, elas foram somente deslocadas de contexto. Para ser mais preciso, eu estou me referindo aos anos anteriores ao tempo em que o sociólogo foi presidente da república. Analisando o governo dele e as obras dele, sobretudo, as reflexões sobre o Estado pós-1978, ele nunca teria negado o que escreveu. Ainda que ele, possivelmente, o tenha dito. O Estado não é capitalista apenas porque se fez capitalista. O Estado são os deslocamentos de um conjunto de ideias que se tornam ou não fundamentais no tempo de sua afirmação. Em Cardoso, o mesmo Estado capitalista pode perfeitamente conviver com doutrinas estranhas às suas essências. Pode ser ambíguo e aceitar aquelas ideias que o destruam. Depende do contexto. Fernando Henrique Cardoso admite nos bastidores que a tal governabilidade, que ostenta e direciona os governos em países com as características do Brasil, torna o Estado obsoleto e para enfrentar isto, o próprio Estado se metamorfoseia e propõe reformas que não atendam somente à sociedade, mas às suas mobilidades no plano da história. É como se na composição histórica do Estado Capitalista, o sociólogo pudesse enxergar quais seriam aquelas distorções que levariam o Estado moderno aos primórdios do Estado autoritário. Neste espectro reflexivo é preciso considerar e reconsiderar os acirrados confrontos ideológicos do século XX, notadamente a guerra-fria, a exclusão de áreas do globo em que envolveriam países e até mesmo regiões. Cardoso nos lembra que as circunstâncias as quais demandam uma compreensão dos fenômenos previsíveis ou não da realidade são cercados e marcadamente influenciáveis na vida jurídica das instituições. O Estado, a macro instituição, não é imune as tais mudanças ou circunstâncias. A camuflagem politica serve apenas para esconder ou fazer triunfar as suas reais condições politicas e históricas. Fernando Henrique Cardoso não propõe a priori quais são aqueles degraus que ele sustenta ou se faz sustentar seus argumentos porque ao longo de suas reflexões, as incursões teóricas vão se fragmentando em pensamentos dispersos politicamente sobre determinadas noções de ideias que ele teria superado. Ora, a ponderação a cerca do Estado capitalista e dele as suas nuances políticas, os mercados e os atores sociais vão adquirindo uma camuflagem nova a depender de qual contexto se esteja falando. Para o caso típico do Brasil, Cardoso alitera dois grandes momentos que teoricamente ele não os escreve e os faz nas obras. Um é o estado capitalista nascente até Getúlio Vargas, a formação dos mercados, a superação de uma sociedade ainda com bases escravagistas, o outro, seria a acomodação aos tempos do presente das forças políticas oriundas do interior deste estado. As facções de funcionários públicos tenderiam a sabotar a modernização ao perceberem os fins de certos interesses de suas corporações. O Estado é inimigo do Estado. O Estado é corrupto. O Estado é capitaneado pelo poder das oligarquias, pela força do dinheiro das fazendas e pelo poder das corporações. Fernando Henrique Cardoso é o primeiro intelectual que faz essas observações mais explicativas possíveis. Outro ponto importante na sua diretiva sobre o estado capitalista, diria, que é o estado pós-Vargas, mas ainda com o seu peso politico eloquente. Superada as incursões do Estado entravado nos comportamentos oligárquicos – ainda que não superados completamente – vislumbra-se uma organização jurídica, uma ordem máxima capaz de redirecionar os intentos da sociedade. Neste caso especifico, a sociedade é a sociedade politica. É esta que vai dar as ordens finais e vai gerir o Estado capitalista. Um quarto e grande momento, eu diria que é mais burocrático. Cardoso procura enxergar as questões internas, inerentes ao formato deste estado capitalista, ainda que dentro do sistema- mundo, este prisma seja dificultado pela pouca luz das reflexões. As corporações de agentes estatais tendem a mudar e a corromper o poder do Estado. Deixando uma porta larga para a aceitação do autoritarismo medieval. O sistema-mundo não é completamente vívido em sua plenitude como aquelas economias da Europa ocidental. O sistema-mundo nutre-se muito deste Estado. É. Seria mais ou mesmos assim: para Cardoso o Estado tenderia a passar por um processo de adequação às exigências dos intentos da economia de mercado. Seria um Estado em andamento e em movimento com os desejos daquela sociedade politica que lhes atribui às diretivas teóricas e ideológicas. Este Estado ambíguo tenderia a se deslocar ora para o centro, ora para a esquerda através do populismo, ora para a extrema direita através dos conchavos, por exemplos, do capital internacional com a burguesia rural-urbana, que se industrializou a partir de São Paulo. Aquela burguesia que adora um latifúndio e entende a atividade econômica somente como um lucro desenfreado e mais nada. Esta vê nos partidos, exercício de sua arrogância. Fernando Henrique Cardoso é importante também quando procura descontruir a velha convicção de que a sociedade brasileira é uníssona em questões políticas. As outras reflexões, a cerca do comportamento político dos atores sociais, permanecem dissolvidas em seu pensamento como possibilidades. Permaneceram apenas no espectro das ideias do autor e de outras abordagens que ainda fizeram despertar um conjunto de reflexões, que se repousa contextualmente nas práticas políticas fisiológicas, que ainda hoje são elencadas. É assim: de Weber a Marx, em Cardoso, o que muda é o foco. As economias periféricas e, claro, as sociedades capitalistas. O sociólogo então se subscreve entre aqueles pensadores que não optam por seguir um caminho teórico a cerca do Estado apenas. Este caminho seria uma espécie de reflexão com um duplo corpo político e uma alma euclidiana, retilínea, cega e estéril. Não. Ele não o faz porque sabe que pode ser desmentido pelas circunstâncias, e, ele as persegue noutros tempos, noutras escalas e noutros conceitos. É por isso que o Estado em Fernando Henrique Cardoso é a priori muito difícil de ser compreendido pela inteligibilidade de suas abordagens. Às vezes, o teórico surpreende o sociólogo. No contexto em que as suas observações vão ganhando consistência mais política do que acadêmica, o teórico então não define e não deixe claramente exposto a intenção de seguir, reflexivamente, por qual caminho que lhe pareça conveniente do ponto de vista reflexivo, porque do ponto de vista político, o sociólogo sabe que as dimensões da autoridade política compõem o exercício da prática política e também das iniciativas téoricas que fundamentam seu pensamento politico do Estado capitalista. É necessário ressaltar que essas preocupações previsíveis, por exemplo, no livro autoritarismo e democracia, vão adquirindo corpo quando um conjunto de outras reflexões o põe numa encruzilhada teórica: de que forma falar do Estado e adjetivá-lo sem perder aquela originalidade de Weber e aquele pressuposto que se avizinha das observações de Touraine? Fernando Henrique Cardoso não explicaria isto. Isto é apenas com ele. Exaltar o Estado, tão somente como fizeram os pensadores burgueses, não seria o caminho trilhado por Cardoso. A ordem politica dominante vigente estaria nos limites de um embate que se repousaria sobre o Estado capitalista como o fundamento novo de uma ordem politica e jurídica restaurada. As ações de governos, ou mesmo aquelas reflexões mais progressistas o empurrariam a uma dianteira nova: é mesmo um Estado propenso ao autoritarismo? O Estado capitalista reflete o conjunto do político que se apodera de suas demandas. A burocracia é vista como uma forma de controle, porém que não seja capaz de deslocar ou mesmo abalar o tecido social. Assim, ficaria subtendido nas interpretações do autor, que a burocracia é o limite plausível e teoricamente sustentável de suas convicções mais á esquerda burguesa. Ora, tudo porque o sociólogo é levado a antecipar determinadas visões políticas por considerar os rumos políticos do capital político do Estado de bases capitalista. Tudo isto faz dele um autor espetacular. Faz-se necessário rever que do ponto de vista das reflexões políticas nas incursões teóricas, Cardoso não permite haver uma insegurança quanto ao Estado capitalista que tende a consolidar-se em países como o Brasil. Reconhece as dificuldades de obter determinadas vantagens econômicas em uma sociedade ainda que se encaminhe para a modernização. Ainda que instrumentalmente seja industrializada e amplamente consolidada em relação àqueles direitos amplos, mas com uma tradição autoritária. Todavia, no costume das reivindicações que se processam mais nas ruas do que nos parlamentos, o Brasil tende a caminhar para frente. O politico não vai conseguir emperrar o econômico ainda que a sensação seja, às vezes, o inverso. Os limites políticos desse tipo de sociedade não fariam politicamente enxergar o Estado como um modelo interpretativo que anule a livre iniciativa. Ela é apenas coautora das mudanças que se operam internamente nas instalações do Estado capitalista e burocraticamente moderno. É uma divisão difícil. Ele o faria isto se fossem por si mesmas consideradas as nuances apenas econômicas no rol de todas aquelas diretrizes históricas e irreconciliáveis com a manutenção das pressões sociais. Dessa forma, o sociólogo, outra vez, afirmaria isso, se fossem reconsideradas somente as diretrizes políticas de suas decisões econômicas. O Estado, neste prisma, é radicalmente ambíguo. Na medida e na forma pelo qual o teórico interpreta algumas temáticas de difícil discrição. A abordagem vai se anulando com a força histórica das incorreções. O pensamento é provado a rever-se, revendo-se encontra inadequado aos ajustes políticos visto que em algum momento a tomada de decisão e o simples conhecimento dos fatos implicam tomar e rever posições até mesmo desconfortáveis. Os governos tendem a aceitar as receitas das restrições econômicas, mesmo aqueles voltados para um discurso populista. É importante destacar que essas abordagens demandam, como é comum nas obras de Fernando Henrique Cardoso, de um caráter investigativo e minucioso dos universos políticos e econômicos. Assim, o campo de investigação que se faz plural ou não: tudo pode depender do viés interpretativo de quem a lida com o pensamento dele, do contexto que exige ou não rever fundamentos políticos, as incursões doutrinárias, as demandas políticas pelos campos epistemológicos e mesmo a antecipação dos fatos políticos relevantes no campo da vida econômica, demonstram parte destas preocupações. Estas incursões e interpretações, na obra de Cardoso, são presentes exatamente pelo abandono daquelas doutrinas ideológicas, ou mesmo meramente políticas, que, por vezes, obscurecem as reflexões. A questão é mais acentuada no campo teórico do que doutrinário. Os estudos sobre o Estado em Cardoso passam por este espectro. É preciso saber enxergá-los. O Estado é em Cardoso, o Estado Capitalista. Ora, sendo o Estado capitalista nas suas abordagens, todas as demais incursões a cerca do Estado não capitalista, ou mesmo do Estado capitalista em formação e execução, requerem antes observar como se fundamenta o espirito do Estado capitalista em áreas periféricas do Globo. Para Cardoso, as inconstâncias do capitalismo não são um fato a priori afastado das inconstâncias de sua natureza politica a partir do controle também politico. Isto se faz necessário, pois justificam as exceções no campo estritamente burocrático. Fernando Henrique Cardoso não deixa claro, mas prioriza que o Estado capitalista é basicamente um estado político e é exatamente na execução deste politico que as demais feições adentram em suas circunferências em várias passagens de suas abordagens. O Estado capitalista, em termos burocráticos, é a ordem jurídica ao longo de sua trajetória histórica. É a ordem que demanda da estabilidade política e das instabilidades econômicas. No caos prevalecem os poderes dos capitalistas ou das ideias que retirem o Estado de suas circunferências doutrinárias. Portanto, em Fernando Henrique Cardoso, o tempo se encarrega de desmentir os enunciados ou conformar os postulados mais rígidos e doutrinários. ADEMÁRIO ALVES 29.09.2013 TEXTO II - O PENSAMENTO DE FERNANDO HENRIQUE CARDOSO. O ESTADO CAPITALISTA EM FERNANDO HENRIQUE CARDOSO.
Posted on: Sun, 29 Sep 2013 15:11:49 +0000

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