Achou ter encontrado a hortelã. Arrancou alguns ramos. Seguiu - TopicsExpress



          

Achou ter encontrado a hortelã. Arrancou alguns ramos. Seguiu para a árvore de lima, logo em frente. Começou a colher as frutas. Ficou atento aos insetos, taturanas, algo a lhe picar. Tinha trauma de infância, das taturanas. Fora um moleque tão urbano, tão indoor, tão preso ao videogame, aos brinquedos, nunca desses que brincara na rua, no campo, subindo em árvores. Das únicas vezes em que subiu numa árvore, num verão primário, sentiu um estranho ardor no braço e se virou para ver o que era. Três taturanas verdes grudavam-se em seu braço. Ele gritou, paralisado, sem conseguir descer da árvore nem espanar as lagartas para longe. Seu primo, um galho mais alto, desceu da árvore e as arrancou com um pedaço de pau. “Para de gritar feito retardado,” caçoou, e continuou a subir. Ele desceu meio caindo da árvore, se esfolou todo, e nunca mais subiu. Talvez, depois disso, tenha tomado alguns choques elétricos nos equipamentos de som. Certamente depois disso tivera choques anafiláticos da má cocaína que boas almas lhe serviram. Mas disso não ficara trauma. Disso, ele nem se lembrava. (lembranças bucólicas de um junkie, no blog: santiagonazarian.blogspot)
Posted on: Sat, 20 Jul 2013 21:23:53 +0000

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