Apos um longo período de reflexão sobre de que modo se pode - TopicsExpress



          

Apos um longo período de reflexão sobre de que modo se pode aproveitar melhor a estadia em Angola, pessoal e profissionalmente, parto mais uma vez. Aproveitei para estar com família, bons amigos, colegas, gentes e locais que já não via há muito tempo e que deixaram saudades, outras não tive oportunidade de ver nem estar com elas mas não ficaram esquecidas, e nem ficarão, porem nem sempre conseguimos fazer tudo do modo que queremos mas sim como tem que ser. Alem disso fizeram-se novas amizades e partilhei imensas ideias e experiencias. A vida é mesmo fantástica! Matei saudades da comida da mamã, que ainda agora me faz crescer agua na boca só de pensar e ainda falta tanto tempo para poder voltar a sentir aquele sabor… recuperar o peso perdido e repor algumas vitaminas e energia que me revitalizam para mais uma experiencia. O fato de ter apanhado paludismo e febre tifóide foi algo que me criou algum receio de voltar e pesa imenso na balança, será que vale a pena voltar? Não será a saúde e a nossa vitalidade mais importante que estar em Africa? Ou será que conseguirei permanecer, com alguma pintinha de sorte à mistura, por mais um tempo, tomando os devidos cuidados e alterando alguns hábitos? Sem duvida que sim, e por isso decido arriscar. Posso falar-vos do Paludismo, ou da Malária, que para mim são a mesma coisa mas ditas de modo diferente o Paludismo parece mais encantador e não tao maléfico. É uma das doenças mais receadas em Angola, transmitida pelo mosquito femea e a causa de morte de milhares de pessoas. Pensei que fosse brincadeira, mas não é, esta leva-nos a um estado caótico, que so tive noção quando comecei a cura, porque as dores de cabeça eram suportáveis, ate ao momento em que não e so ai decidi ir ao médico. É caso para alarme, dores de cabeça frequentes, arrepios de frio, sintomas gripais, diarreia, etc… Mal saíram os resultados dos exames, o medico decide internar-me, e eu apenas tenho tempo de ir a casa, almoçar um arroz de marisco acabado de fazer, e seguir para o hospital. (Falta ainda referir que ninguém se acreditava em mim, sabe-se la porquê)… Quatro dias de internamento, sintomas que teimavam em não desaparecer, muito sono e soro foram os companheiros da cura que felizmente acabou por acontecer, mas na semana seguinte uma recaída parecia indicar que ainda não estava bem e novos exames detectaram febre tifóide. Esta provem da agua e de alimentos mal lavados ou lavados com agua da torneira. Sinceramente não sei onde fui buscar esta, pois com a agua temos sempre bastante cuidado, porem, nos restaurantes pode não acontecer, ate mesmo no hospital, usando a agua da torneira para lavar os dentes e estando desidratado aumentam as probabilidades. Nada que uns comprimidos e descanso não curem e foi mais uma experiencia a juntar ao leque. Em Angola tive oportunidade de fazer mais algumas viagens, Luena, capital da provincia do Moxico, antes baptizada de Luso pelos colonizadores, fica a 1200Kms de Luanda e a viagem é realizada de avião. É uma cidade organizada, com um novo aeroporto para inaugurar em breve, usam ainda o antigo claro, equipado com tendas que fazem lembrar os médicos sem fronteiras, e baldes nos WS’c devido á falta de agua canalizada. O meu meio de transporte é o táxi, não de 4 mas de 2 rodas, por uns meros 100Kwanzas levam-nos para o destino seja ele curto ou longo. Na moradia em que fiquei alojado, e que tinha, aparentemente todas as condições, o deposito da agua estava vazio e so a noite conseguiria desfrutar de um bom banho, o que não assusta e passo o resto do dia a trabalhar tendo ainda tempo para visitar a cidade e alguns pontos de interesse, como o monumento da paz, fundado para comemorar a Libertação da Paz de Angola, uma enorme pomba branca da as boas vindas a quem passa. Sete ruas paralelas e sete ruas perpendiculares formam esta cidade que tem cerca de 21000 habitantes e as motas são o meio de transporte favorito, ar puro, limpa e calma, fresquinha e permitindo o uso de manga curta e calção, mostra que é receptiva e aparentemente segura para dar um passei a pé, ostentando a maquina fotográfica na mão direita. Ao lado da obra, uma menina brinca com as suas bonecas e ao ver-me passar diz “Ah, tu és preto como o boneco”, ao que eu sorrio e reparo que o Nenuco é mesmo branco! Á noite, quando anseio por um banho, o camião que vem encher o deposito chega a casa e enche o respectivo, mas a bomba de agua decide não trabalhar emanar um cheiro a queimado, e assim o cenário transforma-se. Parece desesperante, mas há 30 anos atras era assim em alguns sítios do nosso Portugal, e se calhar ainda hoje, tomava-se banho com bacias e agua ao natural, e eu pude concretizar essa experiencia durante 4 dias. Escusado será dizer que quando regressei a Luanda a primeira coisa a fazer foi apreciar um bom banho de água quente. E mesmo assim, Luena conquistou-me. Uns dias depois, visito a provincia do Cunene, onde aterro em Ondjiva, tendo feito escala em Huambo, Nova Lisboa. Saio as 6:40 Luanda, aterro as 7:40 no Huambo, e as 9:30 estamos em Ondjiva. Esta provincia faz fronteira com a Namibia, situa-se a 1600Kms de Luanda, e o meu destino é mesmo a fronteira com a Namibia, mais concretamente Santa Clara, que fica a 45Kms do Aeroporto local. Alugo um táxi, Toyota Corolla azul e branco, sem ar condicionado, suspensões a precisar de revisão ou porque não mandar o Toyota para a sucata? Mordomias à parte, a gentileza do taxista, Bruno, faz com que este conduza com uma mão enquanto ampara o tablier para que não caia nas minhas pernas, mantem o pe no acelerador não deixando baixar dos 80Kms/h e percorremos uma enorme estrada em obras, terra batida, poeira que impede a visibilidade a menos de 100m e camiões no sentido oposto com a mesma atitude. O meu coração pula, não com a vibração do carro, mas com o receio que me perturba. Ao chegar a Santa Clara, a policia avista o taxista mas este sendo mais esperto faz de conta que vai encostar para nos deixar e contorna a policia, que avisa o próximo via radio. O taxista para uns 300m mais a frente, deixa-nos sair e de repente olho para tras e vejo o policia com a mao dentro do táxi a tentar tirar a chave, o taxista a dar gas com a tração a derrapar metade em asfalto, metade em terra batida, a mao de policia no ar e um arranque desenfreado do taxista. Louco!!!! A vontade de fumar um cigarro surje, mas tinha ficado sem o isqueiro na escala em Huambo e curiosamente ninguém daquela terra tem um isqueiro. Pergunto ao segurança como me podia desenrascar enquanto comento que deveria talvez arranjar duas pedrinhas e fazer uma faísca, ao que este se desloca ao jardim e aponta para o chão perguntado “Estas servem?”. Time to work, e rápido porque a viajem de regresso é no próprio dia, não há mais para descobrir em Santa Clara e Ondjiva, e escusado sera dizer que o táxi de regresso não era muito melhor. A terra apresenta níveis visíveis de grande seca e sinceramente, não me conquista. Talvez numa próxima, com mais tempo e curiosidade o Cunene me surpreenda. Agora, o tão esperado dia surje, e preparo-me para Benguela. Dizem as mas línguas que quem vai não quer voltar, a ver vamos se é ou não assim. Levantar às 4 da manha para fazer 540Kms de jipe, com umas modestas 7 horas de viagem pode não ser um sonho, mas quando se trata desta viagem, por via terrestre, pode revelar-se muito interessante pela paisagem que vamos descobrir. Não temos a mínima ideia do estado da estrada mas imagino o pior, pois se Luanda, sendo a capital é como é, entre províncias não deve ser melhor. Ainda é noite cerrada e a viagem faz-se nas calmas pois não há pressa, apenas uma enorme curiosidade e vontade de novas experiencias. O 1º Posto de Controlo, típico destas deslocações situa-se na Barra do Kwanza, onde pagamos uma portagem de 210Kz e logo à frente a Policia intervem, em vão pois esta tudo legal, ou aparenta. Prosseguimos viagem e estamos a 180Km de Porto Amboim, 482Km de Lobito, chega a alvorada e assim já podemos deliciar-nos com a paisagem. Mais um cenário tipicamente alentejano, capim alto e seco, tons de castanho claro, catos tipo cowboy como podemos ver nas series do Lucky Lucke, palmeiras, coqueiros e bananeiras dão-nos os bons dias. As crianças juntam-se na berma da estrada vestidas de bata branca e um sorriso nos lábios, pedindo boleia para ir até à escola que imagino que seja bem longe. As aldeias ficam muito distante umas das outras, as moradias das aldeias são da cor da terra, com telhados de colmo ou chapa e fazem lembrar épocas primitivas. A estrada é alcatroada em todo o seu percurso mas a 120Km/h sente-se um enorme turbilhão e faz uma bela massagem nas costas. São retas enormes, estilo ondulado onde se perde o campo de visão, marcadas pelos pneus que relembram grandes travagens e acidentes. A quantidade de carroçarias queimadas também lembra para ter cuidado na condução. Ao longo da viagem avista-se varias vezes o mar, pois é pela costa que estamos a andar, umas cabanas aqui, outras ali, um bando de pássaros, uma manada… Deixamos varias terrinhas para tras, chegamos ao Sumbe, e continuamos viagem até Lobito e destino final, Benguela. É uma cidade calma, transito fluente e com muitos carros também, pessoas calmas, limpa e organizada. Uma arquitectura caracterizada pelo domínio dos portugueses em tempo colonial. A presença de portugueses é também notável, há muitos e repara-se pela assiduidade nos restaurantes e na rua. O Hotel onde pernoito chama-se Luso, e dai a minha preferência que não me desilude. Em Benguela, aparentemente, pelo tempo reduzido que passei, revela-se encantadora, com um custo de vida mais reduzido, mas pouco, mas com uma qualidade de vida completamente diferente de Luanda e talvez seja o motivo da preferência de muita gente. É famosa pelas praias, a Baia Azul, entre outros. Não tive tempo de ir a praia mas com certeza que voltarei para desfrutar com toda a garra desta cidade. No regresso os mercados estão a abarrotar de fruta e um cheirinho bom, procuro ananás e côco mas côco nem vê-lo, as mulheres perguntam “Troco?” eu “Não, côco, palmeiras” fazendo o movimento com o braços como sendo redondo, as mulheres “Ahh, Banana?”…. Siga para Luanda! Luanda revela-se uma cidade Caos, onde tudo acontece a qualquer hora, em qualquer momento, em qualquer lado, e as províncias calmas e tranquilas que, se o tempo permitir o desenvolvimento, serão óptimos locais para viver e desfrutar de Angola. Para já vão sendo um óptimos retiros que deixa saudades. Luanda absorve-nos no transito, nas longas filas, na espera, mas também nos presenteia com belos edifícios, hotéis e restaurantes, e a Baia, que ganha magia à noite. A noite é agitada, as pessoas saem, convivem, respiram, conhecem-se, vivem e dançam até de manhã, e o amanhã é sempre uma surpresa. Remember, já dizia o Leonardo Di Caprio em Diamante de Sangue, TIA (This is Africa)!
Posted on: Thu, 18 Jul 2013 23:02:26 +0000

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