Afirmar Setúbal - Voltar a Acreditar Estou hoje perplexo, com o - TopicsExpress



          

Afirmar Setúbal - Voltar a Acreditar Estou hoje perplexo, com o que se passou, com quem se passou, mas sobretudo com quem pensou e achou e no final…esqueceu. Hoje estou vencido, como se soubesse a verdade. Não consigo esconder a tristeza que me indigna, mas ao mesmo tempo me tranquiliza. Pois afinal é justa, é natural, tem razão de ser. Foi uma oportunidade única que não soubemos ou não quisemos aproveitar no passado dia 29 de Setembro em Setúbal. Pela primeira vez tivemos perante nós uma candidatura com muito mais para dar a este concelho do que a receber. Uma candidatura livre, aberta, positiva, renovada de ideias e de pessoas. Uma candidatura de futuro e com futuro. Pela primeira vez uma candidatura verdadeiramente diferente! Mas o que é diferente nem sempre é bem aceite, sobretudo quando os interesses, as pressões e os clientelismos particulares e, não raras vezes, obscuros, há muito que estão enraizados na sociedade local. Setúbal não se quis afirmar. Não quis mudar. Não está preparada, nem minimamente mentalizada para a revolução, para derrubar o muro, cada vez mais alto, que a separa do progresso e da modernidade. Ficou demonstrado que esta era uma candidatura demasiado arrojada e progressista para esta cidade e para este concelho. Quando assim é, a conclusão é simples, Setúbal tem, e continuará a ter, o que merece. Já esta candidatura, sem dúvida, que merece mais, muito mais, merece melhor, merece outro nível, outro horizonte, outra ambição. Setúbal decidiu, a abstenção venceu. Mas curiosamente foi um partido político, que festejou a vitória. Não deixa de ser, no mínimo, irónico que os abstencionistas, os que dizem que não votam conscientemente porque não acreditam, porque estão fartos, que é a sua forma de protesto contra os partidos e contra os políticos, obtenham um resultado histórico e depois deixem que sejam estes a reclamar a si todo o proveito quando apenas uma minoria cofia neles. E, como se isso já não bastasse, ainda, lhes vêm imputar a responsabilidade de resolver a situação e assumir as consequências da decisão que eles, abstencionistas, (não) tomaram. Para os representar, os partidos e os políticos não servem pois são todos iguais, mas depois só eles servem para tirar as devidas elações da abstenção e encontrar uma nova solução. Se me permitem a expressão: “Não bate a bota com a perdigotaâ€. Afinal de contas não votar é, tão somente, sinónimo de lavar as mãos como Pilatos! Dito isto, poderemos continuar a acreditar que a abstenção é a solução. Sobretudo os mais jovens, aqueles que pertencem à minha geração. Podemos ser muitos, podemos ser cada vez mais, poderemos até ser todos, mas, seguramente, nunca seremos alguém. Enquanto optarmos por negar aquele que é o direito mais soberano que temos e não percebermos que o voto é a arma mais poderosa que temos ao nosso dispor para responsabilizar aqueles que falharam connosco e com o nosso país, não iremos a lado algum, senão ao definhamento. Estaremos, apenas e só, a cravar mais pregos no caixão da democracia. A democracia pela qual a geração dos nossos pais e dos nossos avós, sonharam, pela qual lutaram e que conquistaram, para que pudéssemos ter o futuro que eles não tiveram, e que nós, egoistamente, estamos, pura e simplesmente, a subverter e rejeitar com o maior dos desprezos. É esta a nossa forma de lhes agradecer? Sei também que para muitos a única solução está na independência face aos partidos políticos. Assim o evidencia a vitória de um número significativo de candidatos independentes nesta últimas eleições, um claro sinal de que os cidadãos se conseguem afirmar fora do quadro partidário. E ainda bem, pois felizmente também há vida para além dos partidos. Mas não há só agora. Já havia e continuará a haver, embora já seja hábito só acordarmos para a realidade nos momentos de maior dificuldade. Mas não nos podemos deixar iludir pela ascensão e pela promoção mediatizadas desta carreira politica alternativa. A mensagem que tentam passar hoje às novas gerações é a de que, porventura, o único valor político seguro e credível do futuro é, tão somente, a independência partidária. Tudo e todos que recaiam na esfera político-partidária devem ser sempre vistos com descrédito e com desconfiança, pois apenas personificam os vícios e os podres da sociedade. A opinião pública, sobretudo a mais mediatizada, tem também a sua quota de apoio e cobertura a esta carreira política alternativa, vista como a única solução para salvar a face de um país profundamente desacreditado e descredibilizado politicamente. Todavia, esquecemo-nos que quando queremos reduzir o que quer que seja a uma só solução ou a uma só alternativa, já não estamos a falar de uma democracia, senão de uma ditadura. A importância do valor da independência é inegável. Mas a independência que se pretende conquistar enquanto valor político não tem, nem pode estar, exclusivamente, ligada ao facto de se ser ou não militante partidário. Mas, mais do que isso, não pode, jamais, ser feita à custa do menosprezo e da descredibilização de quem consciente e livremente, optou pelo caminho mais difícil, o da militância partidária, sujeito às pressões dos seus pares, com o intuito de renovar um sistema que, sem dúvida, se encontra viciado. Precisamos, inquestionavelmente, de independência. Mas de que nos serve a independência partidária quando assistimos de braços cruzados à fata de independência face aos interesses económicos e financeiros, face aos clientelismos privados e face às tentativas de instrumentalização de órgãos e meios de comunicação social? Não há vitórias morais. Mas há, inegavelmente, lembranças e recordações intemporais que a história e a memória jamais apagarão. Por isso expresso a minha gratidão a todos os que directa ou indirectamente contribuíram e se empenharam na afirmação desta candidatura. Desde os independentes, aos militantes e simpatizantes socialistas que deram a cara por esta candidatura, a todos fica o meu reconhecido agradecimento. Mais do que sonhar a candidatura autárquica Afirmar Setúbal conseguiu que muitos voltassem a acreditar que a mudança era realmente possível. Era preciso acreditar. Eu voltei a acreditar. E, acima de tudo, continuo a acreditar. Porque como diz o poeta: “Chegamos? Não chegamos? Haja ou não haja frutos, pelo sonho é que vamos. Basta a fé no que temos, basta a esperança naquilo que talvez não teremos.†Quando acredito nas causas e nos projectos vou até ao fim por eles, aconteça o que acontecer. Se me pedem o meu contributo e depositam confiança em mim não hesitarei. Darei tudo o que tenha e não tenha. E, se for preciso, darei ainda mais. E se, mesmo assim, não for suficiente, darei, ainda e sempre, mais e mais. Porque sei que a minha geração não pode falhar, não tem esse direito. A geração dos meus pais e a geração dos meus avós depositaram na minha geração, a geração de Abril, a esperança de um futuro que gostariam de ter tido e não puderam ter. Deram-nos o melhor que tinham e que podiam para que nada nos faltasse. Graças a eles somos a geração mais bem qualificada de sempre. Todavia, chegados ao momento presente o mais importante continua a faltar. A oportunidade de mostrar o que valemos, a oportunidade de mostrar que a aposta que fizeram em nós valeu e valerá a pena. A oportunidade que nos permita, pela primeira vez, dizer que chegou a nossa vez. Setúbal não nos deu essa oportunidade. Acredito que o nosso país o fará em breve. Porque afinal, como diz o poeta “sempre há terra que colha um Ribeiro a despertarâ€. Terra fértil, cujas sementes começam a germinar e que em breve darão frutos. Por isso acredito e estou convicto que o “Afirmar Setúbal†de hoje, será o “Afirmar Portugal†de amanhã! O Afirmar Portugal segundo o ideal socialista: “Para todos, riqueza, para todos, igualdade, para todos, luz!†Vasco Gonçalves Militante da Juventude Socialista de Setúbal
Posted on: Wed, 02 Oct 2013 21:11:52 +0000

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