Achei que depois que me acostumasse com os julgamentos alheios, seria mais fácil deconviver com tudo isso que me maltrata por dentro. Era isso que me fazia agüentar, a esperança que a dor amenizasse em algum momento. Eu consegui, enfim, ser forte e suportar aqueles olhares que eu, infelizmente, virei especialista, mas aí veio algo ainda pior, o meu próprio julgamento. A todo instante, eu me machuco, me magôo, me maltrato, me martirizo, e por inúmeras vezes, o coração dói tanto que eu não consigo nem distinguir se a dor é física ou literal. Dói tanto que pensar que é pro bem dele já não mais consola meu coração. Dói tanto que eu prefiro viver no modo automático da vida. Chorar dói. Rir dói. Viver dói. Dói em partes de mim que eu nunca nem pensei que tivesse uma terminação nervosa capaz de sentir dor. Dói tanto que é melhor responder “nada” porque responder que eu to sentindo dor só faz doer mais. Dói que eu não suporto mais falar sem chorar, que eu não suporto mais chorar, porque antes eu pensava que se eu chorasse, a dor ia cessando porque era uma forma de desabafo, mas ela, essa dor tão dolorida, não diminui, ela só cresce, aumenta, engrandece e me faz pequena, tão minúscula, que a dor toma conta do meu todo, e eu acabo sendo uma metade só de saudade e outra só de dor.
Posted on: Sat, 06 Jul 2013 02:40:08 +0000
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