"Acordei cedo! Muito animado e bem disposto, fui até o curral para ver os colabores tirando o leite das vacas. Aquilo me satisfazia, eu ficava meio que "envolvido" com aquela situação. Não sei porque, pois eu era um homem da cidade, roça só em acampamentos e sem vivência com o dia-a-dia real de uma roça! Fiquei ali por vários minutos olhando e conversando com os vaqueiros. A sabedoria daquela gente era fantástica, pouca ou nenhuma instrução escolar, mas com uma sabedoria de vida de dar inveja a qualquer doutor da cidade grande! Aquilo, a conversa e troca de ideias com eles me fazia perceber a cada dia a magnífica força que a simplicidade tem! Não sei por quanto tempo exatamente fiquei por ali. Depois de algum tempo, com o dia mais claro, fui até o Haras. O seu Zé e os meninos já estavam por lá cuidando dos animais. cheguei e puxei conversa: - Bom dia pessoal! Eles me responderam amigavelmente e felizes como sempre! Seu Zé me chamou em particular e disse: - Dotô... é veldade que o coroné pode ficá sem movimentá as perna? Pensei um pouco e disse: - É verdade sim. O tiro que pensamos que tivesse sido no peito, foi nas costas e o impacto do tiro foi muito forte. Sabe, seu Zé, penso que devido ao acontecido, o coronel estar vivo é uma dádiva de Deus! Precisamos agradecer a Ele, pois o coronel não corre risco de morrer! Seu Zé então que estava de cabeça baixa me respondeu assim: - Dotô, sabe de uma coisa? Nóis tem é sorte du coroné c forti quinem um tôro! Sem eli aqui nóis num tava vivo mais de jeito ninhum. Têmu que rezá mês! ... Mais e o sinhô, vai vê a moça qui tevi aqui onti? O seu Zé foi tão direto que eu me assustei um pouco, mas como sabia que ele só queria o bem de todos, respondi sem rodeios. - Vou sim! Estou aguardando chegar pelo menos as 8 da manhã pra ligar pra ela. Provavelmente eu vou até o Haras dela e passarei o dia por lá! Estou muito nervoso e apreensivo seu Zé! O Homem então disse: - Ara, carece não sinhô! Si vê na cara da moça qui ela tá gamadinhazinha nu sinhô! Moça bunita e bem feiçuada! Inducada e filiz. O sinhô merece e eu acho que ela tamém! Vai sem medo! Vai dá tudo certim, o sinhô vai vê! Realmente sempre demonstramos, por mais que queiramos esconder, quando uma paixão esta acontecendo! Todos na fazenda já tinham notado a troca de olhares e a maneira como eu tratava a Cristina e ela a mim! Continuamos com os afazeres, quando deu a hora, seu Zé olhou pro sol e disse: - É dotô, acho que o sinhô já podi ligá pra moça! Olhei no relógio era 8 horas e 13 minutos! Fiquei mais uma vez pensando na sabedoria daquela gente. Agradeci a ele, despedi de todos e me encaminhei para a Sede da fazenda para ligar pra Cristina. O coração já estava descompassado!..." Pedro Francisco Armendariz - Educador e filósofo.
Posted on: Thu, 22 Aug 2013 00:12:36 +0000
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