Amar, afinal, é ir e vir, sempre. É deixar este buraco quando se - TopicsExpress



          

Amar, afinal, é ir e vir, sempre. É deixar este buraco quando se vai e não esperar pela volta certa e cronometrada. É por isso que as pessoas me deixam, absolutamente todas. É um vício, acho, o de abandonar. Porque eu também não consigo permanecer, aceitando toda essa avalanche, toda pressão exercida sobre mim. O mundo, na verdade, é uma bola bem pesada que me diz o que ser, o que ter e o que fazer. Talvez ninguém entenda que é como não ter ar para respirar, talvez ninguém compreenda o fato de pássaros nascerem livres e terem a necessidade de voar. Aqui não é o meu lugar, eu sussurro antes de dormir. Aqui não é a minha vida, aqui não é o meu lar. Amar, afinal, é sempre ir embora sem a esperança do reencontro, e eu sinto que jamais, nunca, em hipótese alguma, aqueles que foram voltarão inteiros. Eu também estou indo. É doloroso pensar nisso, e viver uma vida que não é sua, ir à faculdade, ver televisão, ouvir música, ler e fazer tudo, mas não ter nada. Ir e vir, sempre, com a consciência de que a dor está pior e que os dias estão minimizados e esmagam, me esmagam, me apertam, me sufocam. Todos estão tão felizes, que eu quase acredito que também nasci para ser feliz e que, possivelmente, esta será mais uma frustração no futuro. Todos amam esta beleza exterior, enquanto eu só sei ver o que há dentro. Todos geralmente sorriem e eu só choro porque o abraço não é forte e a verdade é engolida sem ser percebida. Ninguém, nunca, me foi inteiro; me foi de verdade; foi meu. Eu nunca tive ninguém, nunca, nunca pude abraçar alguém e dizer “você não me escapa mais”, porque, por mais que eu queira, partidas não dependem só de mim. E é disso que todos nós somos feitos: abandonos.
Posted on: Wed, 03 Jul 2013 13:25:10 +0000

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