Acho necessário que contemos nossas histórias: após - TopicsExpress



          

Acho necessário que contemos nossas histórias: após acompanharmos pacificamente a manifestação (com dúvidas, sem compreender completamente o que acontecia), eu, Angelica Freitas e Thiago Gallego fomos para um bar nas imediações da Lapa para acompanhar os desdobramentos pela TV e aguardar que o tráfego se regularizasse para que pudéssemos então voltar para casa... Em algum momento, uma correria levou as pessoas a cerrarem as portas de ferro do bar, era confuso, e todos permanecemos juntos, talvez ainda acreditando que bastava esperar o momento mais crítico do lado de fora passar para que pudéssemos retomar nossos trajetos. Em algum momento, lançaram bombas de gás na direção de onde estávamos. Eu estava no banheiro, quando saí, consegui encontrar com ambos, atingidos, tossíamos, escorríamos, lacrimejávamos. Demos as mãos, e subimos para Santa Teresa. A rua do Riachuelo, segundos antes lotada de cidadãos cientes de seu dever e que não representavam ameaças físicas ou morais a outrem, estava deserta, repleta de fumaça e gases supostamente usados para dispersar ~manifestantes~. Eu nunca temi tanto pela integridade física da minha pessoa e dos que estavam comigo. Demos as mãos, os três, e passo a passo, atravessamos Santa, descemos para o Catete e seguimos para o Flamengo, onde encontramos abrigo na casa da minha mãe. Durante todo o trajeto, presenciamos diversos tipos de veículos da Polícia passando rumo ao Centro, e com muitos policiais muito bem armados. Durante todo o trajeto, temi pela vida dos que não puderam fazer o que fizemos. Durante todo o trajeto, só pensava que precisávamos prosseguir passo a passo, mesmo com medo. Sei que nosso sofrimento pode não ter sido dos maiores, mas foi terrível, inexplicavelmente terrível, de modo absurdo e sem sentido, terrível. Contem suas histórias também, precisamos ler, nos ouvir, nos informar.
Posted on: Fri, 21 Jun 2013 03:23:20 +0000

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